Atualizado em 03/02/201 às 09:35
Em 3 de fevereiro de 1953, o oceanógrafo francês Jacques-Yves Cousteau publica sua mais famosa obra, O Mundo Silencioso.
Nascido em Saint-Andre-de-Cubzac, em 1910, Cousteau cursou a Escola Naval de Brest. Enquanto servia na Marinha Francesa, começou com suas explorações submarinas, filmando navios naufragados e o mundo submarino do Mar Mediterrâneo através de um aquário de vidro.
À época, o único sistema disponível e seguro para a respiração durante a exploração subaquática obrigava o mergulhador a ficar atado à superfície por um cabo e retornar frequentemente. Cousteau buscou desenvolver um dispositivo autônomo.
Em 1943, com a ajuda do engenheiro Emile Gagnan, construiu o primeiro aparelho de respiração subaquática, o “scuba”, princípio do escafandro autônomo, a que deu o nome de Aqua-Lung (Água- Pulmão).
Com o Aqua-Lung, o mundo que existia debaixo da superfície oceânica, em grande parte totalmente inexplorado, foi aberto como nunca antes por Cousteau. Ele desenvolveu câmeras e fotografia subaquáticas que foram inclusive utilizadas pela Marinha da França para explorar os navios naufragados. Em seu tempo livre, explorou antigos restos de navios naufragados e estudou a vida suboceânica.
Em 1948, publicou seu primeiro livro Par Dix-huit Mètres de Fond (Aos 18 metros de profundidade). Em 1950, Lord Guinness, um patrocinador britânico, comprou-lhe um velho navio caça-minas inglês para utilizar em suas explorações.
Reprodução
Trailer de “O Mundo Silencioso”
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Cousteau converteu o barco em navio oceanográfico, batizando-o de Calypso. Em 1953, publicou O Mundo Silencioso, escrito em conjunto com Frederic Dumas, começando então a trabalhar numa versão cinematográfica do livro, realização do diretor Louis Malle. Três anos mais tarde, O Mundo Silencioso, o filme, estreou com aclamação mundial. A produção, que revelou ao público o universo oculto dos peixes tropicais, baleias e morsas, conquistou o Oscar de Melhor Documentário e a Palma de Ouro no Festival Cinematográfico de Cannes.
Com o sucesso do filme, Cousteau deixa de trabalhar a bordo do navio para se dedicar inteiramente à oceanografia. Deu as boas-vindas a geólogos, arqueólogos, zoólogos, ambientalistas e outros cientistas a bordo do Calypso e chefiou numerosas excursões a mares e a bacias fluviais, do Mar Vermelho ao rio Amazonas.
Ele chefiou o Conshelf Saturation Dive Program – programa de investigação durante o qual um grupo de experimentadores viveu, realizando diversos trabalhos, na plataforma pré-continental a uma importante profundidade abaixo do nível do mar.
À incessante tarefa oceanográfica do capitão de fragata Cousteau deve se somar outra não menos importante de organização de centros de estudo. Com seu alto prestígio pôde conseguir de diversos setores particulares os fundos necessários para equipar o Calypso.
Deve-se também a ele a criação de um centro denominado Campagnes Océanographiques Françaises (em Paris), o Office Français de recherches Sous-Marines (Marselha) e o Unites States Liaison Committee for Oceanographic Research (Nova York), uma atividade de conferencista em vários países.
Realizou notáveis documentários cinematográficos. Além das obras citadas, foi autor de O Mergulho em Escafandro, em colaboração com Tailliez, Dumas, Devilla y Alinat; O Mar Vivo (1963), Três Aventuras: Galápagos, Titicaca, os Buracos Azuis e Jacques Cousteau: O Mundo Oceano (1985).
Foi dos primeiros a perceber o dano provocado pelos homens ao ecossistema marinho, além de ter sido um extraordinário e persuasivo ambientalista. Cousteau morreu em 1997, aos 87 anos, em Paris.
Wikimedia Commons
Embarcação “Calypso”, que acompanhou a equipe de Cousteau em diversas de suas missões