O Reino Unido testa, com sucesso, em 3 de outubro de 1952 sua primeira bomba atômica nas ilhas Monte Bello, na costa noroeste da Austrália. Denominada Operação Furacão (Hurricane), um dispositivo de implosão de plutônio foi detonado na lagoa formada pelas ilhas Monte Bello.
Vários cientistas britânicos de ponta trabalharam no Projeto Manhattan, dos Estados Unidos, e após retornarem ao seu país, dedicaram-se ao projeto atômico britânico. Surpreendentemente, a bomba tinha muita similaridade com a “Fat Man”, lançada sobre Nagasaki, embora a Lei de Energia Atômica McMahon tivesse evitado o acesso britânico aos dados norte-americanos.
O projeto previa um núcleo vazio, a diferença do artefato testado em Trinity. O fato aumentou a prevista potência da bomba para 30 quilotons, embora a potência real estivesse próxima de 25 quilotons.
O núcleo da bomba utilizou 7 kg de plutônio produzido principalmente em Windscale com baixo conteúdo de Pu-240 de cerca de 2%. O Pu-240 é um inevitável contaminante do Pu-239 produzido pela irradiação do urânio num reator térmico. Seu efeito no núcleo da bomba é de aumentar o risco de uma pré-detonação. O único jeito de mantê-lo dentro de aceitáveis limites era, à época, limitar o tempo de exposição do combustível do reator nos reatores.
A fábrica canadense Chalk River forneceu 5 kg de plutônio em abril de 1952, e em agosto a usina de Windscale forneceu 18 kg. Não há registros de que o material canadense tivesse sido usado nos testes do Hurricane Project. Mais de um núcleo físsil foi preparado para os ensaios de diferentes modelos.
Paola Orlovas
Reino Unido testa, com sucesso, em 3 de outubro de 1952 sua primeira bomba atômica nas ilhas Monte Bello, na costa noroeste da Austrália
A fim de testar os efeitos de uma bomba nuclear – uma ameaça de grande preocupação para o governo britânico – o Hurricane foi detonado dentro do casco do navio HMS Plym, uma fragata de 1.370 toneladas, ancorado na ilha de Trimouille. A explosão ocorreu a 2,7 metros debaixo da linha d’água, deixando uma cratera em forma de disco no fundo do mar de 6 metros de profundidade e 300 metros de diâmetro.
Imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1945, o novo governo trabalhista organizou um ‘comitê secreto’ para estabelecer uma política nuclear. Em 8 de janeiro de 1947, esse comitê de seis ministros, chefiado pelo premiê Clement Attlee, decidiu avançar no desenvolvimento de armas nucleares, fato que só foi levado a conhecimento público em 12 de maio de 1948, quando a questão foi levantada durante uma discussão no Parlamento.
O “Robert Oppenheimer” britânico foi o físico William Penney. Fez parte da “Missão Britânica” enviada a Los Alamos durante a Segunda Guerra Mundial como assistente no desenvolvimento da primeira bomba atômica.
Após a guerra retornou ao Reino Unido, sendo-lhe confiado a direção do programa nuclear a fim de que os britânicos possuíssem sua própria bomba atômica. Não teve conhecimento desta decisão governamental até maio de 1947. Nos meses seguintes tratou de reunir a equipe de cientistas que iria auxiliá-lo.
O primeiro reator destinado à produção de plutônio começou a operar em outubro de 1950. A usina de plutônio iniciou suas operações em 25 de fevereiro de 1952 e produziu o primeiro metal plutônio 35 dias mais tarde.
Devido à pequena dimensão territorial e a alta densidade populacional do Reino Unido, não havia local adequado para testes atmosféricos. Buscou-se então locais em outros países para testar a bomba, fixando-se finalmente nas Ilhas Montebello, Austrália. Em 15 de setembro de 1952 , o plutônio para o primeiro dispositivo nuclear britânico, codinome Hurricane, deixa a Inglaterra.
Em fevereiro de 1952, o primeiro-ministro Winston Churchill anuncia publicamente os planos para testar uma bomba nuclear britânica. Em 4 de outubro do mesmo ano anunciou triunfalmente que o Reino Unido se transformou na terceira potência atômica do planeta depois dos Estados Unidos e da União Soviética.
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(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.