Atualizada em 22/10/2018 às 15:42
Paul Cézanne, pintor pós-impressionista francês, cuja obra forneceu as bases para a transição das artes plásticas do século 19 para aquela radicalmente inovadora do século 20, pode ser considerado como a ponte entre o impressionismo e o cubismo, morre em 22 de outubro de 1906 em Aix-en-Provence. A frase atribuída a Matisse e Picasso de que Cézanne é “o paí de todos nós”, o consagrou como um dos mais importantes e influentes mestres da pintura.
O meio de origem de Paul Cézanne foi o da burguesia da província. Seu pai, proprietário em Aix-en-Provence de uma próspera fábrica de chapéus, via, no entanto, á margem da sociedade local. Paul, filho ilegítimo com uma das trabalhadoras da fábrica, nasceu em 19 de janeiro de 1839 e teve seu registro legalizado somente 5 anos depois.Fez todos os seus estudos em Aix, adquirindo uma sólida cultura clássica, tornando-se amigo de Émile Zola, seu confidente mais íntimo.
A vocação artística já estava definida quando decide estudar pintura em Paris. Freqüenta a Academia Suíça na primavera e verão de 1861, onde conhece Pissarro e Guillaumin. Fracassa, porém, no concurso para ingresso na Escola de Belas Artes.
Nos anos seguintes, alterna estadas em Paris, retornos a Aix e viagens pela Provence. Trabalha com modelos na Academia Suíça, frequenta o Louvre e obtém autorização para copiar numerosos quadros dos grandes mestres. Continua a se encontrar com Zola, que o apoia intelectual, moral e até financeiramente e conhece Bazille, Renoir, Monet, Sisley e Manet.
As primeiras telas de Cézanne não tinham muito a ver com as de seus amigos impressionistas. Ele não partilhava do desejo de novidade nem da revolta contra as normas acadêmicas. A violência dramática de seus temas é marcada por cores sombrias como em “L’enlèvement” (O Rapto- 1867). Pinta também numerosas paisagens e retratos num estilo realista inspirado em Courbet.
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A partir de 1863, Cézanne envia regularmente seus quadros ao júri do Salão Oficial de Paris. As obras seriam invariavelmente recusadas, com exceção de um retrato em 1882, embora já denotassem uma grande diversidade temática: retratos, cenas históricas ou religiosas, naturezas mortas, paisagens.
Em 1869, o artista conhece Hortense Fiquet, uma modelo, que seria sua companheira. O casal passa a guerra de 1870-1871 na Provence. Dessa união, nasce um filho em 1872. Pai de família e não recebendo mais ajuda do pai, ele se instala em Paris em 1872, às instâncias de Pissarro.
Cézanne só havia trabalhado em ateliê e resolve seguir o exemplo de Pissarro e se dedicar às paisagens como motivo. É fortemente influenciado pelo estilo impressionista do amigo de uma composição espacial mais elaborada. As obras de Cézanne na primeira participação na coletiva dos impressionistas em 1874 foram mal recebidas pela crítica. Recusa-se a enviar suas telas à segunda exposição em 1876. Volta atrás na terceira exposição em 1877, quando seus quadros são de novo mal acolhidos pelo público, que os julga pesados e grosseiramente acabados. A crítica, por sua vez, se volta com uma virulência particular contra suas telas.
Desgostoso e mortificado, Cézanne cessaria qualquer participação nas exposições impressionistas e tomaria distância dos amigos. No final dos anos 1870, ele em fim encontraria seu estilo pessoal. Não queria se fixar somente na impressão. “Eu quero fazer do impressionismo algo sólido e duradouro como a arte dos museus”, dizia. “A Ponte de Maincy” (1882) encontra-se entre as primeiras obras-primas desse estilo pessoal. O tratamento das cores das árvores, um verde profundo aplicado ligeiramente, sem separação nítida entre as pequenas partículas de cores vizinhas, é parte da visão do conjunto. A organização pictórica do quadro resulta bem marcada.
Ao lado dos retratos, das naturezas mortas, Cézanne vai se interessar pelo nu em meio à natureza que ele chamaria de ‘banhistas’. Os anos 1880 marcariam uma guinada em sua vida pessoal. Rompe com Zola em 1886, quando da exibição de “A Obra” em que o escritor se viu reconhecido no personagem do pintor fracassado Claude Lantier. A morte do pai no mesmo ano o deixa numa situação financeira folgada.
Suas pinturas seriam raramente mostradas ao público: em 1889 na Exposição Universal; em 1890 com o grupo dos 20 em Bruxelas. Em 1895, uma retrospectiva onde 150 de suas obras são expostas assinala uma viragem para Cézanne, até então recusado nos Salões e pouco apreciado nas exposições impressionistas. Havia sido descoberto, por seus antigos amigos que desconheciam sua evolução, mas também pelos jovens artistas para quem Cézanne era uma referência imediata.