Após a aprovação do acordo de cessar-fogo entre o governo de Israel e o Hezbollah, milhares de pessoas saíram às ruas no Líbano nesta quarta-feira (27/11) para celebrar o início da trégua. De acordo com a emissora catari Al Jazeera, quando o tratado entrou em vigor de madrugada, às 4h pelo horário local, o país árabe “ficou quieto pela primeira vez após 14 meses”.
Imagens veiculadas pela imprensa internacional mostraram dezenas de pessoas com bandeiras do grupo libanês e pôsteres do finado líder do movimento, Hassan Nasrallah, assassinado em um bombardeio israelense em Beirute. A Al Jazeera relatou que os deslocados do sul do país começaram a voltar para suas casas em meio a comemorações.
🚨🇱🇧 More scenes from Lebanon after the ceasefire pic.twitter.com/2HEyqt6obA
— The Saviour (@stairwayto3dom) November 27, 2024
O plano de 60 dias prevê que as forças israelenses se retirem gradualmente do território libanês, enquanto o exército do Líbano, com seus cerca de 5 mil soldados, deve assumir o controle da fronteira sul do país para garantir que o Hezbollah não reconstrua suas forças.
Em discurso televisionado, o primeiro-ministro libanês Najib Mikati pediu “unidade” ao afirmar que o acordo abriu uma “nova página” na história do país após a “fase mais cruel” testemunhada pela nação, e cobrou para que Tel Aviv respeite o pacto. O premiê ainda enfatizou a jurisdição do exército nacional para fornecer segurança na região sul após o cessar-fogo.
Enquanto isso, um funcionário do escritório político do Hamas, aliado do Hezbollah, declarou à agência AFP que o grupo palestino está “pronto para um acordo de cessar-fogo e de troca de prisioneiros”.
“O anúncio da trégua no Líbano é uma vitória e um grande sucesso da resistência”, afirmou o dirigente.
Já a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, destacou nesta quarta-feira que o cessar-fogo é uma “oportunidade para estabilizar a fronteira entre Israel e Líbano”. O país europeu tem papel de destaque na Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), alvo de ataques das forças israelenses nos últimos meses.
“A Itália dá as boas-vindas ao anúncio de um cessar-fogo no Líbano, objetivo pelo qual o governo estava empenhado há tempos”, pontuou.
Autoridade palestina celebra cessar-fogo
A Autoridade Palestina expressou esperança de que a implementação do acordo de cessar-fogo de 60 dias traga estabilidade à região, especialmente à Faixa de Gaza, devastada pelas forças israelenses.
“Esperamos que este passo contribua para acabar com a violência e a instabilidade que a região está sofrendo”, disse a Presidência palestina em um comunicado, destacando a necessidade de fazer cumprir uma resolução da ONU para um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
O secretário-geral do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, também saudou o cessar-fogo e pediu à comunidade internacional “que pressione Israel a parar sua guerra criminosa” em Gaza e na Cisjordânia ocupada.
Hamas espera cessar-fogo em Gaza
O oficial do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse à agência de notícias Reuters que o grupo palestino “aprecia” o direito do Hezbollah de fechar um acordo que proteja seu povo contra as agressões do regime sionista. O funcionário acrescentou que o Hamas também se manifesta pronto para firmar um tratado de cessar-fogo com Israel, para impedir as hostilidades em Gaza.
Até agora, todos os esforços para mediar um acordo de cessar-fogo duradouro no enclave palestino foram fracassados, já que o governo israelense tem rejeitado várias propostas. A única vez que as ofensivas foram interrompidas parcialmente ocorreu em novembro de 2023, ocasião na qual as forças de Tel Aviv e o Hamas entraram em consenso numa trégua de uma semana.
(*) Com Ansa