Atualizada em 26/04/2018 às 11:50
A pílula anticoncepcional é lançada nos Estados Unidos em 3 de maio de 1960 e aprovada no Reino Unido no ano seguinte. Desenvolvida pelo biólogo norte-americano Gregory Pincus, especialista em reprodução feminina, teve sua primeira versão, Enovid, contendo hormônios estrógenos e progesterona sintética.
Não foi um caminho fácil para o dr. Pincus. Tinha problemas financeiros e dificuldade para obter apoio às suas pesquisas por parte de empresas farmacêuticas e universidades. As coisas começaram a mudar quando conheceu Margaret Sanger, católica, porém voltada a um programa de controle da natalidade, e a feminista Katherine McCormick, de quem recebeu respaldo financeiro para o projeto.
A primeira experiência que identificou os próprios hormônios femininos como uma possível solução para impedir a gravidez ocorreu em 1921. Assim, muitos anos de estudos e pesquisas foram necessários até chegar ao dr. Pincus, o “pai da pílula”.
O Enovid foi criado com uma concentração muita alta de hormônios. Sua composição constava de 150 mg de estrogênio sintético e 9,85 mg de derivado de progesterona; isto significa dez vez mais hormônios do que tem a pílula atual. Uma verdadeira bomba de hormônio sintético que provocava inúmeros efeitos colaterais, desde a retenção de líquido até problemas mais graves que podiam levar à morte.
Diante das duras críticas que a pílula sofreu, na década de 1970 surge a segunda geração de pílulas, com menos hormônios e sem perda da eficácia. A terceira geração de pílulas chegou ao mercado em 1990 com adicionais também importantes para a qualidade de vida da mulher – aliviar sintomas de TPM e acne. A última novidade, agora, é a chamada pílula verde, que ao ser eliminada não agride o meio ambiente. Vendida só na Europa, ela usa uma substância idêntica aos hormônios naturais produzidos pelo organismo.
Wikicommons
Responsável pelo desenvolvimento da medicação foi o dr. Gregory Pincus
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As pílulas modernas têm uma quantidade muito menor de hormônio que as antigas. Estudos já comprovaram que o uso prolongado do anticoncepcional oral, além de não causar infertilidade, diminui o risco de tumores de ovário, do endométrio e colorretal, mas alguns desconfortos ainda podem ocorrer, como náuseas e enxaquecas.
Ao conseguir produzir a combinação de hormônios sintéticos semelhantes aos produzidos naturalmente pela mulher, comprovando a eficácia do método hormonal, obteve a aprovação junto a FDA (Foods and Drugs Administration). Fácil de encontrar, simples de usar e com uma margem de segurança alta, rapidamente este remédio fez o maior sucesso e passou a ser um dos métodos de preferência das mulheres em todo o mundo.
Hoje são 100 milhões de mulheres que a utilizam. No entanto, nem todas as mulheres podem tomar a pílula, e menos ainda de forma indiscriminada sem o devido acompanhamento médico.
A pílula anticoncepcional é um dos métodos mais indicados na adolescência, devendo ser usada juntamente com o preservativo. Esse método hormonal, porém, ainda gera insegurança, mitos, polêmicas e principalmente dúvidas e equívocos, como o colocado por este usuário do Sextips. “Fiz sexo sem camisinha com a minha namorada. Ela toma as pílulas anticoncepcionais da forma correta e está em dia com elas. É possível que ela tenha engravidado?”
Teoricamente, a resposta é não. A garota que toma pílula diariamente ingere uma pequena quantidade de hormônios sintéticos, semelhantes àqueles que são produzidos nos ovários – estrógeno e progesterona – que “enganam” o cérebro e impedem que a ovulação aconteça. Sem óvulo, não há como o espermatozóide fecundar. Porém, se a menina toma a pílula de forma inadequada, cometendo os erros mais frequentes, como esquecer de tomá-la por um ou dois dias, atrasar o início da cartela ou mesmo interrompê-la, o risco de gravidez pode aumentar muito.
A preocupação deste usuário faz sentido não pela pílula, que é muito eficaz, mas pela sua conduta equivocada. A prevenção deve ser compartilhada, pois quando o garoto deixa de usar a camisinha porque a garota está tomando pílula, ele perde o controle sobre uma das decisões mais importante de sua vida: não ser pai na adolescência.
Com informações de Maria Helena Vilela e Instituto Kaplan