O novo governo da Síria exigiu, nesta terça-feira (25/02), a retirada “imediata e incondicional da infiltração israelense” de seu território. A imposição foi feita na declaração final da Conferência de Diálogo Nacional Sírio, evento inicial aos esforços por uma nova Constituição no país após o fim do governo de Bashar Al Assad.
“Condenamos a infiltração israelense no território sírio como uma violação flagrante da soberania do Estado, exigimos sua retirada imediata e incondicional, e rejeitamos as declarações provocativas do primeiro-ministro israelense [Benjamin Netanyahu]”, escreveram as autoridades do governo provisório, segundo a agência de notícias síria Sana.
A Presidência temporária de Ahmad al-Chareh – líder do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ainda apelou à comunidade internacional e às organizações regionais “para que assumam suas responsabilidades em relação ao povo sírio e exerçam pressão para pôr fim às agressões e violações” de Israel.
O documento final da conferência também pediu esforços por uma “declaração constitucional temporária que atenda às exigências do período de transição e garanta o preenchimento do vácuo constitucional”, de acordo com a Sana.
Dentro das transformações defendidas pelo governo provisório está a reformulação do sistema judicial sírio, para que autores de crimes e violações sejam responsabilizados.
A resolução ainda pediu a “valorização da liberdade, respeito aos direitos humanos, apoio ao papel das mulheres em todos os campos, proteção dos direitos das crianças, cuidado com as pessoas com necessidades especiais e ativação do papel da juventude no Estado e na sociedade”, de modo que “todos os segmentos da sociedade participem da vida política”.

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nas Colinas de Golã com suas tropas após a queda de Bashar Al Assad
População vai às ruas
A rejeição à ocupação israelense na Síria também foi registrada em uma manifestação na Praça Al-Karamah, na cidade de Sweida.
De acordo com a agência local, sindicatos e organizações civis participaram do ato para enfatizar “sua rejeição aos projetos divisivos e separatistas” sugeridos por Israel na Síria.
Os manifestantes referem-se às declarações de Netanyahu, que exigiu nesta semana “a desmilitarização total do sul da Síria” ao dizer que “não permitirá que o novo Exército sírio entre na área ao sul de Damasco”. Desde a queda de Assad, as tropas israelenses têm ocupado as Colinas de Golã, entre os dois países.
Os povos do sul da Síria “são cidadãos sírios, donos da terra e parte integrante dos componentes sírios, não sendo minoria, não precisando de proteção de ninguém de fora e não ficando satisfeitos exceto com um estado de direito que proteja a terra e o povo”, defenderam os participante do protesto.
A população ainda pediu que órgãos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) atue contra as “declarações hostis [de Netanyahu] que constituem uma violação das regras e leis internacionais”
(*) Com informações da Sana