Uma nova frente de combate entre os grupos extremistas e o Exército da Síria foi aberta nesta terça-feira (03/12), segundo relata a SANA (agência oficial de notícias do país).
Até a última segunda-feira (02/12), as Forças Armadas da Síria, com o apoio de “forças auxiliares”, como o apoio da Rússia, Irã e milícias do Iraque, enfrentavam os extremistas nas províncias de Idlib (noroeste), Hama (centro) e Aleppo (norte). Agora, combates também são relatados em várias localidades no norte da província de Deir Ezzor, no leste.
De acordo com a agência de notícias síria, o ataque repelido que levou a dezenas de baixas dos extremistas foi lançado “por terroristas do chamado “Conselho Militar de Deir Ezzor”, afiliado à milícia separatista Forças Democráticas da Síria (SDF)”, liderada pelos curdos e contrária ao governo do presidente Bashar Al Assad.
Enquanto isso, os ataques contra os extremistas em Idlib prosseguem, eliminando e ferindo combatentes dos grupos e destruindo seus veículos e armas. As unidades do exército sírio também estão envolvidas em confrontos ao norte e a oeste da cidade de Khattab, no noroeste da província de Hama.
Segundo os relatos da imprensa local, as Forças Armadas estão trabalhando para fortalecer as linhas defensivas e de apoio em Hama, em preparação para o início de um contra-ataque contra organizações terroristas naquela região.
Já em Damasco e Aleppo, principal foco dos ataques extremistas, a agência russa RIA Novosti publicou imagens de um bombardeio da força aérea síria que destruiu um sistema de lançamento de vários mísseis e eliminou um grupo de membros do grupo terrorista Frente Al-Nousra na rodovia Aleppo-Damasco.
Os combates são possibilitados pela utilização de aviões caça da Síria e da Rússia, que declarou na última segunda-feira (02/12) apoio incondicional a Damasco.
Além da Rússia, o Irã reafirmou o seu compromisso para cooperar com a Síria face à recente ofensiva terrorista dos grupos armados por meio de uma conversa entre o presidente Masoud Pezeshkian e Bashar Al Assad. Na ligação, ambos os líderes acusaram os Estados Unidos e Israel de tentarem fragmentar a região e redesenhar os mapas para beneficiar os seus próprios interesses.
Após a acusação, a polícia da capital síria informou à SANA que um ataque israelense destruiu um veículo na estrada para o Aeroporto Internacional de Damasco.
Contexto
Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, é alvo de ataques de grupos armados que, segundo organização de direitos humanos que atua no país, tomaram totalmente o controle do local. O conflito, que escalou desde a última sexta-feira (29/11), marca uma nova etapa de uma guerra civil em andamento desde 2011.
As milícias que atacaram a cidade são contrárias ao governo do presidente Bashar al-Assad. Os grupos tinham sido expulsos de Aleppo entre 2016 e 2017 pelas forças governistas, que contam com apoio do Irã e da Rússia.
Segundo a organização Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR, na sigla em inglês), citada pela agência de notícias AFP, o ataque foi realizado pelo grupo Hayat Tahrir al Sham, vinculado à Al-Qaeda, com apoio de outras facções rebeldes aliadas.
O SOHR contabiliza mais de 320 mortes desde o início da ofensiva, sendo ao menos 104 civis, incluindo 27 crianças e nove mulheres. Esta é a primeira vez que Aleppo saiu do controle do regime sírio, segundo a organização.
Entre os locais tomados pelos rebeldes estão o aeroporto da cidade e o consulado do Irã. Em comunicados divulgados por seus dirigentes, os rebeldes confirmam a ofensiva. Um dos grupos envolvidos afirma que a ação foi facilitada devido a baixas militares das forças apoiadas pelo Irã em meio a conflitos com Israel.
A Rússia respondeu aos ataques rebeldes com o primeiro bombardeio realizado em território Sírio desde 2016. O Kremlin informou que os caças atingiram integrantes dos grupos armados e arsenais.
A guerra civil na Síria não registrava confrontos nesse nível desde 2020, quando foi assinado um cessar-fogo com anuência da Rússia e da Turquia (que apoia parte dos grupos rebeldes). O governo turco pediu, agora, que os ataques sejam interrompidos.
Os episódios tiveram reações, também, de países do Ocidente (opositores de Al-Assad), como a França, que pediu uma trégua; e os Estados Unidos, que afirmaram que a perda do controle de Aleppo aconteceu devido à “dependência” síria da Rússia e do Irã.
(*) Com SANA, Brasil de Fato, TASS e TeleSUR