Israel insiste em ocupar Colinas de Golã ao defender retomada diplomática com Síria
Chanceler Gideon Saar declarou querer paz com vizinhos sírios e libaneses, mas 'preservando interesses'; segundo Times of Israel, Tel Aviv e Damasco mantém 'conversas avançadas' sobre possível acordo
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, revelou nesta segunda-feira (30/06) que o regime sionista tem interesse em normalizar as relações com a Síria e o Líbano, contudo, sob a condição de um acordo que reconheça as Colinas de Golã como território israelense. A região rica em recursos hídricos foi ocupada por Israel em 1967 na Guerra dos Seis Dias.
“Estamos interessados em adicionar países como a Síria e o Líbano, nossos vizinhos, ao círculo de paz e normalização, preservando os principais interesses de segurança de Israel”, afirmou Saar durante uma coletiva em Jerusalém.
Ainda segundo o chanceler israelense, “em qualquer acordo de paz, as Colinas de Golã permanecerão parte integrante do Estado de Israel”.
A declaração ocorre no momento posterior ao cessar-fogo alcançado entre Israel e Irã, na semana passada. O governo do Catar afirmou neste sábado (28/06) que a trégua mediada pelos Estados Unidos abre uma “janela de oportunidade” para interromper o massacre promovido por Tel Aviv na Faixa de Gaza. Segundo a imprensa israelense, Washington tem pressionado os países do Oriente Médio a engajarem em iniciativas diplomáticas com o regime sionista.

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar
X/גדעון סער جدعون ساعر
Diálogo entre Israel e Síria
Os governos de Israel e da Síria estão mantendo “conversas avançadas” sobre um acordo bilateral para interromper as hostilidades entre os países, informou um alto-funcionário israelense ouvido pelo jornal The Times of Israel nesta segunda-feira. O veículo detalhou que os diálogos giram em torno de questões de segurança, mas não forneceu dados sobre quando um acordo de paz entre os dois poderia se concretizar.
No domingo (29/06), o canal israelense Kan 11 divulgou que o governo sírio sinalizou abertura para um possível encontro entre o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o líder interino da Síria, Ahmad al-Sharaa, às margens da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
Segundo o Kan 11, Damasco estabeleceu como condição para o diálogo a retirada das forças israelenses do sul da Síria, sem incluir, em um primeiro momento, as Colinas de Golã na mesa das negociações.
Por sua vez, o chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, confirmou que as duas nações têm estabelecido conversas.
Conforme o canal Al Mayadeen, durante uma sessão fechada do Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, o Parlamento israelense, Hanegbi indicou que as negociações incluem “coordenação política e de segurança”.
Anteriormente conhecido como Abu Mohammad al-Joulani quando liderava o grupo HTS, Ahmad al-Sharaa tem defendido a causa palestina e denunciado quaisquer tentativas de negociação com Israel. O líder sírio não se manifestou sobre as recentes informações divulgadas pela mídia israelense a respeito da possível abertura para diálogo com Netanyahu.
Intervenção de Trump
Em entrevista ao Kan News, Abraham Cooper, um rabino norte-americano, que recentemente se encontrou com al-Sharaa, sugeriu que uma reunião direta entre autoridades sírias e israelenses poderia acontecer com uma intervenção do presidente dos EUA, Donald Trump.
“Acho que a única maneira de ser rápida é se alguém chamado Donald Trump chamar duas pessoas, o primeiro-ministro israelensee o presidente sírio, para vir a Washington e sentar por algumas horas”, afirmou. “Isso pode mudar o quadro”.
Vale lembrar que em 2019, durante o primeiro mandato do republicano, a Casa Branca reconheceu a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã.