Sexta-feira, 11 de julho de 2025
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O governo iraniano rejeitou as alegações feitas pelos Estados Unidos na última terça-feira (24/06) no Conselho de Segurança da ONU. Os norte-americanos citaram o Artigo 51 da Carta da ONU para justificar, como um ato de “autodefesa”, os ataques contra as instalações nucleares do país, ocorridos na madrugada do domingo (21/06).

Em carta enviada ao Conselho de Segurança nesta quarta-feira (25/06), o representante do Irã nas Nações Unidas, Amir-Saeid Iravani, reiterou a ilegalidade dos ataques. Ele afirmou que a alegação de legítima defesa pelos Estados Unidos é uma “distorção flagrante do direito internacional” e que os ataques violaram a soberania do país.

Teerã argumenta que as instalações atingidas — Fordow, Natanz e Isfahan — estavam sob total supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e destinavam-se exclusivamente a fins pacíficos, como demonstrado por diversos relatórios da agência.

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A carta acusa os EUA e Israel de utilizarem pretextos falsos para justificar agressões ilegais, advertindo que tais ações minam os pilares do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e do regime internacional de salvaguardas nucleares.

O Irã também solicita o Conselho de Segurança da ONU a condenar os ataques e rejeitar qualquer doutrina de “autodefesa preventiva”, exigindo que o documento seja entregue aos demais membros do Conselho.

Amir-Saeid Iravani classifica alegações dos EUA de “distorção flagrante” do direito internacional
Tasnim News Agency

Encontro

Em coletiva de imprensa no final da cúpula da OTAN, em Haia, nesta quarta-feira (25/06), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que uma delegação de seu governo se reunirá com representantes do Irã na próxima semana para retomar as negociações nucleares interrompidas. O encontro não foi oficialmente confirmado.

Trump pretender pressionar Teerã a assinar um acordo para renunciar ao enriquecimento de urânio, uma exigência antiga de Washington, reiteradamente recusada pelo governo iraniano. “Vamos conversar na próxima semana com o Irã. Podemos assinar um acordo. Eu não sei”, afirmou.

O presidente norte-americano disse que Teerã estaria “muito enfraquecido” para pensar em reconstruir seu programa nuclear. E disse não estar preocupado com a assinatura de um acordo: “não me importa se vai haver acordo ou não; eles já tiveram o que merecem”. Embora a agenda oficial da cúpula da OTAN não incluísse o tema, Trump abordou o conflito em praticamente todas as suas declarações públicas.

Ele voltou a afirmar que os ataques “pulverizaram” as instalações iranianas. Para reforçar o argumento, leu um relatório da Comissão de Energia Atômica de Israel que afirmava que a instalação de Fordow foi “totalmente pulverizada” pelos bombardeios, o documento foi distribuído pela Casa Branca à imprensa.

Relatório do Pentágono

A declaração foi feita em meio a uma crescente controvérsia nos Estados Unidos após o vazamento de um relatório preliminar da Agência de Inteligência de Defesa (DIA). O órgão do Pentágono sugere que o Irã poderia restaurar suas capacidades nucleares dentro de alguns meses. O relatório sugere que parte do estoque iraniano de urânio altamente enriquecido foi deslocado antes dos ataques e possivelmente escondido em instalações secretas.

A AIEA confirmou ter perdido “visibilidade” sobre o material quando os combates começaram, mas o diretor-geral Rafael Grossi esclareceu que isso não significa que o material tenha sido escondido: “não quero dar a impressão de que está perdido ou oculto”.

A Casa Branca rebateu as informações. Autoridades do governo Trump, incluindo a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, e o diretor da CIA, John Ratcliffe, contestaram o DIA. Eles garantiram que as instalações destruídas precisarão ser reconstruídas do zero, um processo que levaria anos.

Restrição de informações

Durante coletiva na cúpula da OTAN, Trump chegou a ceder o microfone ao secretário de Defesa, Pete Hegseth, que atacou a imprensa por “deturpar os fatos” e “tentar enfraquecer a imagem do presidente”. O governo norte-americano confirmou que 14 bombas bunker-buster GBU-57, de 13,6 toneladas cada, foram lançadas sobre os três alvos nucleares.

Apesar da retórica contundente, a Casa Branca enfrenta críticas internas. O Washington Post e a Associated Press revelaram que o governo Trump está tentando restringir o acesso do Congresso a documentos confidenciais sobre os ataques, gerando a indignação entre os parlamentares.

O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, afirmou que o Executivo tem “obrigação legal de informar o Congresso” sobre ações militares com impacto internacional.

Com Tasnim News Agency e The Guardian.