Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Coronavírus
  • Diplomacia
  • Cultura
  • Análise
  • Opinião
  • Podcasts
Hoje na História

Hoje na História: 1993 – Japão pede perdão por ter feito coreanas de escravas sexuais na 2ª Guerra

Encaminhar Enviar por e-mail

Milhares de mulheres do país vizinho foram estupradas e recrutadas à força para os bordéis militares japoneses

Max Altman

São Paulo (Brasil)
2020-01-13T13:00:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

No dia 13 de janeiro de 1993, o Japão pede oficialmente perdão a milhares de mulheres coreanas que foram utilizadas como escravas sexuais durante a Segunda Guerra Mundial. Indonésia e China são outros países cujas mulheres foram sexualmente escravizadas pelos japoneses.

As expressões ianpu ("mulheres de conforto") ou jongun-ianpu ("mulheres de conforto militar") são eufemismos para moças que trabalhavam em bordeis militares em países ocupados, muitas das quais recrutadas à força ou através de fraude, e que se consideraram vítimas de agressão sexual ou escravidão sexual.

Leia também: EUA testaram armas biológicas em ilha japonesa nos anos 1960

Em 1992, o historiador Yoshiaki Yoshimi publicou matéria baseada em pesquisa nos arquivos do Instituto Nacional para Estudos de Defesa japonês, afirmando que havia um vínculo direto entre instituições imperiais como o Kôa-in e os "postos de conforto". Quando foi publicada na imprensa japonesa em 12 de janeiro de 1993, causou sensação e forçou o governo a reconhecer alguns dos fatos no mesmo dia.

Em 17 de janeiro, o primeiro-ministro Kiichi Miyazawa apresentou desculpas formais pelo sofrimento das vítimas, durante uma viagem à Coreia do Sul. Em 6 de julho e 4 de agosto, o governo japonês emitiu duas declarações pelas quais reconheceu que os "postos de conforto eram operados em resposta às exigências militares da época", "militares japoneses estiveram, direta ou indiretamente, envolvidos na instituição e administração dos postos de conforto e na transferência das mulheres de conforto" e que as mulheres eram "recrutadas, em muitos casos, contra sua vontade através de engodo e coação".

A controvérsia reacendeu em 1º de março de 2007, quando o primeiro ministro Shinzo Abe mencionou sugestões da Câmara dos Representantes do Estados Unidos no sentido de que o governo japonês "se desculpasse e reconhecesse" o papel dos militares do Japão Imperial na escravidão sexual durante a guerra. Abe negou que isso se aplicasse aos postos de conforto. Porém, um editorial do jornal The New York Times de 6 de março, dizia:

Não se tratava de bordéis comerciais. A força, explícita e implícita, era usada no recrutamento destas mulheres. O que acontecia lá dentro era estupro em série, não prostituição. O envolvimento do Exército Japonês está documentado nos próprios arquivos governamentais do Ministério da Defesa. Uma autoridade do alto escalão de Tóquio, meio que se desculpou por esse crime hediondo em 1993…

Foto para fins de propaganda registrada por Kumazaki Tamaki, correspondente do Asahi Shimbum em 10 de novembro de 1937, era publicada com a seguinte legenda: “Os japoneses arrebanhavam milhares de mulheres. A maioria delas era estuprada em massa ou forçada a entrar para a prostituição militar.”

Wikimedia Commons
Vítimas da violência sexual sistemática, as "mulheres de conforto" eram obrigadas a manter cerca de 50 relações sexuais todos os dias

Leia também: 1945 - Pilotos japoneses receberam primeira ordem para se tornar um kamikaze

No mesmo dia, o veterano de guerra Yasuji Kaneko admitiu ao The Washington Post que as mulheres "gritavam, mas não nos importava se elas viviam ou morriam. Éramos os soldados do imperador. Fosse nos bordéis militares ou nas aldeias, nós estuprávamos sem hesitação."

Em 17 de abril de 2007, Yoshimi e outro historiador, Hirofumi Hayashi, anunciaram a descoberta, nos arquivos do Julgamento de Tóquio, de sete documentos oficiais sugerindo que as forças militares imperiais, tais como a Toketai (polícia secreta naval), coagiram diretamente mulheres para trabalhar nos bordéis da frente de batalha na China, Indochina e Indonésia. Estes documentos, a princípio, haviam sido tornados públicos na época dos julgamento de crimes de guerra. Em um deles, um tenente é citado confessando ter organizado um bordel.

Em 12 de maio de 2007, o jornalista Taichiro Kaijimura anunciou a descoberta de 30 documentos do governo holandês submetidos ao Tribunal de Tóquio como evidência de prostituição forçada em massa, em 1944, em Magelang.

Em outros casos, meninas de Timor Leste testemunharam que foram raptadas quando ainda não haviam tido sequer a primeira menstruação e levadas para bordéis militares, onde eram estupradas repetidamente pelos soldados japoneses. Uma "mulher de conforto" indonésio-holandesa, Jan Ruff-O'Hearn disse que havia sido estuprada por soldados japoneses "dia e noite", ao longo de três meses, quando tinha 21 anos.

Leia também: Quatro anos após terremoto no Haiti, 90% dos desabrigados já voltaram para casa

Existem diversas teorias sobre o lugar de origem das "mulheres de conforto". Enquanto algumas fontes afirmam que a maioria delas provinha do Japão, outros, incluindo Yoshimi, argumentam que cerca de 200 mil mulheres, principalmente da Coreia e China, e de alguns outros países, tais como Filipinas, Taiwan, Birmânia, as Índias Orientais Neerlandesas e Austrália, foram forçadas a se envolver em atividades sexuais.

Há uma percepção arraigada de que o governo japonês não aceitou a responsabilidade legal por indenizações e, como consequência direta desta negação, falhou em compensar as vítimas individuais das atrocidades japonesas durante o Período Showa. Inúmeras organizações proeminentes de direitos humanos e de direitos da mulher insistem em que o Japão ainda carrega a responsabilidade moral e legal de indenizar as escravas sexuais conscritas pelos militares japoneses em países ocupados e conhecidas como "mulheres de conforto".



Também nesta data:
1128 - Papa Honório II reconhece os cavaleiros da Ordem dos Templários
1950 - Contrariando URSS, Conselho de Segurança mantém Taiwan como membro permanente
1953 - Médicos são acusados de conspirar contra a URSS
1963 - George Wallace é empossado governador do estado do Alabama

Só o seu apoio pode garantir uma imprensa independente, capaz de combater o reacionarismo político, cultural e econômico estimulado pela grande mídia. Quando construímos uma mídia alternativa forte, abrimos caminhos para um mundo mais igualitário e um país mais democrático. A partir de R$ 20 reais por mês, você pode nos ajudar a fazer mais e melhor o nosso trabalho em várias plataformas: site, redes sociais, vídeos, podcast. Entre nessa batalha por informações verdadeiras e que ajudem a mudar o mundo. Apoie Opera Mundi.

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Política e Economia

Após receber carta de Bolsonaro, EUA pedem que Brasil adote “medidas imediatas” contra desmatamento

Encaminhar Enviar por e-mail

Principal representante da Casa Branca saudou as promessas de luta contra o desmatamento ilegal no Brasil; cacique Raoni disse que são mentirosas

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2021-04-16T22:40:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

O governo dos Estados Unidos respondeu nesta sexta-feira (16/04) à carta enviada na véspera pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. O principal representante da Casa Branca sobre questões ambientais saudou as promessas de luta contra o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030, mas pediu que iniciativas com resultados concretos sejam implementadas imediatamente.

"O fato de o presidente Bolsonaro ter confirmado o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal é importante", disse o enviado especial de Joe Biden para a diplomacia climática, John Kerry. “Esperamos medidas imediatas e um diálogo com as populações indígenas e a sociedade civil para fazer com que esse anúncio se traduza em resultados concretos”, insistiu o representante de Washington em uma postagem nas redes sociais.

Na quinta-feira (15/04), a Presidência brasileira divulgou uma carta de sete páginas, antes da cúpula dos Chefes de Estado sobre a mudança climática que acontecerá em 22 de abril, na qual Bolsonaro diz estar disposto a trabalhar para cumprir as metas ambientais do país no Acordo de Paris e, para isso, pede recursos da comunidade internacional. "Queremos reafirmar nesse ato (...) o nosso inequívoco compromisso em eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030", dizia a texto.

O cacique Raoni, internacionalmente conhecido pela sua luta em defesa da preservação da Amazônia, chegou a reagir publicamente à carta de Brasília pediu ao presidente dos Estados Unidos para ignorar a promessa de Bolsonaro.

"Ele tem dito muitas mentiras", disse o líder indígena no vídeo divulgado pelo Instituto Raoni nesta sexta-feira. "Se este presidente ruim falar alguma coisa para o senhor, ignore-o (...). Ele [Bolsonaro] está querendo liberar o desmatamento nas nossas florestas, incentivando invasões nas nossas terras", acrescentou.

U.S. Department of State
Governo dos Estados Unidos respondeu nesta sexta-feira à carta enviada na véspera pelo presidente brasileiro

Biden cogitou sanções econômicas antes de ser eleito

A política ambiental do governo Bolsonaro é frequentemente criticada pelos ecologistas, mas também por vários líderes internacionais. O Brasil já foi alvo de medidas de retaliação no exterior, na tentativa de chamar a atenção para a situação na Amazônia.

Do lado dos líderes mundiais, o presidente francês Emmanuel Macron já criticou abertamente a posição de Brasília sobre a preservação do meio ambiente desde que Bolsonaro chegou ao poder. Em setembro passado, antes de ser eleito, Biden também cogitou a imposição de sanções econômicas contra o Brasil se não houvesse uma desaceleração do desmatamento.  

Muito mais próximo dos ex-presidente norte-americano Donald Trump que do atual governo democrata dos Estados Unidos, Bolsonaro informou que pretende participar da cúpula virtual sobre o clima organizada por Biden na semana que vem. Cerca de 40 liderem mundiais devem marcar presença no evento.

Só o seu apoio pode garantir uma imprensa independente, capaz de combater o reacionarismo político, cultural e econômico estimulado pela grande mídia. Quando construímos uma mídia alternativa forte, abrimos caminhos para um mundo mais igualitário e um país mais democrático. A partir de R$ 20 reais por mês, você pode nos ajudar a fazer mais e melhor o nosso trabalho em várias plataformas: site, redes sociais, vídeos, podcast. Entre nessa batalha por informações verdadeiras e que ajudem a mudar o mundo. Apoie Opera Mundi.

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Rua Rui Barbosa, 381 - Sala 31
São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 3012-2408

  • Contato
  • Política e Economia
  • Coronavírus
  • Diplomacia
  • Cultura
  • Análise
  • Opinião
  • Expediente
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados