Rússia diz ‘estar pronta’ para ajudar o Irã na guerra contra Israel
Abbas Araqchi elogiou governo de Vladimir Putin por condenar o bombardeio dos EUA contra usinas nucleares iranianas
Atualizada às 10h57
O governo russo declarou na manhã desta segunda-feira (23/06) que o país está pronto para ajudar o Irã na guerra com Israel. Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a prontidão da Rússia dependerá do pedido que o lado iraniano fizer a Moscou.
“Tudo depende do que o lado iraniano e nossos amigos discutirem. Hoje, o Ministério das Relações Exteriores iraniano realizará contatos nos quais, após a escalada dramática, será possível trocar opiniões e o lado iraniano poderá nos informar sobre sua visão da situação”, disse.
O porta-voz disse que a ajuda pode ser de distintas formas, mas não esclareceu se o país forneceria sistema de defesa aérea ao Irã.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, viajou para o país russo nesta segunda-feira para conversar sobre os ataques militares do governo de Donald Trump às instalações nucleares do Irã neste final de semana. “A Rússia está do lado certo do direito internacional”, destacou o líder.
A agência de notícias britânica Reuters informou que o Kremlin diz que não foi “informado em detalhes” pelos EUA antes dos ataques dos ao país persa.
O diplomata disse a repórteres em Moscou que o país persa e o Kremlin sempre trabalharam em cooperação, consultando-se mutuamente suas posições em vários assuntos. Também acrescentou que é “necessário” que os dois países “adotem posturas mais cuidadosas, mais sérias e mais próximas em meio às atuais condições regionais”.
“Nas atuais circunstâncias em que o sistema internacional está ameaçado, as consultas entre o Irã e a Rússia serão de grande importância”, afirmou. “Tentaremos coordenar nossas posições.” Araqchi ainda elogiou o governo de Vladimir Putin por condenar os ataques dos EUA.
Apesar da viagem a Moscou ter sido planejada com antecedência, o ministro das Relações Exteriores disse que, além das conversas com o presidente russo sobre a agressão do regime israelense contra o Irã e outras ameaças regionais, agora terá um novo foco: o ataque norte-americano ao Irã.
“O Irã e a Rússia compartilham preocupações comuns e também têm inimigos em comum”, afirmou Araqchi, observando que os dois países sempre mantêm consultas estreitas e trabalham em cooperação para combater ameaças e enfrentar desafios comuns.
“A agressão absolutamente não provocada contra o Irã não tem base nem justificativa. De nossa parte, estamos nos esforçando para ajudar o povo iraniano. Estou muito feliz que você esteja em Moscou hoje. Isso nos dará a oportunidade de discutir todas essas questões urgentes e pensar juntos sobre como podemos sair da situação atual”, declarou o presidente russo, segundo o jornal britânico, The Guardian.

Putin e Abbas Aragchi se encontram para definir posições após bombardeamento dos EUA no Irã
Sergei Karpukhin / Tass
“As tensões estão aumentando devido à agressão irracional do regime israelense e dos EUA (contra o Irã). Os atos de agressão violam a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, visto que a República Islâmica do Irã está se defendendo legitimamente contra a agressão”, afirmou o ministro das Relações Exteriores.
EUA ataca Irã
O bombardeamento aconteceu na madrugada de domingo (22/06) – segundo horário local. Os principais alvos foram as instalações nucleares iranianas Fordow, Natanz e Isfahan.
“Concluímos nosso ataque bem-sucedido às três instalações nucleares no Irã, incluindo Fordow, Natanz e Esfahan. Todos os aviões estão fora do espaço aéreo iraniano. Uma carga completa de bombas foi lançada na instalação principal, Fordow. Todos os aviões estão a caminho de casa em segurança”, disse Trump pelas redes sociais.
Uma autoridade israelense disse ao site norte-americano Axios que Tel Aviv foi notificada com antecedência pelo governo Trump sobre os ataques dos EUA ao Irã.
Na tarde de domingo o Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou uma reunião de emergência. A informação foi confirmada pelos representantes da Guiana, que exercem no momento a presidência rotativa.
(*) Com Tasnim News Agency