Rússia bombardeia Aleppo para ajudar governo sírio a expulsar rebeldes
Caças russos atacaram cidade pela primeira vez desde 2016 após invasão surpresa de insurgentes, que reivindicam controle em várias localidades, incluindo nas províncias de Idlib e Hama
Os governos russo e sírio realizaram ataques aéreos ao centro de Aleppo neste sábado (30/11), enquanto os rebeldes reivindicavam o controle do aeroporto internacional da cidade e avançavam em várias localidades das províncias de Idlib e Hama, conforme o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (SOHR).
De acordo com a organização, que tem sede no Reino Unido e monitora a situação de guerra no país árabe, pelo menos 16 civis e 20 insurgentes foram mortos em vários ataques desde o início da manhã. Trata-se da primeira vez que as forças russas realizam ofensivas em Aleppo desde 2016, ocasião na qual a oposição síria foi expulsa da cidade.
O portal Middle East Eye informa que os rebeldes são liderados por Hay’at Tahrir al-Sham (HTS) e outros grupos aliados, incluindo alguns apoiados pela Turquia.
Mais cedo, o governo russo relatou que os ministros das Relações Exteriores do país e da Turquia conversaram por telefone e ambas as partes concordaram em coordenar esforços para estabilizar a situação na Síria.
“Ambos os lados expressaram sérias preocupações com o perigoso desenvolvimento da situação na República Árabe da Síria em conexão com a escalada militar nas províncias de Aleppo e Idlib”, disse a chancelaria russa.
Vale lembrar que, em 2019, um acordo de “desescalada” foi firmado entre a Turquia, apoiadora dos rebeldes, e os patrocinadores do presidente da Síria, Bashar al-Assad, Rússia e Irã, criando uma certa estabilidade e um cessar-fogo de longo prazo.

Síria vive uma guerra interna desde 2011
Avanço de rebeldes
Apesar da contraofensiva russa, os insurgentes afirmaram ter tido “ganhos impressionantes”. Além do Aeroporto Internacional de Aleppo, alegaram ter tomado também a cidade estratégica de Khan Sheikhoun, no sul de Idlib. Acrescentaram ainda ter começado a marchar em direção a Hama, capturando com seis cidades e vilarejos no campo, incluindo Morek, que fica ao longo de uma importante rodovia que liga o centro da Síria ao norte.
As primeiras movimentações começaram na quarta-feira (27/11), quando milhares de combatentes varreram aldeias e cidades no noroeste da Síria. Desde então, os rebeldes sírios avançaram pela zona rural de Aleppo, tomando cerca de 50 cidades e vilarejos, bem como um trecho da estratégica rodovia M5, cortando as rotas de abastecimento de Damasco. Já a invasão à cidade de Aleppo ocorreu na sexta-feira (29/11), de onde continuaram avançando em direção ao centro.
O governo sírio reconheceu os avanços dos rebeldes no sábado, ao afirmar que suas forças estavam realizando uma “operação de redistribuição” para fortalecer as linhas de defesa, “absorver o ataque, preservar a vida de civis e soldados e se preparar para um contra-ataque”.
Também assumiu a autoria de alguns dos ataques aéreos em Aleppo, dizendo que eles visavam impedir que os rebeldes estabelecessem posições fixas.
Segundo o SOHR, pelo menos 327 pessoas foram mortas desde o início da ofensiva nesta semana, sendo a maioria combatentes de ambos os lados.
