Síria negocia com Israel para recuperar parte do território das Colinas de Golã
Líder do Hezbollah declarou que governo sionista é uma ameaça ao Líbano, Egito, Síria, Jordânia e a estabilidade global
Uma fonte próxima ao presidente sírio Ahmad al-Sharaa declarou ao jornal israelense na quinta-feira (03/07), que o líder deseja a devolução de pelo menos um terço do território das Colinas de Golã, que está ocupado por Israel desde 1967. “Não existe paz de graça”, disse a fonte.
O acordo político prevê dois cenários, segundo o informado pelo jornal libanês Al Mayadeen. Um deles é a retenção, por parte de Israel, de áreas estratégicas que equivalem a um terço do território de Golã, cedendo a parte restante à Síria, que a arrendaria para Israel por 25 anos.
No segundo cenário, a autoridade citada como fonte da matéria supõe que o governo israelense manteria dois terços das Colinas de Golã ocupadas, entregando um terço à Síria, com a possibilidade de arrendá-lo. Dessa forma, os territórios libaneses como a cidade de Trípoli e o Vale do Beqaa, seriam entregues à Síria.
“Não existe paz de graça”, teria dito a fonte, em entrevist ao Al Mayadeen.
Analisando os possíveis cenários em uma perspectiva mais ampla, o jornal libanês especula que governo de al-Sharaa pretende firmar um pacto regional de água com Turquia e Israel, no qual seria estabelecido, também o uso de um duto para transportar água do Rio Eufrates até o país governado pelo primeiro-ministro sionista Benjamin Netanyahu.
Relação entre Síria e Israel
Também segundo o Al Mayadeen, o governo de Israel estaria conversando sobre um acordo de segurança com a Síria para combater o Hezbollah e a influência iraniana na região.
Segundo o periódico, o plano de segurança inclui operações de inteligência colaborativas e novos arranjos de segurança seriam implementados na fronteira síria ocupada, em Golã, incluindo uma declaração reconhecendo as Fazendas de Shebaa como território sírio – região historicamente disputada entre o Líbano e a Síria, enquanto o regime sionista continua a ocupá-la.
O acordo também prevê a possibilidade de exportar gás natural de Israel para a Síria, além de discussões sobre a coordenação hídrica na bacia do rio Yarmouk, um recurso crítico para ambos os lados.
Desde que Ahmed al-Sharaa assumiu o poder na Síria em dezembro de 2024, Damasco é alvo de ataques aéreos do governo de Benjamin Netanyahu. As forças de ocupação israelenses atualmente controlam o Monte Hermon e áreas no sul do país, onde incursões frequentes são relatadas em meio a planos crescentes para estabelecer bases militares na região.
Em resposta aos ataques israelenses e à violação contínua da soberania síria, o presidente interino Ahmad al-Sharaa pediu à ocupação que acabasse com os bombardeios “olho por olho”, alegando que a Síria e Israel têm inimigos em comum na região, se referindo ao grupo de resistência libanês, Hezbollah que é apoiado pelo Irã e atua na área.
Ambos governos estariam mantendo “conversas avançadas” sobre um acordo bilateral para interromper as hostilidades entre os países, informou um alto-funcionário israelense ouvido pelo jornal The Times of Israel nesta segunda-feira (30/06).

O secretário-geral do movimento de resistência Hezbollah do Líbano descreveu o regime israelense como uma ameaça estratégica à paz regional e global
Tasnim News Agency
Posicionamento do Hezbollah
O secretário-geral do movimento de resistência Hezbollah do Líbano, o xeque Naim Qassem, declarou em um discurso televisionado na quarta-feira (02/06) que Israel não é apenas um ocupante da Palestina, mas uma ameaça estratégica ao Líbano, Egito, Síria, Jordânia, a região em geral e a estabilidade global.
O líder enfatizou que a ideologia, as ações e as ambições do regime sionista colocam em risco muçulmanos, cristãos e judeus, desestabilizando a paz regional e global. “Desde que o acordo de cessar-fogo entre Líbano e Israel entrou em vigor, o regime não interrompeu sua agressão e violou o acordo mais de 3.700 vezes”, declarou e enfatizou que o regime deve cumprir os termos acordados com o Líbano e interromper seus atos de agressão.
O líder do Hezbollah disse que o movimento não será influenciado por ameaças, nem aceitará entregar suas armas a Israel. Rejeitou os apelos para que o grupo se desarmasse, afirmando que “a defesa e a soberania do Líbano são questões internas, imunes a pressões externas”.
“Não nos submeteremos à humilhação, não abandonaremos nossa terra nem faremos concessões sob ameaças”, afirmou. Explicou que a resistência é uma defesa contra uma ameaça estratégica que afeta várias nações, incluindo Palestina, Líbano, Egito, Síria e Jordânia.
O libanês criticou a ideologia e as ações do regime como um risco à paz global e pediu que aqueles que evitam confrontar Israel resistam por motivos humanitários. “Coexistir com um perigo crescente e invasivo é impossível”, alertou, enfatizando que a resistência do Hezbollah está enraizada em valores humanos, islâmicos e nacionais para as gerações futuras.
No final de junho, Qassem declarou que a contínua agressão de Israel, incluindo ataques a Nabatieh, ataques a civis no sul do Líbano e ataques ao setor de câmbio, agora é responsabilidade do estado libanês e que “deve exercer pressão e cumprir com seus deveres”, rejeitando as alegações de que o Hezbollah fornece pretextos para ataques israelenses.
Ele citou a ocupação israelense de 600 km² de território sírio, a destruição de capacidades e os ataques ao Irã como evidências de agressão não provocada. “Vocês precisam entender que isso não pode continuar”, disse Qassem ao público. “Vocês acham que ficaremos em silêncio para sempre? Tudo isso tem limites”.
(*) Com Al Mayadeen e Tasnim News Agency.