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O general Carlos Prats foi assassinado pela DINA – polícia política chilena – na madrugada de 30 de setembro de 1974, nos marcos da “Operação Condor” com a explosão de uma bomba colocada em seu automóvel, um Fiat 125, em Buenos Aires, para onde havia fugido após o golpe de Estado de 11 de setembro do ano anterior. Estava acompanhada de sua mulher que também faleceu.
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Prats havia sido comandante-em-chefe do Exército durante o governo de Eduardo Frei e mantido em seu cargo por Salvador Allende. Durante o governo da Unidade Popular ocupou os cargos de ministro do Interior, Defesa e vice-presidente da República.
Nascido em Talcahuano em 24 de fevereiro de 1915, com 16 anos ingressa no exército, chegando a converter-se no melhor aluno da Escola Militar. Além de oficial brilhante, forma-se mestre em Ciências Políticas, disciplina de Relações Internacionais na Pontifícia Universidade do Chile. Foi também graduado em Ciências Políticas e Sociologia Universidade Complutense de Madri.
Amigo de toda a vida do general René Schneider – ambos amantes da pintura, da literatura, católicos e políticos, que acreditavam que as armas não podiam ser utilizadas para mudar a vontade popular expressada nas urnas – sofreu um golpe devastador ao inteirar-se do atentado contra Schneider, em 22 de outubro de 1970, perpetrado pelo general de ultradireita Roberto Viaux para impedir a eleição de Allende pelo Congresso.
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Entre 1971 e 1972 se concentra em uma intensa atividade a fim de colocar o Exército em idênticas condições de remuneração com os demais institutos armados além de lograr aprovação do direito de voto aos suboficiais das Forças Armadas.
Prats foi o impulsionador da reforma constitucional que estabeleceu que “as Forças Armadas são profissionais, disciplinadas, hierarquizadas, obedientes e não deliberantes”.
Em outubro de 1972, irrompe uma greve geral de caminhoneiros. Allende convoca as Forças Armadas a integrar o gabinete de paz social. Prats é nomeado ministro do Interior em 2 de novembro de 1972. Houve certo arrefecimento nas tentativas de desestabilização do governo, mas elas voltariam com mais força.
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Prats e os ministros militares permaneceram no gabinete até março de 1973, para garantir a realização de eleições parlamentares.
Em 27 de junho de 1973, Prats era conduzido por seu chofer ao seu gabinete. Ao ser reconhecido, foi insultado por muitos dos automobilistas que circulavam junto ao seu veículo. Ao deter-se num cruzamento, um Renault vermelho se colocou ao seu lado. Dentro dele, dois homens passaram a xingá-lo e fazer gestos obscenos. Prats abre a janela lateral, aponta seu revólver e ordena ao motorista que parasse. O Renault não obedece e Prats, enfurecido, numa reação instintiva, dispara dois tiros que atingiram o paralama dianteiro esquerdo.
O motorista sai do carro e naquele momento Prats percebe que era uma mulher – Alejandrina Palma – que ele havia confundido com homem devido ao corte curto do cabelo. Enquanto Prats pedia perdão, uma multidão se aglomerou acusando o general de tentar matar a mulher. Um taxista acudiu-o: “General, vão linchá-lo. Deixe-me tirá-lo daqui!”.
À tarde, Prats foi a La Moneda apresentar sua renúncia, negada por Allende. Todavia, as notícias do incidente ganharam as primeiras páginas dos jornais que o acusaram de covardia e incapaz de comandar o exército.
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Em 29 de junho, um regimiento blindado, comandado pelo coronel Roberto Souper, leva a cabo uma intentona golpista, o “Tancazo”. A sublevação foi sufocada por Prats, junto a forças leais ao governo. Allende confirmou Prats no comando do Exército, ascendendo-o a general de Exército. No entanto, Prats conseguiu que se respeitasse a independência da instituição ao fazer com que Allende deixasse de pasar à reserva militares não gratos à Unidade Popular.
Prats assume o ministério da Defesa em 9 de agosto. Boa parte dos militares manifesta sua insatisfação pela volta de Prats ao governo.
Em 21 de agosto, quando o general, gripado, descansava em casa, se produz uma manifestação de esposas de generais diante da residência. Ao ato se somam oficiais a paisana e até um uniformizado. Ministros, entre eles Pinochet, o segundo de Prats, acorrem ao local mas são todos vaiados. No dia seguinte Prats solicita que seus generais confirmem públicamente sua lealdade, porém a maioria se nega.
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O corpo do general Prats assassinado em Buenos Aires
Em 23 de agosto apresenta sua renuncia irrevogável à chefia do Exército e a de ministro da Defesa. Prats recomenda a Allende que nomeie Pinochet para sucedê-lo, dado que tinha uma longa folha corrida como soldado profissional e apolítico.
Depois do golpe de Estado encabeçado por Pinochet em 11 de setembro de 1973, Prats, prevenido de que grupos fascistas o procuravam para assassiná-lo, vai para a Argentina na madrugada de 15 de setembro.
Ele havia chegado à Argentina como hóspede do Exército argentino e do presidente Juan Domingo Perón, consegue trabalho como Gerente de Relações Públicas da empresa Cincotta. Sabia que estava sendo vigiado por agentes do governo Pinochet que “haviam se deslocado do Chile a fim de encontrar um pretexto que pudesse ofender sua honra ou que permitisse mostrá-lo como um general a serviço do marxismo. Segundo documentos entregues pelo ex-brigadeiro Pedro Espinoza, agente da DINA, Juan Morales Salgado, vigiava todos os passos de Prats e sua mulher.
Prats decide então viajar para a Espanha. Como o passaporte do general caducou e o de sua esposa foi retido em Santiago, ele solicitou em julho de 1974 novos passaportes ao cônsul em Buenos Aires, comunicando-lhe que viajariam ao Brasil.
Não conseguiram os documentos, apesar de funcionarios da chancelaria chilena lhe terem informado que houve uma ameaça de morte por telefone feita por um chileno “com um mal disfarçado sotaque argentino” mencionando de passagem a viagem ao Brasil. Essa ideia fora informada a um único funcionario da embaixada.
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