Irã afirma que ofensiva de Israel é ‘golpe fatal’ contra acordos nucleares
Segundo autoridade de Teerã, EUA cooperaram com ataques de Tel Aviv, o que tornou negociação sobre programa nuclear ‘praticamente sem sentido’
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmaeil Baqaei, alertou nesta segunda-feira (16/06) que os ataques de Israel são “um golpe fatal para o sistema de não proliferação nuclear e para o direito internacional”.
Ao defender que a agressão israelense não tem justificativa, a autoridade iraniana afirmou que o programa nuclear de seu país é o único no mundo cuja legitimidade foi confirmada por uma resolução sob o Capítulo VII da Carta da ONU.
“Um programa tão pacífico foi atacado por um regime que possui armas nucleares”, declarou. “O programa nuclear do Irã está vivo”, declarou ainda o porta-voz, enfatizando que os direitos nucleares do Irã, legitimados pela Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, não podem ser retirados por nenhuma organização.
Segundo Baqaei, o programa nuclear do Irã é apenas uma desculpa para o regime israelense “criar o caos e enfraquecer todos os países” do Oriente Médio.
Baqaei disse que esta guerra, lançada “por uma entidade de ocupação e apartheid”, não é apenas contra o Irã, mas contra a civilização humana. “Esta guerra é contra a Carta das Nações Unidas, contra o Estado de Direito e contra todos os valores pelos quais a humanidade lutou”, enfatizou.
Acordo nuclear com os EUA
O ataque de Israel contra o Irã foi iniciado na última sexta-feira (13/06), dois dias antes de uma nova rodada de negociações entre Teerã e Washington no âmbito de um acordo em relação ao programa nuclear iraniano.
Antes mesmo do início da ofensiva, as autoridades iranianas “já haviam alertado que qualquer ação militar errada atrairia uma resposta firme e definitiva do Irã”, segundo informou a agência de notícias iraniana Tasnim.
Neste contexto, Baqaei voltou a afirmar que o governo norte-americano faz parte da agressão israelense contra o Irã. Segundo a autoridade, a ação de Tel Aviv não teria sido realizada sem a coordenação e cooperação dos Estados Unidos, o que tornou o processo diplomático para o acordo nuclear “praticamente sem sentido”.

Ataque de Israel contra Irã foi iniciado dois dias antes de nova rodada de negociações entre Teerã e Washington para acordo em relação ao programa nuclear iraniano
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Os Estados Unidos, que não conseguiram adotar uma posição clara na negociação, se tornaram parte da “violação da lei e agressão” de Israel, denunciou ainda.
Baqaei ainda criticou os EUA e os países ocidentais por seu apoio financeiro e militar a Israel, dizendo que seu “apoio total e a imunidade à punição o encorajaram a cometer crimes, ameaçando a paz e a segurança regional e global”.
“Gostaria de informar a todos que não devemos esquecer os crimes que ocorrem na Cisjordânia e em Gaza, ainda sob ocupação do regime israelense”, disse.
“Matar crianças é hobby” de Israel
Observando que Israel atacou áreas residenciais e instalações nucleares pacíficas no Irã, Baqaei disse que essas ações violam todas as normas e regras internacionais.
Mostrando fotos de algumas das vítimas, o porta-voz deu o exemplo de Ehsan Eshraqi, cidadão iraniano “que costumava ir trabalhar todas as manhãs após comer pão fresco e dar um beijo na testa da filha, mas um míssil caiu bem no coração de suas vidas”.
“Ehsan e sua filha não tinham uma bomba nuclear e não eram uma ameaça para ninguém”, acrescentou.
O porta-voz mencionou outra criança, Mohammad Mehdi Amini, dizendo que o menino iraniano, que amava taekwondo, deixou seus sonhos nos escombros. “Matar crianças é simplesmente um hobby do regime israelense”, disse ele.
Baqaei assegurou que o Irã continuará se defendendo com todas as suas forças contra “a agressão do regime de ocupação mais perverso”.
(*) Com Irna e Tasnim