Quarta-feira, 16 de julho de 2025
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O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, declarou que Teerã manterá seu compromisso com o cessar-fogo firmado com Israel, desde que Tel Aviv respeite os termos do acordo. “Se o regime sionista não violar o cessar-fogo, o Irã não o fará”, disse Pezeshkian.

A trégua encerrou 12 dias de hostilidades, que incluíram ataques israelenses a alvos militares iranianos e mísseis lançados pelo Irã contra instalações e bases dos EUA e de Israel na região. Pezeshkian acusou os Estados Unidos de se juntarem diretamente aos ataques, violando normas internacionais, ao bombardear três das principais instalações nucleares do país: Fordow, Natanz e Isfahan.

Como resposta aos bombardeios americanos, o Irã lançou um ataque contra uma base aérea dos EUA no Catar. “Isso não significa que o Irã esteja em conflito com o governo e o povo do Catar”, afirmou o líder iraniano, ao garantir o compromisso do país com a paz na região.

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AIEA

O Parlamento do Irã aprovou por unanimidade, nesta quarta-feira (25/06), uma moção que recomenda a suspensão da cooperação do governo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A agência é acusada de omissão diante dos ataques às instalações nucleares.

Dos 223 legisladores presentes, 221 votaram a favor, com uma abstenção e nenhum voto contrário. “O programa nuclear pacífico do Irã avançará mais rapidamente”, declarou o presidente do Parlamento, Mohammad Baqer Qalibaf, criticando a AIEA por não condenar, “mesmo verbalmente”, a ofensiva contra centros nucleares iranianos.

O projeto de lei não representa uma retirada do Tratado de Não Proliferação (TNP), mas sim uma suspensão das atividades de vigilância e relatórios da AIEA dentro do Irã. Com a nova lei, nenhuma câmera ou inspetor da AIEA – incluindo seu diretor-geral Rafael Grossi – terá acesso às instalações iranianas.

Seyed Mahmoud Nabavian, vice-presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa iraniana acusou a agência de vazar informações confidenciais para Israel e declarou que, a partir de então, nenhum dado seria fornecido à agência.

Projeto de lei

O projeto de lei vincula a suspensão à violação da soberania nacional e integridade territorial do Irã pelas forças dos EUA e de Israel. De acordo com o Artigo 60 da Convenção de Viena de 1969 sobre o Direito dos Tratados, o governo iraniano agora é obrigado a suspender toda a cooperação com a AIEA até que duas condições sejam atendidas:

A garantia total da soberania iraniana e proteção de seus cientistas e instalações nucleares, conforme determinado pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional. E o reconhecimento dos plenos direitos do Irã, nos termos do Artigo 4 do TNP, de conduzir o enriquecimento de urânio e o desenvolvimento nuclear dentro de suas fronteiras.

Parlamento do Irã apresenta moção para suspender cooperação com Agência Internacional de Energia Atômica
Amin Ahouei / Tasnim News Agency

A medida é vista pelos parlamentares iranianos como uma resposta proporcional ao diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, cujo relatório foi considerado por eles tendencioso e motivador dos ataques contra as instalações nucleares do país.

Relatório do Pentágono

A decisão vem à tona no mesmo dia em que a Agência de Inteligência de Defesa, o braço de inteligência do Pentágono, vazou um relatório afirmando que componentes-chave do programa nuclear, incluindo centrífugas, poderiam ser reiniciados em poucos meses.

O documento afirma que os bombardeios — realizados com bombas “destruidoras de bunkers” GBU-57 e mísseis Tomahawk — não destruíram completamente as instalações em Natanz, Fordow e Isfahan, como garantiu Trump.

Segundo a avaliação preliminar, os ataques “provavelmente só atrasaram o programa nuclear do Irã em alguns meses”, na medida em que grande parte do estoque iraniano de urânio enriquecido teria sido movido antes da operação. A instalação de Fordow — considerada a mais protegida do país e localizada sob as montanhas Zagros — resistiu melhor aos ataques do que o esperado.

Na sua rede Truth Social, Trump publicou em maiúsculas: “AS INSTALAÇÕES NUCLEARES NO IRÃ ESTÃO COMPLETAMENTE DESTRUÍDAS!”. A Casa Branca também rejeitou o relatório da Agência de Inteligência, classificando os vazamentos sobre a avaliação como uma tentativa de “rebaixar o presidente Trump e desacreditar os bravos pilotos de caça” envolvidos na operação.

Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA, declarou em Viena que o país perdeu a capacidade de contabilizar 400 kg de urânio enriquecido iraniano a 60% e que a prioridade da agência agora é retornar às instalações nucleares iranianas para uma inspeção técnica urgente.

Cortejos

Tanto Israel quanto o Irã reivindicaram vitória na guerra de 12 dias, com os iranianos realizando celebrações em Teerã e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu reivindicando um triunfo que permanecerá por gerações. O Irã afirma que pelo menos 610 pessoas, incluindo 13 crianças, foram mortas e 3.056 ficaram feridas desde que Israel lançou seu ataque em 13 de junho. Em Israel, pelo menos 28 pessoas foram mortas em ataques iranianos.

Um grande cortejo fúnebre foi realizado para os seis soldados mortos em um ataque israelense em Yazd, no domingo, conforme relatos relatou a agência estatal Tasnim. Milhares de pessoas, entre elas autoridades militares e civis, participaram da cerimônia na Grande Mesquita da cidade. No próximo sábado é esperada uma grande marcha nacional em homenagem às vítimas do confronto.

Com The Guardian, Al Jazeera e Tasnim News Agency