Breno Altman: Israel e EUA sofreram derrotas táticas na tentativa de atingir Irã
Para jornalista, cessar-fogo gerou ganhos diplomáticos a Teerã e aprofundou repúdio internacional ao regime sionista
Israel e os Estados Unidos sofreram uma tripla derrota tática ao tentar emplacar sucesso nos ataques contra o Irã, afirmou o jornalista Breno Altman no programa 20 MINUTOS ANÁLISE.
Para o fundador de Opera Mundi, o ataque aéreo coordenado com os EUA atingiu instalações nucleares iranianas e causou danos limitados, mas que o “objetivo não foi alcançado” — ou seja, destruir as capacidades totais nucleares do Irã.
Apesar de ter adotado todas as medidas possíveis, inclusive na tentativa de envolver o republicano Donald Trump em uma coalizão para derrubar o regime iraniano, o governo de Benjamin Netanyahu não conseguiu atingir esse objetivo estratégico e aprofundou críticas à gestão do premiê.
“A escalada verbal de Pequim e Moscou contra as agressões de Israel e dos Estados Unidos, pode ter sido um elemento dissuasório na escalada impulsionada pelo regime sionista e, até certo ponto, acompanhada por Washington”, declarou. E acrescentou: “o presidente norte-americano em certo momento falou abertamente de passar uma estratégia voltada a mudança de regime do irã, incluindo o assassinato do Khamenei, mas teve que recuar essas pretensões megalomaníacas”.
Além disso, os ataques iranianos mostraram que o “mito da invulnerabilidade de Israel foi desfeito”. A capacidade de reação do Irã rompeu a ideia de que Israel dominava militarmente sem riscos. A população do país persa se manteve coesa em torno do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei — até mesmo entre setores tradicionalmente opositores. “As Forças Armadas iranianas revelaram capacidade de impor dor e pânico ao Estado de Israel”, afirmou Altman.
Com as retaliações de Teerã, a crise política dentro da coalizão governista liderada por Netanyahu reacendeu, já que partidos religiosos e extremistas “exigem a continuidade da guerra expansionista para se manter na aliança”, o que tem intensificado o genocídio palestino após o cessar-fogo com a República Islâmica.
“O cessar-fogo é bastante inseguro, a crise está longe de ter sido superada e a dinâmica do regime sionista conduz as guerras de ocupação e agressão, tanto para atender seus objetivos expansionistas quanto para Netanyahu se manter no poder. Algo parecido vale para os Estados Unidos”, complementou.
O Irã, segundo o jornalista, passou a receber maior simpatia internacional e, somada à crise política interna israelense, parte da população já percebe que a estratégia do governo sionista resultou em “maiores dificuldades econômicas e maior repúdio da opinião pública internacional”.