O ânimo dos ‘criollos’, espanhóis nascidos na Argentina, em maio de 1810, estava inflado de fervor patriótico. Episódios como a Reconquista e a Defesa durante as invasões inglesas; a Revolução Francesa; a independência dos Estados Unidos; as ideias do Iluminismo; e a invasão da Espanha por Napoleão, fizeram os nativos da Argentina compreenderem que seriam capazes de governar-se sozinhos.
A ideia da Revolução começou a tomar força em reuniões secretas em diversos locais. Rapidamente a semente da liberdade se expandiu, com a criação de uma sociedade secreta integrada, entre outros, por Nicolás Peña, Manuel Belgrano, Juan Paso, Hipólito Vieytes, Agustin Donato e Manuel Alberti.
As reuniões tinham lugar na casa de Vieytes, na de Nicolás Peña ou na quinta de Orma. Cornelio Saavedra ofereceria seu contingente armado, os Patrícios.
Como ocorreu a Revolução de Maio na Argentina?
Na manhã de 15 de maio de 1810, o vice-rei Cisneros soube, por notícias trazidas pelo barco inglês Milestoe, que a Junta de Cadiz estava a ponto de cair em mãos francesas. O vice-rei não ocultou a verdade e, em 18 de maio, expôs os fatos e manifestou vontade de lutar pela coroa espanhola e pela “liberdade e independência” de toda a dominação estrangeira.
Isto não foi suficiente para tranquilizar a população nem os Comandantes de Armas.
Os ‘criollos’ exigem a realização de um Cabildo Aberto para tratar da situação na Espanha. Cabildo é o nome dado às corporações municipais instituídas na América Espanhola durante o período colonial que se encarregavam da administração geral das cidades coloniais.
Saavedra e Belgrano então se reuniram com o prefeito, Juan Lezica. Cisneros reuniu na Fortaleza os chefes militares para lhes pedir apoio, o que foi negado. Os patriotas decidiram que Castelli e Martin Rodriguez se apresentassem ante o vice-rei para exigir a convocação de um Cabildo Aberto. Cisneros finalmente aceitou convocar os principais habitantes para deliberar acerca da conjuntura.
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Junta Revolucionária fio formada em 25 de maio de 1810
Foram então distribuídas 450 convocações para participar do Cabildo em 22 de maio. Dos 450 convidados, compareceram apenas 251. O debate se iniciou com o escrivão do Cabildo, Justo Nuñez, que aconselhou a acatarem a autoridade do vice-rei. Em seu discurso, referiu-se também ao perigo que a ambição portuguesa representava.
O bispo de Buenos Aires, Benito Riega, sustentou que ainda no caso de perda da Península Ibérica, os espanhóis deveriam continuar governando na América e os ‘criollos’ só poderiam chegar ao poder quando não permanecesse nenhum espanhol nessas terras. Castelli o confrontou, fundamentando os direitos do povo de exercer sua soberania e formar um novo governo.
Ruiz Huidobro, em nome de alguns grupos militares, defendeu que Cisneros devia deixar o governo por ter caducado a autoridade que o nomeou. O procurador Manuel Villota afirmou que as resoluções dos habitantes de Buenos Aires careciam de validez porque não representavam todo o vice-reino.
O presbítero Nepomuceno Solá se mostrou partidário de entregar o poder ao Cabildo até se formar uma junta integrada por deputados de todo o vice-reino. Juan Paso, advogado ‘criollo’, defendeu a necessidade de estabelecer na cidade uma Junta Governativa o quanto antes.
Decidiu-se pôr a voto a proposta de Cornelio Saavedra, de cessação do governo do vice-rei e a delegação ao Cabildo de governar até a formação de uma Junta que exerceria o poder com base na participação popular.
A votação no Cabildo, realizada em 23 de maio, apresentou o seguinte resultado: 155 votos pela destituição do vice-rei e 69 pela continuação no comando. O governo deveria ficar em mãos de uma Junta em nome do rei espanhol Fernando VII.
Em 24 de maio, o Cabildo, cumprindo o mandato recebido, nomeia uma Junta composta pelo vice-rei Cisneros, Juan Solá, Juan Castelli, Cornalio Saavedra e José de Incháurregui, representando distintos setores. Cisneros era funcionário; Saavedra, militar; Solá, clérigo; Castelli, advogado e Incháurregui, comerciante.
Apesar da decisão anterior do Cabildo, o vice-rei Cisneros foi designado Chefe da Junta. Saavedra e Castelli aceitaram o argumento de não alarmar as províncias, já que haviam defendido a importância de consultar as populações do interior.
O povo, porém, não queria Cisneros. Somado ao descontentamento nos quartéis, os rumores nos conventos e a reação dos comerciantes, a agitação popular começou a tomar forma.
Os cabecilhas da revolta eram Domingos French, Antonio Beruti e outros jovens conhecidos como ‘chisperos’ (soltadores de faísca), integrantes da chamada Legião Infernal.
Saavedra e Castelli não resistiram ao clamor popular e renunciaram. Ante a pressão popular, o Cabildo aceitou a renúncia da Junta. Um grupo de jovens encabeçado por Beruti se apresentou na sala de Acordos e deu a conhecer a lista das pessoas que integrariam a nova Junta Governativa.
Um dos membros da Junta destituída assomou o balcão e ao ver somente um pequeno número de populares perguntou: “Onde está o povo?” a que os patriotas responderam: “Abram-se os quartéis e verás!”
Sem meios para resistir, os membros do Cabildo reconheceram a autoridade da Junta Revolucionária. Era dia 25 de maio de 1810.
Também nesta data:
1720 – Nova peste negra dizima população de Marselha
1911 – Thomas Mann concebe o romance “Morte em Veneza”
1977 – Estreia o primeiro filme da saga “Guerra nas Estrelas”