No dia 13 de setembro de 490 a. C., os atenienses impedem em Marathon uma tentativa de invasão dos persas. A questão foi resolvida graças a uma modesta operação militar, mas suscita uma enorme repercussão em toda a Grécia e acaba transformando o equilíbrio geopolítico da região.
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Tudo começou uma geração antes, em 522 a. C. quando Dario I sucede a Ciro o Grande no trono dos aquemênidas – dinastia que governou a Pérsia em seu primeiro período monárquico independente, de 558 a 330 a.C. O “Grande Rei” dos persas e dos medas teve de enfrentar desde sua ascensão ao trono uma grave crise de sucessão. Suas dificuldades encorajaram as cidades gregas da Ásia Menor a rejeitar a tutela persa.
Os atenienses atravessaram então o mar Egeu e decidiram defender aquelas cidades. Ao desembarcarem na Ásia Menor, põem fogo na cidade de Sardes. Era mais do que Dario podia suportar. Após haver derrotado os atenienses perto do rio Halys, manda incendiar Mileto e deporta seus habitantes para a Mesopotâmia. Depois envia sua frota à Grécia sob o comando de seu genro, Mardonios. A frota seria destruída por uma tempestade em 492 a. C., em algum lugar próximo do monte Athos. Trezentos navios e 20 mil homens desaparecem.
A segunda tentativa é mais bem sucedida. Sob o comando dos generais Datis e Artaferne, os persas e seus aliados, os medas, desembarcam na planície de Marathon, a 35 quilômetros de Atenas. Diz a tradição que os invasores contavam com cerca de 100 mil homens. Deparam-se diante de si apenas com um exército de 10 mil cidadãos de Atenas. As outras cidades gregas deixaram ou negaram-se a participar do conflito, com exceção de Platea, na Beócia, que enviou mil homens.
Graças à inteligência do estrategista Miltiades, que comandava as operações, os atenienses e seus aliados superaram sua inferioridade numérica. Evitam o tradicional corpo a corpo desordenado das antigas batalhas, postam-se em linha e depois investem contra os persas em marcha batida. Desconcertados por esta nova tática de batalha, a primeira ordenada e enfileirada da História, os invasores recuam às pressas às suas embarcações sem se preocupar com os que restaram.
Tão logo a batalha de Marathon havia terminado, Miltiade envia um mensageiro chamado Filípedes anunciar a vitória aos habitantes de Atenas. Queria ao mesmo tempo tranquilizá-los e alertá-los quanto ao desembarque da frota persa nas proximidades da cidade. Segundo a tradição, Filípedes morre de exaustão ao chegar ao pé da Acrópole, após correr por quatro horas. Teve tempo apenas de pronunciar uma única palavra antes de sucumbir: “Nenikamen” , que significa “Nós ganhamos”.
Pouco depois chegam os herois de Marathon. Apesar da superioridade, os persas desistem de prosseguir em sua ofensiva e dão meia volta. A lembrança de Filípedes está na origem da prova mais tradicional e uma das mais prestigiosas dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, a maratona.
A Batalha de Marathon marca o fim da primeira guerra médica. Embora de pouca expressão pelos efetivos empregados e pelo alcance militar estratégico, ela teve uma repercussão moral considerável. A Grécia foi salva graças a Atenas e a cidade firmou sua hegemonia sobre seus vizinhos assumindo o comando da Confederação de Delos. Com o estímulo de Temístocles, chefe de um partido bastante popular, Atenas iria se preparar também para uma nova confrontação com os persas.
Enquanto isso, na Pérsia, Xerxes sucede seu pai Dario I em 486 a. C. Teve de se dedicar um tempo para reprimir uma revolta no Egito antes de retomar a guerra contra a Grécia. Esta segunda guerra médica terminaria em Salamine, também com desvantagem para os persas.
Hoje ainda, na planície de Marathon, se presta homenagem à beira dos túmulos onde repousam os restos de 192 soldados atenienses. Em outro local repousariam 6400 Persas. Trata-se, sem dúvida, dos mais antigos cemitérios militares da história.
Também nesse dia:
1923 – Primo de Rivera encabeça golpe de Estado na Espanha
1993 – Os acordos de Oslo trazem esperança de paz em 1993
1968 – Albânia anuncia sua retirada do Pacto de Varsóvia
1911 – Morre em Paris, aos 52 anos, o poeta Raimundo Correia
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