Em 7 de janeiro de 1974, o governo conservador de Edward Heath impõe a semana de três dias na indústria britânica. Longe de anunciar o fim do trabalho e da prosperidade generalizada, a medida refletiu ao contrário a situação desesperada da economia nacional, confrontada com uma duríssima greve dos mineiros.
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Após a Segunda Guerra Mundial, a Grã Bretanha, a exemplo de outros países europeus, escolheu a via do Estado de Bem-Estar ou Estado-Providência, adotando um leque de medidas sociais segundo os princípios desenvolvidos durante a guerra pelo economista William Beveridge.
[Medidas de Heath não foram suficientes e seu partido foi derrotado na eleição de 1974]
Entretanto, a partir dos anos 1960, o sistema entra em pane: os custos de produção tornam-se excessivamente elevados, as indústrias entram em processo de envelhecimento, sem conseguir se modernizar e a inflação sai fora do controle.
O peso e as ações dos sindicatos operários conduzem a importantes aumentos salariais e suscitam a impressão, ampliada pelos meios de comunicação, de que os dirigentes sindicais são os verdadeiros governantes do país. Nem os conservadores, no poder com Edward Heath a partir de junho de 1970, nem os trabalhistas, cujo homem-forte é Harold Wilson, conseguem dominar a situação. No plano externo, o conflito norte-irlandês chega ao auge, o que contribui gravemente para a piora da situação.
Edward Heath, ardoroso europeista, aproveita a retirada do general De Gaulle do cenário político para relançar a candidatura de seu país à CEE (Comunidade Econômica Europeia), ancestral da União Europeia. Logra aprová-la no Parlamento em 28 de outubro de 1971 e a Grã Bretanha torna-se oficialmente membro da CEE em 1º de janeiro de 1973.
Contudo, a situação interna se degrada em outubro do mesmo ano quando sobrevém o primeiro choque do petróleo. Valendo-se da crítica conjuntural, os mineiros travam com o governo um conflito que diminui de maneira dramática as reservas de energia disponíveis. A energia vê o seu preço subir às alturas.
Diversas medidas foram então tomadas para restringir o consumo: limitação da velocidade, diminuição da iluminação urbana, proibição da iluminação dos estádios (o que levou as partidas de futebol a serem disputadas no domingo após o meio-dia) e fim dos programas de televisão às 22h30. Como se essas tantas medidas não fossem suficientes, optou-se pela redução da semana de trabalho a três dias apenas na indústria para tentar economizar ao máximo.
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O governo, ao decretar o estado de urgência, apela ao espírito cívico dos cidadãos, rememorando os episódios da Segunda Guerra Mundial. Em vão: em 28 de fevereiro de 1974, as eleições gerais conduzem os trabalhistas de volta ao poder e um acordo com os mineiros é assinado em princípios de março. A semana de cinco dias é retomada oficialmente em 7 de março. No entanto, pouco depois a sensação era de que nenhum problema havia sido resolvido: os sindicatos obtêm novos acordos salariais que reativam a inflação. Resultado, o país foi obrigado a pedir um empréstimo ao FMI (Fundo Monetário Internacional) de 3,9 bilhões de dólares.
Agência Efe
O prestígio nacional estava duramente atingido. A Grã Bretanha era “a pessoa doente da Europa”. Até mesmo o ditador ugandense Idi Amin Dada cria um fundo de auxílio, recolhendo aqui e ali recursos em favor da antiga metrópole.
Somente nos anos 1980, após uma nova e grave crise social em 1978-1979 e a chegada ao poder de Margaret Thatcher, que a economia britânica, por meio de duríssimas medidas econômicas que afetaram diretamente os trabalhadores e setores mais pobres, iria por fim aos poucos a esses problemas e se reerguer.
Também nesta data:
1927 – Harlem Globetrotters disputam sua primeira partida em Hinckley
1957 – Começa a Batalha de Argel
1979: Vietnã depõe Pol Pot no vizinho Camboja