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Hoje na História

Hoje na História: 1830 - Vênus de Milo é encontrada na Grécia

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Estátua de Vênus de Milo foi encontrada por camponês; acredita-se que Vênus, a deusa romana do amor, é, na verdade, Afrodite, deusa do amor grega

Max Altman

São Paulo (Brasil)
2021-08-10T15:40:00.000Z

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A estátua Vênus de Milo, a deusa do amor, é encontrada em 10 de agosto de 1830, sem braços nas Ilhas Cíclades, na Grécia. Com 202cm de altura, a estátua era maior que a média humana à época, o que sugere que tivesse sido uma deusa. Na verdade, a escultura é de origem grega, não romana, como é a deusa do amor Vênus. Poderia ser sua homóloga grega, Afrodite ou Anfitrite, a deusa do amor e padroeira dos homens do mar do lugar.

Há o reconhecimento generalizado de que Vênus de Milo é de fato Afrodite, esculpida durante o final do período helenístico no estilo neoclássico conhecido (ou que conhecemos) no século XVIII. Afrodite é especificamente a deusa do amor romântico, a diferença do amor materno. 

Achada junto com a estátua Vênus de Milo havia uma mão segurando uma maçã. Imagina-se que Afrodite possa ter sido representada com esta maçã que lhe teria sido presenteada por Páris de Troia. O fato que Milos também significa maçã em grego empresta crédito a esta teoria.

Descoberta da estátua Vênus de Milo

A estátua de Vênus de Milo foi descoberta por um camponês. A venda das peças da estátua foi acertada por um oficial da Marinha francesa em nome do embaixador francês na Turquia. Trazida para a França, a escultura rapidamente se tornou famosa, em parte devido aos esforços promocionais do governo francês, que havia há pouco devolvido outra estátua de Vênus, saqueada durante as Guerras Napoleônicas, ao governo italiano.

Wikimedia Commons
Estátua tem 202 cm de altura e foi achada junto da escultura de uma mão segurando uma maça

O escultor de Vênus de Milo pode ter sido o pouco conhecido Alexandros, filho de Menides. Existem apenas dois croquis da placa de inscrição que “misteriosamente” desapareceu quando apresentada ao rei Luis XVIII da França em 1821 como uma estátua do período clássico (480 a 400 a. C.). O rei mandou então expor a escultura no Louvre, onde se encontra até hoje.

Modernos estudiosos dataram a Vênus de Milo de algum momento entre 100 e 190 a. C., a partir do estilo, composição e tecnologia característicos. Os buracos encontrados na estátua são na realidade pontos de fixação para joias como braceletes e coroa.

Também, característica do tardio período helenístico de 150 a 50 a. C., eram a postura e a roupa drapejada da Vênus de Milo. Nova para aquele tempo era a técnica de trabalhar em blocos de mármore menores para depois montá-los quando a obra estava terminada. Os membros esquerdos e os pés também foram esculpidos separadamente. Encontrada em abundância na moderna cultura popular, o formato fisicamente deficiente de Vênus de Milo tornou-se emblemático da beleza do mundo antigo e da escultura clássica.

O pesquisador Gregory Curtis, autor do livro Sem Braços: a História da Vênus de Milo, passou dois anos entre Paris e a ilha de Milo, na Grécia, em busca de todos os detalhes do paradeiro dos braços da estátua. "Um dos primeiros documentos que li dizia que os braços teriam sido arrancados durante uma batalha entre os moradores locais e marinheiros franceses", conta Curtis. "Não demorou muito para que descobrisse que as batalhas eram pura fantasia."

Para ele, a Vênus já estava sem braços quando foi encontrada. A explicação mais provável diz que um grupo de marinheiros franceses, cujo navio estava atracado no porto de Milo, uniu-se a camponeses locais em busca de restos arqueológicos nas ruínas de uma civilização antiga. Foi então que o camponês Yorgos desenterrou a estátua, separada em dois pedaços na altura da cintura, e já sem os braços. 

Um dos marinheiros, Olivier Voutier, percebeu que estava diante de algo excepcional e convenceu seu superior, o marquês de Rivière, a comprá-la. Depois de algumas idas e vindas, uma das esculturas mais famosas de todos os tempos foi negociada pelo valor de meia dúzia de cabras. A Vênus embarcou, aos pedaços, para Paris e foi remontada pelos restauradores do Museu do Louvre.



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Análise

Patentes na OMC é uma derrota para os países do Sul Global

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Pandemia de covid-19 reativou a debate sobre a quebra de patentes para medicamentos e vacinas. Apesar de sua união em torno do tema, países subdesenvolvidos sofreram uma derrota

Alessandra Monterastelli

Outras Palavras Outras Palavras

2022-07-06T22:35:00.000Z

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No dia 17 de junho, saiu fumaça branca das chaminés da Organização Mundial do Comércio (OMC). A entidade, responsável pela regulação de patentes internacionais, anunciou que chegara a uma conclusão sobre as vacinas contra o coronavírus. Tratava-se do pedido de isenção do acordo TRIPS – sigla em inglês para Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio. Firmado na virada do século, tal compromisso obriga os países-membros da OMC a adotar padrões mais rigorosos de proteção patentária. Consequentemente, encarece o acesso às inovações tecnológicas, inclusive no setor farmacêutico. Mas a decisão final foi amplamente criticada por ativistas da saúde e movimentos populares em todo o mundo, já que a OMC rejeitou a isenção total do TRIPS. 

Em 2020, diante da disseminação do novo coronavírus, África do Sul e Índia protocolaram a proposta de isenção do Acordo, que obteve amplo apoio dos países em desenvolvimento e de baixa renda – com exceção do Brasil. A nova decisão foi saudada pelo Secretariado da OMC e por representantes de países ricos como um resultado sem precedentes, mas ativistas condenam que, na prática, a decisão não atende as necessidades mínimas da maior fatia do mundo. “Houve um esvaziamento da proposta pelos países mais ricos. O texto perdeu totalmente sua força, não trouxe nada novo”, explica Felipe Carvalho, Coordenador Regional da Campanha de Acesso do Médicos Sem Fronteiras ao Outra Saúde.

A conclusão do órgão concedeu uma exceção temporária à restrição das quantidades de vacinas que podem ser exportadas sob licença compulsória; diagnósticos e tratamentos não estão incluídos e devem obedecer ao limite de exportação durante o tempo de licença compulsória – decretada durante emergências sanitárias, como é o caso da pandemia. Além disso, a concessão vale apenas para responder à covid-19 e não tem validade diante de outras crises de saúde. O acordo final não inclui o compartilhamento de segredos comerciais e know-how de fabricação, o que prejudicará a produção de vacinas com tecnologia avançada por países de baixa renda – como é o caso dos imunizantes de RNA.

Carvalho conta que o problema é abordado com frequência em reuniões escpecais da OMS e da ONU.  “Existe um consenso entre especialistas e órgãos multilaterais de que as patentes causam constantes crises de acesso e inovação na saúde”. Em maio, o The Guardian divulgou que a Pfizer lucrou 25,7 bilhões de dólares só no início de 2022 – mais da metade do valor está relacionado à venda de vacinas contra a covid-19. Tim Bierley, ativista do Global Justice Now, denunciou ao jornal britânico que apesar do apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras organizações, a farmacêutica seguia se recusando a compartilhar a tecnologia de produção do imunizante. O diretor da OMS, Tedros Adhanon, afirmou em 2021 que a pandemia estava sendo prolongada por uma “escandalosa desigualdade” diante do acúmulo de doses de imunizantes por países ricos enquanto países pobres não conseguiam avançar em sua meta de vacinação em massa. 

“Desde a criação do acordo TRIPs nós temos um cenário de constantes crises de acesso a medicamentos essenciais”, conta Felipe. Ele relembra o caso emblemático da epidemia de HIV/AIDS, na década de 1990. “Em 1996 surgiu a primeira terapia para a doença. As pessoas pararam de morrer e passaram a conviver com o vírus. Mas essa terapia não chegou nos países onde o cenário era mais grave”, explica. O ano de 1996 foi também quando o acordo TRIPS entrou em vigor, após sua criação em 1994 e preparação em 1995. “A partir daí se criou uma coalizão na sociedade civil, da qual fazemos parte, chamada Movimento de Luta pelo Acesso a Medicamentos. A pergunta era: por que os preços eram tão altos e o tratamento se tornava inacessível para milhões de pessoas? Nos aprofundamos no sistema de patentes e entendemos que o monopólio era a causa”, relembra.

Apesar do TRIPS possuir cláusulas que permitem flexibilizações, elas são de difícil utilização devido a dois fatores principais: sua não-incorporação completa em leis de países-membros e a pressão que as farmacêuticas exercem sobre as decisões da OMC. Na década de 1990, diante da grave situação vivida na África do Sul – país com maior número de mortes pela AIDS na época – o governo então liderado por Nelson Mandela aprovou uma das medidas previstas no TRIPS para importar genéricos. Na ocasião, Mandela sofreu o processo de 39 farmacêuticas que se opuseram à decisão tomada para conter a crise de saúde pública. Apesar da derrota das corporações na justiça, “esse é um exemplo de como essas empresas e seus países-sede tentam barrar as normas legítimas existentes no TRIPS”, exemplifica Carvalho.

A OMC é uma instituição formada por 164 membros e opera com base na tomada de decisões por consenso. “A OMC falhou em fornecer uma isenção. O acordo coloca os lucros à frente das vidas e mostra que o atual regime de propriedade intelectual falha em proteger a saúde e promover a transferência de tecnologia. Essa não-renúncia estabelece um mau precedente para futuras pandemias e continuará a colocar vidas em risco” declarou Lauren Paremoer, médica e integrante do Peoples’ Health Movement na África do Sul. 

A Health Action International, referência no trabalho para expandir o acesso a medicamentos essenciais, argumentou em nota que a decisão da OMC impõe obstáculos ao licenciamento compulsório, uma das poucas flexibilidades existentes no TRIPS, em troca de uma abertura tímida para a facilitação da exportação de vacinas. Outras entidades representantes da sociedade civil já denunciaram a atuação dos países ricos e vêm aumentando a pressão sobre os governos. O objetivo, segundo seus porta-vozes, é que sejam tomadas medidas concretas para desafiar as regras de monopólio farmacêutico da OMC e garantir mais acesso a medicamentos e tecnologias. 

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