Em 13 de dezembro de 1942, o ministro de propaganda do governo alemão, Joseph Goebbels, publica artigo em jornal sobre sua inconformidade com o tratamento dado por Roma aos judeus nos territórios ocupados pelos italianos.
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“Os italianos são extremamente permissivos e tolerantes em seu tratamento aos judeus. Eles protegem os judeus italianos tanto em Túnis quanto na França ocupada. Não querem permitir que eles sejam recrutados para determinados trabalhos, nem os obriga a portar a Estrela de David.”
Joseph Goebbels fizera da perseguição e, por fim, do extermínio dos judeus a sua prioridade pessoal desde os primórdios da Segunda Guerra, registrando com frequência em seu diário afirmações como “eles não são mais gente e sim bestas”, “a destruição deles irá caminhar com a destruição de nossos inimigos” e “os judeus estão sendo agora evacuados para regiões do leste. Os procedimentos podem ser considerados bárbaros e não podem ser aqui descritos mais pormenorizadamente. Não devem restar muitos deles.”
Foi por sua recomendação que todos os judeus da Paris ocupada deveriam ser obrigados a trajar uma estrela amarela do lado esquerdo de seus paletós ou jaquetas com o fim de identificá-los e humilhá-los.
Seu antissemitismo infamante, que incluía a acusação de os judeus terem sido responsáveis pela eclosão da guerra, em uma extensa diatribe publicada na revista alemã Das Reich, não poderia se restringir às fronteiras germânicas. Esperava o mesmo comportamento de seus aliados. Porém, verdade seja dita, nos primeiros dias do fascismo, Mussolini negara qualquer validade à ideia de uma “raça pura”, contava com vários amigos próximos de origem judaica e manifestava-se até a favor do incipiente sionismo.
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Contudo, com os sucessivos desastres militares que ocorreram, Mussolini precisou ressaltar a ‘superioridade italiana’ em algum sentido, passando então a copiar mimeticamente muito da legislação racial anti-judaica dos nazistas.
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Apesar dos pedidos alemães, os italianos não tinham a intenção de enviar os judeus a Auschwitz
Entretanto, Mussolini jamais teve estômago – ou convicção – para os extremos de Hitler e Goebbels. Aliado a isso, a maioria do povo italiano nunca respaldou a crescente retórica antissemita do regime. De fato, os italianos recusaram a deportação de judeus da Itália, ou da Croácia ocupada, para Auschwitz.
A coragem de boa parte dos italianos em rejeitar o pior da ideologia fascista permanece como uma luz de tolerância em meio à vergonhosa e desastrosa participação da Itália no contexto da ascensão do fascismo e da Segunda Guerra Mundial.
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