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“A Ratoeira”, peça teatral com trama envolvendo um misterioso assassinato, escrita pela romancista e dramaturga inglesa Agatha Christie, estreia no Ambassadors Theatre em Londres em 25 de novembro de 1952. Essa história policial, que caiu no gosto popular, se tornaria a peça que mais tempo permanceu em cartaz ininterruptamente na história das encenações. A estreia contou com a presença de 453 pessoas. Até os dias de hoje, mais de 10 milhões de espectadores a viram em suas mais de 20 mil performances na região de West End da capital inglesa.
Quando “A Ratoeira” estreou em 1952 foi um sucesso imediato, o que provavelmente é fruto da capacidade de Agatha Christie de desenvolver personagens complexos. Na montagem, que envolve intriga, crime e drama, cada uma das pessoas confinadas em uma casa tem motivos para ser o responsável por um assassinato.
Christie, já uma consagrada romancista de temas policiais e de mistério, escrevera o drama para a rainha Mary, mulher do rei George V. Inicialmente intitulada “Três Ratos Cegos”, estreou como rádio-novela com duração de 30 minutos, por ocasião do 80º aniversário da rainha em 1947. Mais tarde Christie reviu e estendeu a peça, renomeando-a de “A Ratoeira” – uma referência à peça dentro de uma peça encenada em Hamlet de William Shakespeare.
A estreia contou com a presença de 453 pessoas.
A trama
A história é sobre um jovem casal, Mollie e Giles Ralston, que iniciam um negócio no ramo de hotelaria. Certa noite encontram-se ilhados com mais quatro hóspedes por uma tempestade de neve, que impede a saída ou a chegada de alguém ao hotel, junto a um passante ocasional, que conseguiu chegar até lá, com um carro acoplado a esquis nos pneus.
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De repente, o sargento-detetive Trotter chega até o hotel de esquis, avisando que um assassino deve estar se dirigindo para lá, depois de ter matado uma certa srta. Maureen Lyon em Londres.
Quando uma das hóspedes, a Srta. Boyle, aparece morta, todos se conscientizam que o assassino está entre eles. A suspeita cai, em princípio, sobre Christopher Wren, um jovem nômade que tem uma aparência semelhante à descrição feita do criminoso pelo detetive. Porém, logo fica claro que o assassino pode ser qualquer um deles, inclusive os donos dos hotel.
Por tradição, no final de cada apresentação, o público é convidado a não revelar a identidade do assassino para ninguém de fora do teatro, para garantir que o final do jogo não sejá estragado para o público no futuro. A identidade do assassino é revelada no final do jogo, quando o sargento Trotter reúne todos na sala de jantar com o plano de montar uma armadilha para um dos suspeitos.
Em 1974, depois de mais de 9 mil sessões, a peça foi levada para o St. Martin's Theatre, onde se apresenta há 38 anos ininterruptos. Neste ano de 2012, completam-se 60 anos da estreia do espetáculo. Da mesma idade que o reinado de Elizabeth II, A Ratoeira preserva, há 53 anos, o título de espetáculo há mais tempo em cartaz no mundo.
De segunda a segunda-feira, sempre às 19h30, a peça é encenada na capital britânica, tendo acumulado um histórico de 24 mil performances. Já passaram pela montagem 403 atores e atrizes diferentes, 200 quilômetros de tecido foram gastos com figurino e 426 toneladas de sorvete foram consumidas pela plateia.
Seis anos depois da estreia, no dia 12 de abril de 1958, “A Ratoeira” entrou para o Livro dos Recordes como o espetáculo há mais tempo em cartaz na história do teatro. Hoje, não é mais só a encenação que figura entre os recordistas. David Raven é o ator que mais vezes encenou o mesmo personagem. De 1957 a 1968 na pele do Major Metcalf, ele subiu aos palcos 4.575 vezes. Nancy Seabrooke trabalhou como atriz substituta na mesma peça por 15 anos.
“A Ratoeira” não é considerada a melhor peça de Christie. Um proeminente diretor declarou certa vez que a peça deveria ser abolida por ato do Parlamento. No entanto, sua popularidade jamais declinou. Perguntada sobre seu duradouro apelo, Christie disse: “É um tipo de peça que pode agradar a qualquer um. Não é assustadora, tampouco horripilante. Não é precisamente uma farsa mas um pouco de todos esses ingredientes. Talvez por isso satisfaça a um monte de pessoas diferentes”.
Agatha Mary Clarissa Christie, autora deste e de outros consagrados romances de mistério, morreu em janeiro de 1976.
Hoje na História:
1841 – Escravos do navio Amistad são absolvidos nos EUA
1867 – Alfred Nobel registra a patente da dinamite
1958 – Senegal vota pela independência como república dentro da Comunidade Francesa
1967 – Chuvas torrenciais inundam Lisboa, destruindo prédios e causando mais de 500 mortes
1973 – Série de golpes acaba com ditadura na Grécia