Sexta-feira, 11 de julho de 2025
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O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araghchi, pediu “uma reação imediata e eficaz” da comunidade internacional ao ressurgimento de grupos extremistas na Síria, que elevaram a guerra no país, iniciada em 2011, a um novo patamar.

Durante a 28ª reunião do Conselho de Ministros da Organização de Cooperação Econômica (ECO), na cidade iraniana de Mashhad, o chanceler do país condenou as atividades dos grupos extremistas em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, de onde tinham sido expulsos entre 2016 e 2017, mas se reagruparam com o apoio fornecido pelos Estados Unidos e Israel e realizaram ataques surpresa na última semana.

Araqchi também enfatizou a necessidade de “vigilância e coordenação” dos países regionais e da comunidade internacional diante do ressurgimento do terrorismo na Síria.

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Em uma publicação nas redes sociais, Araghchi afirmou “que ninguém se beneficiará de outra guerra na Síria”.

“Como sempre, o Irã está com o povo, o governo e o exército sírios em sua luta contra o terrorismo — e pronto para ajudar e apoiar a desescalada regional por meio do diálogo e da diplomacia”, disse o ministro.

O chanceler fez os comentários após viagens à Síria e à Turquia, onde conversou com altos funcionários do governo para discutir os últimos acontecimentos na região.

Reunião de mediadores

Além do Irã, a Síria conta com o apoio da Rússia e Turquia contra os ataques dos grupos extremistas em seu território. Diante disso, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Moscou, Maria Zakharova, declarou que os países já estão discutindo a possibilidade de realizar uma reunião para debater a situação.

“A questão da reunião está em discussão”, disse o diplomata em resposta a uma pergunta relacionada.

Segundo a representante da pasta, o encontro ocorreria na próxima sexta-feira (06/12), no “formato Astana”, referindo-se às negociações iniciadas na capital do Cazaquistão em 2017 para negociar o processo de resolução da crise síria, juntamente com representantes do governo e da oposição sírios, as Nações Unidas e os países observadores: Jordânia, Líbano e Iraque.

Seyed Abbas Araghchi/X
 Ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araghchi, em reunião com presidente da Síria, Bashar Al Assad

Contexto

Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, é alvo de ataques de grupos armados que, segundo organização de direitos humanos que atua no país, tomaram totalmente o controle do local. O conflito, que escalou desde a última sexta-feira (29/11), marca uma nova etapa de uma guerra civil em andamento desde 2011.

As milícias que atacaram a cidade são contrárias ao governo do presidente Bashar al-Assad, apoiado pelo Irã e Rússia.

Segundo a organização Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR, na sigla em inglês), citada pela agência de notícias AFP, o ataque foi realizado pelo grupo Hayat Tahrir al Sham, vinculado à Al-Qaeda, com apoio de outras facções rebeldes aliadas.

O SOHR contabiliza mais de 320 mortes desde o início da ofensiva, sendo ao menos 104 civis, incluindo 27 crianças e nove mulheres. Esta é a primeira vez que Aleppo saiu do controle do regime sírio, segundo a organização.

Entre os locais tomados pelos rebeldes estão o aeroporto da cidade e o consulado do Irã. Até a última segunda-feira (02/12), as Forças Armadas da Síria, com o apoio de “forças auxiliares”, como o apoio da Rússia, Irã e milícias do Iraque, enfrentavam os extremistas nas províncias de Idlib (noroeste), Hama (centro) e Aleppo (norte). A partir desta terça-feira (03/12), combates também são relatados em várias localidades no norte da província de Deir Ezzor, no leste.

De acordo com a agência de notícias síria SANA, o ataque repelido que levou a dezenas de baixas dos extremistas foi lançado “por terroristas do chamado “Conselho Militar de Deir Ezzor”, afiliado à milícia separatista Forças Democráticas da Síria (SDF)”, liderada pelos curdos e contrária ao governo do presidente Bashar Al Assad.

A Rússia respondeu aos ataques rebeldes com o primeiro bombardeio realizado em território Sírio desde 2016. O Kremlin informou que os caças atingiram integrantes dos grupos armados e arsenais.

A guerra civil na Síria não registrava confrontos nesse nível desde 2020, quando foi assinado um cessar-fogo com anuência da Rússia e da Turquia (que apoia parte dos grupos rebeldes). O governo turco pediu, agora, que os ataques sejam interrompidos.

Os episódios tiveram reações, também, de países do Ocidente (opositores de Al-Assad), como a França, que pediu uma trégua; e os Estados Unidos, que afirmaram que a perda do controle de Aleppo aconteceu devido à “dependência” síria da Rússia e do Irã.

(*) Com Brasil de Fato, IRNA, TASS e Tasmin