Irã expressa 'sérias dúvidas' sobre compromisso de Israel com cessar-fogo
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iraniano garantiu responder 'com força' caso Tel Aviv viole acordo e retome agressões a Teerã
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iraniano, Abdolrahim Mousavi, afirmou neste domingo (29/06) que Teerã não está convencido de que Israel “honrará seu compromisso” sobre o cessar-fogo que entrou em vigor nesta semana, interrompendo a guerra iniciada em 13 de junho. Ele também assegurou prontidão do regime iraniano em caso de nova agressão por parte do regime sionista.
“Não começamos a guerra, mas respondemos ao agressor com todas as nossas forças, e como temos sérias dúvidas sobre o cumprimento do inimigo com seus compromissos, incluindo o cessar-fogo, estamos prontos para responder com força”, disse Mousavi em conversa telefônica com o ministro da Defesa da Arábia Saudita, Khalid bin Salman Al Sa, de acordo com a agência Tasnim.
O principal comandante iraniano destacou que os atos de agressão partiram dos norte-americanos e dos israelenses, enquanto Teerã “mostrou autocontrole” no tempo em que se avançavam as negociações nucleares indiretas com Washington. A primeira ofensiva israelense foi lançada dois dias antes de uma nova rodada de conversações sobre o programa nuclear iraniano em Omã.
Na conversa, insistiu que não desistirá de seu programa de enriquecimento de urânio, uma vez que seu Parlamento concordou em acelerar uma proposta que efetivamente interromperia a cooperação do país com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), coordenada pelas Nações Unidas (ONU), que monitora o programa há anos.
O diálogo deste domingo abordou as questões bilaterais e regionais entre o Irã e a Arábia Saudita, além da guerra que recentemente teve uma trégua.
Por sua vez, o ministro da Defesa saudita reiterou que sua nação havia condenado os atos de agressão contra o Irã e fez esforços para parar a guerra. Segundo a Tasnim, ele também ofereceu suas condolências ao Irã pelo assassinato de vários comandantes militares nos ataques israelenses.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, major-general Abdolrahim Mousavi, alertou sobre a resposta severa de Teerã a qualquer novo ato de agressão <br/ > Reprodução/Tasnim
Guerra Irã-Israel
O governo de Israel lançou bombardeios contra o Irã em 13 de junho, atingindo em especial as áreas militares, nucleares e residenciais do país persa por 12 dias, enquanto os Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump deram apoio ao regime sionista. Em 22 de junho, Washington atacou três instalações nucleares iranianas em Natanz, Fordow e Isfahan.
Em represália, a Força Aeroespacial do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) lançou mísseis retaliatórios contra Tel Aviv na chamada Operação True Promise III, que infligiu perdas em cidades nos territórios ocupados.
Além disso, em resposta aos ataques norte-americanos, o país persa atacou a base aérea de al-Udeid, no Catar, a maior instalação militar norte-americana no Oriente Médio. Em 24 de junho, um acordo de cessar-fogo foi anunciado por Trump, interrompendo o conflito.