Rússia, Turquia, China e África do Sul pedem fim imediato do conflito Israel-Irã
Países alegam 'precedente extremamente perigoso'; Moscou se oferece como mediador e considera evacuar corpo diplomático de Tel Aviv
A comunidade internacional intensificou as críticas aos ataques realizados por Israel contra o Irã desde a última sexta-feira (13/06). Em telefonema realizado nesta segunda-feira (16/06), os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, condenaram o que chamaram de “ato de força” de Israel e pediram a cessação imediata das hostilidades.
“Ambos os lados expressaram a mais séria preocupação com a escalada do conflito Irã-Israel, que já levou a um grande número de vítimas e representa sérias consequências de longo prazo para toda a região”, informou o Kremlin. Os dois líderes defenderam que as questões, incluindo as disputas sobre o programa nuclear iraniano, sejam resolvidas exclusivamente por meios diplomáticos.
Moscou, inclusive, considera evacuar o seu corpo diplomático de Israel, afirmou Anatoly Viktorov, chefe do serviço do Ministério das Relações Exteriores russo. Ele declarou que a possibilidade de evacuação do pessoal diplomático está sendo cuidadosamente avaliada, diante da escalada do conflito e dos riscos à segurança.
Ainda não há uma decisão definitiva, apontou. Os funcionários da embaixada, no entanto, foram orientados a considerar a utilização de suas licenças anuais como uma forma de deixar temporariamente o país. “Nosso dever é garantir a segurança dos diplomatas e de seus familiares. Se necessário, adotaremos todas as ações cabíveis para proteger nosso pessoal”, afirmou, em entrevista ao canal estatal Rossiya 24.
No domingo (15/06), o representante especial da presidência russa para investimentos, Kirill Dmitriev, havia afirmado que “a Rússia pode desempenhar um papel fundamental na mediação do conflito entre Irã e Israel”. A declaração ocorreu após uma conversa telefônica no sábado entre o presidente dos EUA, Donald Trump e Vladimir Putin. Eles concordaram com a necessidade do fim do conflito e Trump disse estar “aberto” à atuação de Putin como mediador.
China
A China também manifestou sua “profunda preocupação” com ataque de Israel ao Irã e pediu o fim da escalada militar. Nesta segunda-feira (16), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, afirmou que o governo chinês está em contato direto com os ministros das Relações Exteriores do Irã e de Israel. Ele também alertou que os ataques, especialmente aqueles que envolvem instalações nucleares, estabelecem um “precedente extremamente perigoso”.

Rússia, Turquia, China e África do Sul pedem fim imediato dos ataques de Israel
Reprodução / Tasnim News Agency
“Se esse conflito continuar a se expandir, os países do Oriente Médio serão os primeiros a sofrer as consequências”, destacou. Ele contou que a China pediu que todas as partes tomem medidas imediatas para reduzir a tensão e evitar uma crise ainda maior. “A força não traz paz duradoura. Qualquer disputa internacional deve ser resolvida por meio do diálogo e da negociação”, afirmou Guo.
Sobre a possibilidade de uma retomada do acordo nuclear iraniano, ele afirmou que a China segue comprometida com uma solução pacífica e diplomática. “A China está disposta a manter a comunicação e a coordenação com todas as partes, contribuindo de forma construtiva para restaurar a estabilidade na região”, concluiu.
África do Sul
No mesmo tom, neste domingo (15/06) a África do Sul condenou os bombardeios israelenses contra alvos em território iraniano. O Departamento de Relações Internacionais e Cooperação (Dirco) do país expressou “profunda preocupação” com a violação da soberania iraniana. Também mencionou os riscos crescentes à estabilidade regional e à segurança internacional.
“O ataque levanta sérias preocupações à luz do direito internacional, especialmente no que se refere à soberania, integridade territorial e proteção dos civis, princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas e do direito internacional humanitário”, afirmou Chrispin Phiri, porta-voz do Ministério das Relações Internacionais da África do Sul.
O governo também manifestou preocupação com as possíveis consequências de um ataque próximo a instalações nucleares, o que poderia gerar uma crise de grandes proporções. “Essas ações podem ter consequências desastrosas e não estão justificadas sob o direito internacional”, enfatizou Phiri. A África do Sul também ressaltou a importância da criação de uma Zona Livre de Armas Nucleares no Oriente Médio, como caminho para a paz e a segurança duradoura na região.