‘Síria não será base de ataques contra Israel’, diz líder do HTS
Abu Mohammed al-Jolani, que derrubou governo de Assad, instou forças israelenses a encerrar ofensivas aéreas e se retirarem das Colinas de Golã ao declarar que país 'não quer nenhum conflito'
O líder do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), Abu Mohammed al-Jolani, que derrubou o governo de Bashar al-Assad na Síria, afirmou nesta terça-feira (17/12) que a Síria “não será usada” como base para ataques contra Israel ou qualquer outro país.
O chefe da coligação islâmica que tomou o poder em Damasco acrescentou em uma entrevista ao British Times que as forças israelenses precisam encerrar as ofensivas aéreas na Síria e se retirar do território ocupado nas Colinas de Golã.
“A justificativa de Israel foi a presença do Hezbollah e das milícias iranianas, de modo que essa justificativa desapareceu”, disse ele.
“Nós não queremos nenhum conflito nem com Israel nem com qualquer outra pessoa”, disse Al-Jolani. Assim, pediu a retirada de todas as sanções do Ocidente contra a Síria, além de ter solicitado aos governos inglês e norte-americano a retirada do status de organização terrorista do seu grupo, conhecido até há algum tempo como Frente Al-Nusra, afiliada à Al Qaeda.
“A Síria é muito importante do ponto de vista geopolítico. Deveriam eliminar todas as restrições impostas ao carrasco e à vítima: agora o carrasco não está mais lá”, declarou, acrescentando que o novo governo está “comprometido com o acordo de 1974” e “disposto ao regresso dos observadores da ONU”.
O jihadista também minimizou a possibilidade de impor a lei islâmica na Síria, afirmando que não haverá interferência profunda nas liberdades pessoais, respeitando as tradições.
Jolani alertou ainda que “metade da população” síria está no exterior e destacou que pretende “trazer de volta” essas pessoas que deixaram o país em razão da guerra civil.

Líder do HTS também pediu a retirada de todas as sanções do Ocidente contra a Síria
UE anuncia ajuda à Turquia para refugiados sírios
Sobre a questão migratória trazida por Jolani, a União Europeia (UE) anunciou nesta terça-feira (17/12) 1 bilhão de euros a favor da Turquia para apoiar a gestão dos refugiados sírios que estão no país.
A informação foi divulgada durante coletiva de imprensa conjunta entre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o mandatário da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em Ancara.
De acordo com ela, os fundos apoiarão “a educação e os cuidados de saúde para os refugiados na Turquia, a migração e a gestão das fronteiras, incluindo o repatriamento voluntário de sírios”.
“A Turquia sempre demonstrou responsabilidade ao acolher milhões de refugiados sírios ao longo dos anos e a UE sempre esteve ao seu lado”, destacou Von der Leyen, lembrando que Ancara “continua sendo um parceiro estratégico”, principalmente por seu papel essencial que tem sido desempenhado no Oriente Médio.
Além disso, a líder da UE recordou que, desde 2011, o bloco pagou quase 10 bilhões de euros a Ancara para a gestão dos refugiados. “À medida que as coisas evoluem no território, seremos capazes de adaptar este bilhão às novas necessidades que possam surgir na Síria”, acrescentou.
Entretanto, a presidente do executivo advertiu que é preciso olhar para a queda do governo sírio com cautela e impedir o “reaparecimento” do [autoproclamado] Estado Islâmico do Iraque e da Síria”.
Por sua vez, Erdogan enfatizou que seu país espera apoio econômico da União Europeia para repatriar os refugiados sírios que vivem no país, cerca de 3 milhões de pessoas.
“Esperamos um apoio semelhante da UE para que o regresso dos sírios ao seu país se torne uma realidade”, afirmou ele, citando os fundos concedidos por Bruxelas a Ancara nos últimos anos para a gestão de refugiados.
(*) Com Ansa e Sputnik
