Segunda-feira, 21 de abril de 2025
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Em primeiro pronunciamento desde a queda de seu governo na Síria, o ex-presidente Bashar Al-Assad afirmou, nesta segunda-feira (16/12), que o país está “nas mãos de terroristas”, referindo-se ao grupo jihadista Tahrir al-Sham (HTS), que avançou sobre Damasco e o depôs em 8 de dezembro.

Segundo o documento intitulado “Declaração do Presidente Bashar al-Assad sobre as Circunstâncias que Levaram à sua Saída da Síria“, Assad não considerou renunciar ou buscar refúgio em nenhum momento durante o avanço dos grupos armados de oposição ao seu governo desde a ofensiva iniciada em 27 de novembro.

“Em nenhum momento durante esses eventos eu considerei renunciar ou buscar refúgio, nem tal proposta foi feita por qualquer indivíduo ou partido”, diz o comunicado divulgado por seu serviço de imprensa no Telegram.

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“O único curso de ação era continuar lutando contra o ataque terrorista”, enfatizou Assad. No entanto, ele ressaltou que “quando o estado cai nas mãos do terrorismo, qualquer posição se torna sem propósito”.

Segundo o ex-presidente, sua saída da Síria “não foi planejada nem ocorreu durante as horas finais das batalhas, como alguns alegaram”. “Pelo contrário, permaneci em Damasco, desempenhando minhas funções até as primeiras horas de domingo, 8 de dezembro de 2024”, assegurou Assad.

De acordo com sua explicação sobre a decorrência dos fatos, “à medida que as forças terroristas se infiltravam em Damasco”, Assad foi para Latakia “em coordenação com os aliados russos para supervisionar as operações de combate”, acrescentando que soube da queda de Damasco após chegar à base militar russa em Hmeimim.

Enquanto isso, “à medida que a situação de campo na área continuava a se deteriorar, a própria base militar russa sofreu ataques intensificados por ataques de drones”. Dito isso, “Moscou solicitou que o comando da base organizasse uma evacuação imediata para a Rússia na noite de domingo, 8 de dezembro”. Naquela época, as posições militares finais haviam entrado em colapso e todas as instituições estatais restantes haviam sido paralisadas, observou Assad sobre sua saída para asilo político em Moscou.

O ex-líder sírio enfatizou que seu “profundo senso de pertencimento” ao país está “cheio de esperança de que a Síria será novamente livre e independente”.

Пресс-служба Президента России/Wikicommons
Segundo o ex-presidente, sua saída da Síria “não foi planejada nem ocorreu durante as horas finais das batalhas, como alguns alegaram”
União Europeia em contato com novo governo sírio

A alta representante da União Europeia para Política Externa, Kaja Kallas, anunciou também nesta segunda-feira (16/12) que o bloco pretende enviar diplomatas à Síria para abrir contato com a nova liderança do país.

A declaração foi dada antes da reunião do Conselho de Relações Exteriores da UE, em Bruxelas, em meio aos rumores de que o Ocidente pode reconhecer o novo governo sírio se as liberdades individuais forem respeitadas.

“Dei instruções à cúpula diplomática de ir à Síria para estabelecer contato com a nova liderança”, declarou Kallas.
Segundo ela, este será um dos temas do encontro dos ministros das Relações Exteriores europeus na capital belga.

“Vamos discutir quais outros passos devemos tomar se a Síria caminhar na direção correta e em qual nível queremos tratar com a nova liderança”, salientou.

A aliança agora no poder no país árabe é encabeçada pelo grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ou Organização para a Libertação do Levante, antigo braço da Al Qaeda, mas que promete respeitar liberdades individuais, direitos humanos e a diversidade religiosa.

A HTS escolheu como primeiro-ministro interino Mohamed al-Bashir, que governava a província de Idlib, antigo reduto de insurgentes no noroeste do país. Um de seus primeiros atos no poder foi suspender a Constituição herdada do governo Assad durante o governo provisório, previsto para durar até 1º de março.

(*) Com Ansa e TASS