Enquanto Israel mantém ataques contra diversos países vizinhos, as tensões continuam a aumentar no Oriente Médio com a exigência das Forças de Defesa Israelenses (IDF, por sua sigla em inglês) para que o Egito explique um suposto “aumento significativo da atividade militar” na Península do Sinai, segundo o Canal 14 do país.
De acordo com a denúncia do Exército publicada pela emissora, as movimentações militares egípcias violam o acordo de paz entre os países, estabelecido em 1979, e que promoveu a desmilitarização da região, além da devolução do Sinai para o Egito.
Segundo os militares israelenses há “violações graves” do acordo de paz, especificando que o Exército do Egito construiu obstáculos anti-ataque, preparações logísticas “significativas” e a implantação de divisões com tanques de guerra blindados.
Até a mais recente escalada de tensões, o único desrespeito do acordo na região, segundo o portal local All Israel News, havia sido o acúmulo de forças entre Tel Aviv e Cairo para combater o Estado Islâmico na região de mais de 60 mil km².
O Canal 14 ainda relatou que as IDF encontraram túneis que ligam o Sinai à Faixa de Gaza e estariam sob o Corredor Filadélfia – uma rota de 14 quilômetros entre o enclave palestino e o país africano.
Combate ao Estado Islâmico
Por sua vez, o canal de notícias Qatari al-Arab trouxe respostas de fontes militares egípcias sobre as alegações.
Segundo as autoridades, Israel “provoca deliberadamente o Egito” ao rejeitar a retirada de suas tropas do Corredor Filadélfia e que não encontrou “nenhum túnel” na área que levaria a Gaza.
As fontes do Exército egípcio ainda afirmaram que, na verdade, Israel violou os acordos de paz no Sinai ao mobilizar tropas na fronteira egípcia com Gaza e que tal aumento do militarismo na região “foi aprovado por Israel e serviu à luta contra o terrorismo”, referindo-se à batalha contra o Estado Islâmico.
Ao jornal The New Arab, Nasr Salem, um general aposentado do Exército egípcio afirmou que Cairo “demonstrou comprometimento com o tratado de paz com Israel em todas as ocasiões.
No entanto, em caso de ameaças aos seus territórios, o Egito tem o direito de aumentar sua presença militar onde achar adequado”, referindo-se ao aumento de militares no Sinai proporcional aos militares israelenses no Corredor Filadélfia.
Israel acusa sem provas
O possível aumento do Exército egípcio no Sinai foi alertado por especialistas, mas sem apresentar qualquer indícios da movimentação no local.
Eli Dekel, tenente-coronel aposentado de Israel, afirmou que Cairo adicionou “cerca de 60 mil soldados” na região desde que o presidente, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, assumiu o governo, em janeiro de 2014.
Já David Govrin, ex-embaixador de Israel no Cairo, em entrevista ao site de notícias israelense Yedioth Ahronoth, acusou o Egito de violar o tratado de paz entre os dois países ao militarizar o Sinai.
“Não há dúvida de que o Egito está violando o anexo militar do tratado de paz. Ele mobilizou um número maior de forças militares no Sinai do que o permitido pelo acordo e além do que Israel aprovou, citando seus pedidos recentes para combater o terrorismo no Sinai”, afirmou.
Ele também alertou que o Egito está fazendo “um investimento substancial” em infraestrutura militar, dizendo que Israel deve “levar [esse crescimento] em conta e não depender de boas intenções ou interesses compartilhados”.
O portal All Israel News também apontou para “uma enorme onda de aquisições e acúmulo de infraestrutura” do Exército de Cairo, tornando-o “um dos maiores da região”, citando armas e veículos militares.
“O Egito construiu uma rede massiva de estradas e pontes, criou dezenas de oportunidades para cruzar o Canal de Suez e adquiriu centenas de transportadores de tanques, permitindo-lhe reforçar rapidamente as tropas na Península do Sinai”, pontuou a publicação.
(*) Com Monitor do Oriente Médio.