Quinta-feira, 10 de julho de 2025
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Em carta oficial enviada nesta segunda-feira (30/06) ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à presidência do Conselho de Segurança, o embaixador iraniano Saeed Iravani rejeitou a justificativa dos Estados Unidos para os recentes ataques militares contra o Irã, especialmente aqueles que atingiram instalações nucleares civis.

Na carta, divulgada pela Tasnim News Agency, o Irã acusa os EUA de “ato de agressão ilegal” e afirma que a alegação de autodefesa coletiva é “juridicamente infundada, politicamente perigosa e estrategicamente desestabilizadora”.

O embaixador iraniano afirma que os EUA violaram o Artigo 2(4) da Carta da ONU ao bombardear, em 22 de junho, três instalações nucleares pacíficas — Fordow, Natanz e Isfahan — sem qualquer base legal. “Ao contrário da alegação dos EUA, o Artigo 51 da Carta da ONU prevê o direito de autodefesa apenas se ocorrer um ataque armado. Nenhuma das condições foi atendida”, destaca o documento.

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O país também denuncia que nem os EUA nem Israel foram alvos de qualquer ataque que pudesse justificar uma resposta armada.

‘Silêncio não é uma opção’, afirma carta do governo iraniano enviado às Nações Unidas
Reprodução / Tasnim News Agency

AIEA

A carta aponta que as instalações atingidas estavam sob salvaguarda da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e que não há qualquer evidência de desvio de material nuclear para fins militares.

“Até mesmo a própria comunidade de inteligência dos Estados Unidos reconheceu esse fato”, observa Iravani. O texto condena o uso da doutrina da guerra preventiva e alerta que os ataques comprometem todo o regime global de não proliferação nuclear.

O embaixador iraniano também responsabiliza diretamente os EUA e Israel pela sabotagem dos esforços diplomáticos. Ele afirmou que o Irã estava envolvido em negociações mediadas por Omã e disposto a retornar ao acordo nuclear (JCPOA). A ofensiva militar israelense, seguida pelos bombardeios norte-americanos, visou deliberadamente sabotar a diplomacia, afirmou.

“A chamada ‘oferta’ da diplomacia dos EUA foi, na realidade, uma tática hipócrita destinada a enganar a comunidade internacional”, diz o texto.

No encerramento do documento, o Irã solicita que o Conselho de Segurança condene os ataques e determine, sob o Capítulo VII da Carta da ONU, a responsabilização dos EUA e de Israel, inclusive com reparações.

“O silêncio não é uma opção”, escreveu Iravani. “Não fazer isso torna a ONU cúmplice por inação e corre o risco de danos irreparáveis aos próprios princípios sobre os quais foi fundada.”

O Irã também pediu que o secretário-geral apresente um relatório sobre as violações cometidas contra suas instalações nucleares protegidas pela AIEA.

Com Tasnim New Agency.