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Morre, em 30 de agosto de 2003, em Los Angeles, o ator norte-americano de origem lituana Charles Bronson, em razão de uma pneumonia agravada pelo mal de Alzheimer que já o afetava há cinco anos. Foi um dos maiores ícones de Hollywood dos filmes policiais e de velho oeste, muitos deles caracterizados por violência excessiva e louvor à vingança. Interpretou muitas vezes o estereótipo do herói durão e de sangue frio, inclemente contra os “criminosos”. Muitas vezes confundido por seus papeis com sua própria personalidade, era classificado como um homem/ator de muita ação e poucas palavras.
Nascido como Charles Dennis Buchinski, em 3 de novembro de 1921, como um dos 14 irmãos de uma família humilde de imigrantes lituanos. Foi trabalhar com os irmãos em uma mina de carvão após completar o ensino médio, experiência que o fez sofrer de claustrofobia pelo resto da vida – por influência da família, começou a falar inglês somente no final da infância (mas era fluente em lituano, russo e grego).
Após participar da II Guerra, utilizou-se dos benefícios concedidos a veteranos para estudar artes cênicas. Impressionou logo de cara seus professores, que o recomendaram para o diretor Henry Hathaway. Isso resultou na primeira aparição de Bronson no cinema em “Agora Estamos na Marinha” (1951).
Começou a fazer diversas pontas, a maioria das vezes sem ser creditado, como no filme acima. Os primeiros filmes em que recebeu menção levavam seu sobrenome original, Charles Buchinski. No entanto, teve atuações de destaque nessa fase, como Igor, o assistente maléfico do professor Henry Jarrod, intepretado por Vincent Price em “Museu de Cera” (1953).
O sobrenome artístico “Bronson” tenha derivado do portão Bronson, uma das entradas dos estúdios da Paramount Studios, localizado ao norte da Bronson Avenue, em Hollywood. Na era do Macartismo, um nome como Buchinski teria problemas para se estabelecer.
Por seu biotipo físico, foi escalado para uma série de papeis de ação, muitas vezes aparecendo sem camisa, mas ia recebendo boas referências dos críticos. Seu primeiro papel principal foi em “Dominados pelo Ódio” (1958), de Roger Corman, interpretando um ladrão de bancos.
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O primeiro grande western foi no papel do mestiço mexicano e irlandês Bernardo O’Reilly, em “Sete Homens e um Destino” (1960), de John Sturges, a adaptação hollywoodiana do clássico de Akira Kurosawa “Os Sete Samurais” (1954). Seguiu-se uma série de filmes em papeis fortes, como “Fugindo do Inferno” (1963) e “Os Doze Condenados” (1967).
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O olhar frio e compenetrado de “Harmonica”, personagem principal de “Era uma vez no Oeste”
Seu estilo “minimalista” de atuação chamou a atenção de diretores europeus. Por essa fase passaram alguns de seus melhores filmes, como o francês “O Passageiro da Chuva” (1970), de René Clement, o western “Era Uma Vez no Oeste” (1968), do italiano Sergio Leone, considerado por muitos o melhor do gênero em todos os tempos, ou Sol Vermelho (1971), de Terence Young, com boa parte do elenco japonês.
Reprodução/Desejo de Matar
De volta aos Estados Unidos, passou a atuar em diversas histórias de crimes até o lançamento do violento e controverso Desejo de Matar (1974), de Michael Winner. Bronson, que finalmente chega ao estrelato aos 53 anos, interpreta pela primeira vez o papel de Paul Kersey, um arquiteto que tem a mulher assassinada e a filha violentada. Inconformado pelos responsáveis não terem sido presos, vira um justiceiro e sai matando criminosos em Nova York às dezenas. O filme teve quatro sequências, mesmo que muito criticado, e ocorreu em um contexto onde os Estados Unidos observavam um aumento exponencial da violência urbana.
A parte 3 de desejo de Matar, no entanto, merece um capítulo à parte por ser emblemática como um resumo não só dos filmes policiais da segunda metade do século XX, mas da apologia ao porte de armas e do senso de justiça punitivista de parte da sociedade norte-americana (e também brasileira), que pode se resumir no chavão “bandido bom é bandido morto”, sem qualquer espaço para os direitos humanos. Destaque para a cena da morte do batedor de carteiras traduzido como “Risadinha”, planejada por Kersey, que acaba aplaudido de pé pela vizinhança – chega a ser natural, ao rever essa cena anos depois, em comparar os vizinhos com os comentaristas de páginas policiais na internet.
A carreira de Bronson continuou muito ativa até os anos 1980, com filmes de violência, western e espionagem. Além de “Unidos Pelo Sangue” (1991), de Sean Penn, Bronson fez seus últimos papeis nos anos 1990, com uma trilogia policial para a TV, Family Cops (Família de Policiais), além, é claro, da quinta e última versão de Desejo de Matar (1994).
Em 2000, já viúvo e combalido pela morte da esposa Jill Ireland, foi diagnosticado com Mal de Alzheimer, que o afetava desde 1998. Acabou morrendo de uma pneumonia em decorr~encia da doença no Centro Médico Cedars-Sinais, em Los Angeles.
Também nesta data:
30 a.C. – Rainha do Egito Cleópatra tira a própria vida
1914 – Crucial derrota russa em Tannenberg para o exército prussiano
1918 – Lenin sobrevive a atentado em Moscou
1923 – No auge da estratosférica inflação alemã, um dólar é trocado por 10 milhões de marcos
1963 – EUA testam linha de comunicação direta entre Washington e Moscou