Quarta-feira, 26 de março de 2025
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A ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) informou neste sábado (08/03) que mais de 532 civis, incluindo mulheres e crianças, foram mortos em apenas dois dias, no oeste do país, nas mãos de forças de segurança sírias e grupos aliados destacados para combater os apoiadores do presidente deposto Bashar al-Assad. Segundo a organização, trata-se da primeira ação violenta de grande magnitude desde que uma coligação liderada pelo grupo jihadista Tahrir al-Sham (HTS) tomou o poder, em 8 de dezembro de 2024.

Na sexta-feira (07/03), o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, advertiu as forças apoiadoras de al-Assad que deponham suas armas. O alerta veio depois que combatentes leais ao antigo líder atacaram as forças de segurança em várias partes nas províncias de Latakia e Tartus, provocando mortes. Estas ofensivas foram posteriormente confirmadas pelo porta-voz do Ministério da Defesa da Síria, Hasan Abdel-Ghani, à emissora catari Al Jazeera.

Em um discurso transmitido pela plataforma Telegram, al-Sharaa disse que a seita alauita, à qual pertence a família al-Assad, cometeu um “erro imperdoável” ao pedir que as forças alinhadas ao atual governo não “exagerassem em sua resposta”.

“A resposta veio e você não foi capaz de resistir a ela”, disse ele. “Deponham suas armas e rendam-se antes que seja tarde demais.”

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Civis alauítas, residentes de Latakia, refugiam-se no pátio da base aérea de Khmeimim, controlada pela Rússia, na Síria

Neste sábado, além de revelar que entre as centenas de mortes incluem-se as mulheres e crianças, a OSDH detalhou que as ofensivas ocorreram ao longo da costa oeste, local que é densamente povoado por membros da minoria alauita. Em meio aos combates, várias famílias entraram na base russa de Khmeimim, no interior de Latakia, em busca de refúgio.

“Embora a situação permaneça fluida e ainda estejamos determinando os fatos precisos, há claramente uma necessidade imediata de contenção de todas as partes e total respeito pela proteção de civis de acordo com o direito internacional”, disse o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, em comunicado.

“Todas as partes devem abster-se de ações que possam inflamar ainda mais as tensões, escalar o conflito, exacerbar o sofrimento das comunidades afetadas, desestabilizar a Síria e comprometer uma transição política credível e inclusiva”, completou.

(*) Com RFI