Rússia, China, Arábia Saudita e Catar condenam ataques e expressam apoio ao Irã
Kremlin responsabiliza EUA e Israel por decisão iraniana de suspender cooperação com Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)
O Irã reafirmou o cessar-fogo nesta quarta-feira (25/06) e recebeu o apoio da Rússia, China, Arábia Saudita e Catar. Os países condenaram os ataques perpetrados pelos Estados Unidos e Israel contra as instalações nucleares iranianas nos últimos doze dias.
O Kremlin responsabilizou diretamente os Estados Unidos e Israel pela decisão do Parlamento iraniano de suspender a sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A moção foi aprovada por unanimidade nesta quarta-feira (25/06).
Segundo o porta-voz Dmitry Peskov, a medida adotada por Teerã foi uma resposta direta e compreensível diante do que classificou como “ataques não provocados” à soberania iraniana. “Essa decisão do Irã, embora preocupante, é consequência direta da agressão militar e da pressão política externa. Os ataques norte-americanos e israelenses minaram profundamente a confiança na imparcialidade e eficácia da AIEA”, afirmou Peskov.
Ele acrescentou que Moscou está monitorando a situação de perto e mantendo contato com parceiros regionais e internacionais. A Rússia condenou com veemência os bombardeios realizados por Washington no último dia 22 de junho contra as instalações nucleares de Natanz, Fordow e Isfahan. “Estamos diante de uma escalada sem precedentes. É fundamental conter essa espiral de violência antes que ela leve a uma ruptura total no Oriente Médio”, alertou o porta-voz.
China

Tasnim News Agency
A China também se posicionou em apoio ao Irã. Em conversa telefônica nesta terça-feira (24/06) com o chanceler iraniano Abbas Araqchi, o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, reafirmou a condenação de Pequim aos ataques contra as instalações nucleares iranianas.
Wang Yi enfatizou que os ataques israelenses e norte-americanos são uma afronta à ordem internacional e advertiu sobre os perigos da politização dos mecanismos multilaterais de fiscalização, como a própria AIEA.
“Essas ações violam todos os padrões do direito internacional e representam uma séria ameaça à paz regional”, declarou Wang. A China ressaltou que o Irã, como signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), tem direito ao uso pacífico de sua energia nuclear e que a soberania deve ser respeitada.
O diplomata chinês lembrou que Pequim apresentou sua posição crítica aos ataques em três sessões do Conselho de Segurança da ONU, defendendo uma resposta coletiva à violação da soberania iraniana. A China também reiterou seu apoio ao direito legítimo do Irã à autodefesa conforme o Artigo 51 da Carta da ONU.
Arábia Saudita
Outro país que se manifestou foi a Arábia Saudita. Em conversa telefônica com o presidente iraniano Masoud Pezeshkian, nesta terça-feira (24/06), o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman prometeu que não permitirá que seu solo ou espaço aéreo seja utilizado em qualquer operação militar contra o Irã.
Ele condenou os ataques do regime sionista e reiterou o compromisso saudita com a estabilidade regional. “Nosso território não será usado para agredir nossos vizinhos”, afirmou o príncipe.
Bin Salman também disse que está em diálogo com diversos países islâmicos para articular uma frente comum contra a escalada militar. Ele acrescentou que nenhuma base americana em território saudita será autorizada a participar de ataques contra o Irã.
O presidente iraniano agradeceu à Arábia Saudita e reiterou que o Irã não busca conflito com os países vizinhos. “Estamos prontos para resolver as tensões com os EUA dentro das normas internacionais, e valorizamos qualquer mediação de países irmãos”, disse.
Catar
No começo da semana, o presidente iraniano havia conversado com o emir do Catar, Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani. Ele esclareceu que o ataque à base aérea americana próxima a Doha foi uma resposta à agressão direta dos EUA, que apoiou Israel, e não uma ação contra o país.
Pezeshkian entrou em contato com o emir para tranquilizar o governo, afirmando que o Irã considera o Catar um país amigo e irmão. Ele também elogiou os esforços do emir para conter a escalada da guerra e demonstrou gratidão pela solidariedade e cooperação oferecidas.
O emir do Catar lamentou o ataque e garantiu que a base norte-americana no Catar não foi nem será usada para agredir o Irã. Ele reafirmou o compromisso do país com a estabilidade regional e condenou as provocações de Israel. Também expressou o desejo de aprofundar as relações com o Irã. “Em meio à solidariedade do povo do Catar com seus irmãos no Irã durante a agressão militar do regime sionista, estamos pensando em aprofundar e expandir nossas relações no futuro”, afirmou.