Irã está comprometido com diplomacia, mas continuará enriquecimento de Urânio, afirma autoridade
Vice-ministro das Relações Exteriores iraniano declarou que EUA ‘precisará convencer’ Teerã de que ‘não usará força militar’ em eventuais futuras negociações
O Irã continua comprometido com a diplomacia, apesar da agressão dos Estados Unidos contra suas instalações nucleares, declarou o vice-ministro das Relações Exteriores, Majid Takht-Ravanchi, nesta quinta-feira (03/07).
Em entrevista à NBC News em Teerã, Takht-Ravanchi disse que os EUA infligiram “sérios danos” à infraestrutura nuclear do Irã durante o “ato de agressão flagrante” em 21 de junho, mas que seu país continuará a enriquecer urânio.
A autoridade reiterou a posição do Irã de que não busca armas nucleares e, como signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), mantém o direito de enriquecer urânio para fins pacíficos.
“Nossa política em relação ao enriquecimento não mudou”, disse Takht-Ravanchi. “O Irã tem todo o direito de realizar enriquecimento em seu território. A única coisa que precisamos observar é não partir para a militarização.”
O vice-ministro ainda acrescentou que “o Irã está pronto para se envolver com outros para discutir o escopo, o nível e a capacidade do programa de enriquecimento”.
Sobre retaliação aos ataques norte-americanos, o vice-ministro afirmou que seu país não buscará novas retaliações contra Washington, a menos que novos ataques ocorram. “Enquanto não houver nenhum ato de agressão sendo perpetrado pelos Estados Unidos contra nós, não responderemos novamente”.

Segurança de que EUA não atacarão Teerã durante negociações é “elemento essencial” afirmou vice-ministro iraniano
Tasnim News Agency
No entanto, questionou como Teerã pode “confiar nos norte-americanos?”, uma vez que os ataques foram perpetrados durante as negociações para um acordo nuclear. “Queremos que eles expliquem por que nos enganaram, por que tomaram uma atitude tão flagrante contra o nosso povo”.
“Somos a favor da diplomacia. Somos a favor do diálogo. Mas o governo norte-americano precisa nos convencer de que não usará força militar enquanto estivermos negociando. Esse é um elemento essencial para que nossa liderança esteja em posição de decidir sobre a futura rodada de negociações”, reiterou.
Com um ataque a mísseis a uma instalação militar americana no Catar, Teerã respondeu a ofensiva dos EUA em 23 de junho. O ataque provocou interrupções de voos perto de Doha, nos Emirados Árabes Unidos, mas não causou vítimas.
O ataque dos EUA ocorreu após as agressões israelenses em 12 de junho, que mataram dezenas de oficiais militares e cientistas iranianos, além de quase 1.000 civis, incluindo 38 crianças.
Em retaliação, mísseis iranianos atingiram Tel Aviv e outras cidades israelenses, deixando 38 colonos mortos, de acordo com autoridades israelenses.
A escala de violência ocorreu em meio às discussões nucleares em andamento entre o Irã e o governo Trump, negociações que já haviam sido prejudicadas pela retirada de Washington do acordo nuclear de 2015.
(*) Com Tasnim News Agency