Rússia defende que ONU ‘repudie ações dos EUA e de Israel’ contra o Irã
‘É particularmente alarmante que isso tenha sido realizado por um membro permanente do Conselho de Segurança’, ressaltou o comunicado de Moscou
O governo da Rússia criticou o ataque lançado pelos Estados Unidos durante esta madrugada (segundo a hora local, e na noite de sábado 21 de junho, segundo a hora de Brasília) às instalações nucleares do Irã.
Em comunicado publicado neste domingo (22/06), Moscou afirmou que “é necessário repudiar coletivamente as ações de confronto dos Estados Unidos e de Israel”.
“Exigimos o fim da agressão e a intensificação dos esforços para criar as condições necessárias para que a situação retorne a um caminho político e diplomático”, destacou o Kremlin.
Também segundo o comunicado, “as consequências desta ação, incluindo as radiológicas, ainda não foram avaliadas. No entanto, já é evidente que uma escalada perigosa começou, o que pode minar ainda mais a segurança regional e global”.
“Os riscos dessa ação para o Oriente Médio, já mergulhado em múltiplas crises, aumentaram significativamente”, acrescentou o governo russo.
Moscou também classificou como “irresponsável” a decisão norte-americana de “submeter o território de um Estado soberano a ataques com mísseis e bombas”.
“Independentemente dos argumentos utilizados, constitui uma grave violação do direito internacional, da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e das resoluções do Conselho de Segurança”, ressaltou a nota.

Anton Novoderezhkin / TASS
Crítica à AIEA
Ao mencionar a ONU, o governo russo enfatizou que “é particularmente alarmante que os ataques tenham sido realizados por um membro permanente” do Conselho de Segurança.
“Os danos causados pelos ataques às instalações nucleares iranianas ao regime global de não proliferação, baseado no Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), também devem ser motivos de preocupação”, afirmou o Kremlin.
A Rússia solicitou “uma resposta rápida, clara e profissional” dos responsáveis pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e seu diretor-geral, Rafael Grossi, e defendeu que “é necessária uma sessão especial da agência, o mais breve possível, para se discutir essa situação”.
Alinhamento com a China
Vale lembrar que na quinta-feira (19/06), dois dias antes do ataque norte-americano, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu homólogo chinês, Xi Jinping, condenaram os ataques de Israel ao Irã e pediram uma solução negociada para encerrar o conflito, que entra em seu sétimo dia.
“Moscou e Pequim partem fundamentalmente do pressuposto de que a resolução da situação atual e das questões relacionadas ao programa nuclear iraniano não pode ser alcançada pela força. Uma resolução pode e deve ser alcançada exclusivamente por métodos políticos e diplomáticos”, afirmou um comunicado lido pelo assessor presidencial russo, Yuri Ushakov, após uma conversa por telefone entre os dois mandatários.
Neste domingo (22/06), horas depois do ataque norte-americano, o chanceler do Irã, Seyed Abbas Araqchi, anunciou que fará uma “viagem urgente” a Moscou, na qual está programada uma reunião com o presidente russo.
“A Rússia é amiga do Irã e desfrutamos de uma parceria estratégica, por isso sempre nos consultamos e coordenamos nossas posições”, afirmou o chefe da diplomacia iraniana.