Milhares de iranianos participam de funeral para vítimas assassinadas por Israel
Cortejo em Teerã homenageou mais de 60 mortos, incluindo comandantes militares e civis; ministro Abbas Araghchi pede 'tom respeitoso' de Trump para negociações
Milhares de pessoas participaram de um cortejo fúnebre em Teerã neste sábado (28/06) para homenagear mais de 60 iranianos que foram assassinados durante o recente conflito com Israel.
A cerimônia, que reuniu diferentes setores da sociedade em manifestação pública de solidariedade às famílias das vítimas da guerra, começou na Universidade de Teerã e terminou na Praça Azadi. Segundo a agência de notícias Tasnim, a cerimônia também contou com a presença do presidente iraniano Masoud Pezeshkian.
O funeral reuniu familiares e cidadãos que acompanharam os caixões cobertos com a bandeira nacional pelas ruas da capital. Entre os mortos homenageados estavam comandantes militares, cientistas nucleares, jornalistas e civis, incluindo mulheres e crianças.
O conflito que resultou nas mortes começou em 13 de junho, quando Israel realizou bombardeios contra o território iraniano sob apoio dos Estados Unidos. Os ataques atingiram instalações nucleares, bases militares e áreas residenciais, causando a morte de mais de 600 pessoas, conforme a Tasnim.
Como resposta, a Força Aeroespacial do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) executou a operação True Promise III. A ação consistiu em 22 ondas de lançamentos de mísseis direcionados a alvos em territórios ocupados pelo regime sionista, provocando danos em diversas cidades.
Os confrontos entre os dois países foram interrompidos após a implementação de um acordo de cessar-fogo anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump, que entrou em vigor em 24 de junho, pondo fim à guerra de 12 dias.

Meghdad Madadi/Tasnim
Irã alerta para resposta mais ‘devastadora’
Durante a cerimônia, o porta-voz do IRGC alertou o presidente dos EUA e do regime sionista que qualquer novo ato de agressão desencadeará uma resposta mais severa do Irã.
Segundo o general Ali Mohammad Naeini, as duas nações inimigas falharam em cumprir seus objetivos declarados na guerra.
“Esta é a nossa mensagem final para o regime sionista e o presidente delirante dos EUA: se os interesses e ativos nacionais do Irã forem violados mais uma vez, nossa resposta será diferente, mais esmagadora e mais devastadora desta vez, de uma forma que acelerará o processo de queda do regime (sionista)”, disse.
O porta-voz também afirmou que Trump “não tem conhecimento dos componentes reais do poder da nação iraniana”, acrescentando que Washington percebeu que a continuidade de seus ataques contra Teerã representaria uma séria ameaça à existência do regime sionista.
“A maioria do povo iraniano estava pedindo a continuidade de uma resposta decisiva e da caça aos agressores. Eles esperavam uma punição mais severa. O próprio inimigo pediu um cessar-fogo por desespero”, declarou.
Acordo depende do comportamento de Trump
Ainda neste sábado, o chanceler iraniano Abbas Araghchi reagiu às últimas declarações do líder norte-americano, que na véspera afirmou ter “salvado” o aiatolá iraniano Ali Khamenei de ser assassinado.
“Se o presidente Trump deseja realmente chegar a um acordo, deveria deixar de lado seu tom desrespeitoso e inaceitável em relação ao líder supremo iraniano, o grande aiatolá Khamenei, e deixar de ferir seus milhões de apoiadores sinceros”, escreveu Araghchi na rede social X.
“O grande e poderoso povo iraniano, que tem mostrado para o mundo que o regime israelense NÃO TINHA OUTRA OPÇÃO além de correr para o ‘papai’ para evitar ser aniquilado por nossos mísseis, não aprecia ameaças e insultos”, acrescentou.
(*) Com Tasnim