Irã pode retomar produção de urânio ‘nos próximos meses’, admite órgão nuclear da ONU
Segundo Rafael Grossi, da Agência Internacional de Energia Atômica, ‘não se pode dizer que tudo acabou’ após EUA atacarem instalações nucleares iranianas
O Irã poderá retomar a produção de urânio enriquecido em poucos meses, afirmou Rafael Grossi, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em entrevista veiculada neste domingo (29/06), lançando dúvidas sobre a eficácia a longo prazo dos bombardeios norte-americanos, que, segundo Donald Trump, destruíram o programa nuclear de Teerã.
“As capacidades que eles têm estão lá. Eles poderão ter, em poucos meses, eu diria, ou até menos, algumas cascatas de centrífugas girando e produzindo urânio enriquecido”, disse Grossi à CBS News.
“Francamente, não se pode dizer que tudo acabou e que não sobrou nada”, acrescentou, de acordo com a entrevista com Margaret Brennan no programa “Face the Nation“.

Rafael Mariano Grossi, diretor geral da AIEA
Dean Calma / AIEA
O diretor da AIEA enfatizou que os bombardeios das instalações de Fordo, Natanz e Isfahan reduziram significativamente a capacidade de curto prazo do Irã de enriquecer urânio, mas especialistas enfatizam que Teerã agora possui o conhecimento e as habilidades necessárias para retomar essa atividade.
“O Irã é um país muito sofisticado em termos de tecnologia nuclear”, enfatizou Rafael Grossi. “Não se pode apagar o conhecimento ou as capacidades existentes.”
Questionado sobre relatos de que o Irã havia transferido seu estoque de urânio altamente enriquecido antes dos ataques dos EUA, o chefe da agência da ONU disse que não sabia.
“Alguns podem ter sido destruídos pelo bombardeio, mas alguns podem ter sido transferidos”, disse ele, se esquivando da pergunta.