Atualizada em 14/09/2017 às 12:19
É aberta em 14 de setembro de 1925, em Paris, a primeira exposição surrealista. Max Ernst, Pablo Picasso, André Breton, Joan Miró, Man Ray, Marcel Duchamp, Salvador Dali, Giorgio de Chirico e outros revelam ao público uma pintura fortemente inspirada nos desenvolvimentos da psicanálise.
O espetáculo confirmou que havia um componente surrealista nas artes visuais e técnicas do dadaísmo, como a fotomontagem. Em 1928, o poeta e Breton publica Surrealismo e Pintura, que resumia o movimento até aquele ponto, embora a escola prosseguisse até os anos 1960.
O surrealismo foi desenvolvido a partir do movimento dadaísta da I Guerra Mundial e o mais importante centro do movimento foi Paris. Nos anos 1920, o movimento se difundiu em todo o mundo, acabou afetando as artes visuais, literatura, cinema, música e línguas, bem como o pensamento e prática política, filosófica e teoria social.
Durante a I Guerra Mundial, André Breton, que viria a ser o líder dos surrealistas e tinha formação em medicina e psiquiatria, serviu em um hospital neurológico. Lá, ele usou os métodos da psicanálise de Sigmund Freud com os soldados em estado de choque.
De volta a Paris, Breton lançou o jornal literário Littérature junto com Louis Aragon e Philippe Soupault. Começaram a experimentar a “escrita automática”, escrevendo seus pensamentos de forma espontânea e sem censura, bem como relatos de sonhos. Breton e Soupault analisaram em profundidade “o automatismo” e escreveram Les Champs Magnétiques em 1919. Outros artistas juntaram-se ao grupo, acreditando que o “automatismo” era a melhor tática para as mudanças sociais aos valores vigentes.
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O surrealismo defendia a ideia de que expressões comuns eram vitais e importantes, mas que se devia estar aberto a toda a gama de imaginação segundo a dialética hegeliana. Levavam em conta também a dialética marxista e os trabalhos de teóricos como Walter Benjamin e Herbert Marcuse.
O trabalho de Freud com livre associação, análise de sonhos e do inconsciente foi da maior importância para os surrealistas no desenvolvimento de métodos para libertar a imaginação.
O grupo teve como objetivo também revolucionar a experiência humana, incluindo a pessoal, aspectos culturais, sociais e políticos, libertando as pessoas do que eles viam como falsa racionalidade e costumes restritivos e estruturais.
Breton proclamou, o verdadeiro objetivo do surrealismo é “viva a revolução social, e em paz!”. Por esse objetivo, várias vezes os surrealistas eram vistos como comunistas e anarquistas.
Pouco depois de lançar o primeiro Manifesto Surrealista de 1924, os surrealistas publicaram a edição inaugural da revista La Révolution Surréaliste, que durou até 1929. Pierre Naville e Benjamin Péret eram os editores e a publicação foi concebida no formato da revista científica La Nature. A revista além do texto incluía reproduções de arte, entre elas obras de Chirico, Ernst, Masson e Ray.
Em 1925 formou-se um grupo surrealista autônomo em Bruxelas. O grupo incluía o músico, poeta e artista ELT Mesens, o pintor e escritor René Magritte, Paul Nougé, Marcel Lecomte, Camille Goemans, e André Souris. Em 1927, juntaram-se ao poeta Louis Aragon. No mesmo ano, Goemans e Magritte se mudaram para Paris e frequentaram o círculo de Breton. Os artistas, com suas raízes no dadaísmo e no cubismo, na abstração de Wassily Kandinsky, no expressionismo, e no pós-impressionismo, também chegaram à chamada arte primitiva e “naif”.
Um exemplo notável da linha usada pelos críticos para distinguir o dadaísmo do surrealismo é a comparação entre as obras de Ernst Little Machine Constructed by Minimax Dadamax in Person de 1925, com Le Baiser de 1927. No primeiro trata-se de um subtexto erótico, enquanto o segundo apresenta um ato erótico aberto e direto. Em Miró e em Picasso é visível o uso de curvas fluidas e linhas de interseção e cores, que viria a ser influente em movimentos como a pop art.