Em 12 de março de 1918 Moscou torna-se novamente capital da Rússia depois de São Petersburgo ter tido essa função por 215 anos.
Moscou é um importante centro político, econômico, cultural, científico, religioso, financeiro, educacional e de transportes da Rússia e do continente. É a megacidade mais ao norte do planeta, a segunda cidade mais populosa da Europa, com 12 milhões de habitantes, atrás de Istambul e a sexta mais populosa do mundo, ficando atrás somente de Xangai, Istambul, Pequim, Mumbai e Karachi. Tem a segunda maior comunidade de milionários do mundo, segundo a revista Forbes, 2012.
No curso de sua história, a cidade serviu como capital de diversos Estados, como da Moscóvia medieval, do Czarado da Rússia e da União Soviética. A capital também é a sede do Kremlin, uma antiga fortaleza, que é hoje a residência do presidente russo, sede do Poder Executivo e Patrimônio da Humanidade segundo a Unesco. Ambas as câmaras do Parlamento, a Duma, também estão sediadas em Moscou.
A cidade é servida por uma extensa rede de trânsito, que inclui quatro aeroportos internacionais, nove terminais ferroviários e o metrô, um dos mais profundos túneis subterrâneos do mundo, perdendo apenas para Tóquio. É um marco da cidade devido à arquitetura rica e variada de suas 185 estações.
A primeira referência à cidade data de 1147, quando Jorge I convidou o príncipe de Novgorod para a cidade. Nove anos mais tarde, Jorge I manda construir uma muralha de madeira para garantir a proteção da cidade que crescia em meio aos conflitos entre Jorge I e o príncipe de Chernigov.
Na altura, Moscou era mais uma cidade administrativa do que comercial. A população que ali vivia era, sobretudo, camponesa. Nos anos seguintes, a cidade viria a ter pessoas ligadas aos artesãos. O rio Volga, o seu ponto estratégico e a crescente população fizeram Moscou crescer nos séculos 12 e 13.
Depois dos saques e das carnificinas provocados pelos tártaros, Moscou se recupera e em 1327, a cidade torna-se a capital do principado de Vladimir-Suzdal. A sua boa localização em relação ao rio Volga permitiu um desenvolvimento estável, atraindo milhares de refugiados de todo o território russo.
Sob o poder de Ivan, o Terrível, Moscou substitui definitivamente Tver como centro político de Vladimir-Suzdal. A partir de então, a cidade cresce rapidamente. Ao contrário dos outros principados do mundo, a Moscóvia não era dividida em zonas para serem governadas pelos filhos, mas sim herdada integralmente pelos descendentes.
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Atual sede do governo passou a ser novamente centro administrativo após São Petersburgo desempenhar função por 215 anos
Em 1380, Demétrio, príncipe de Moscou, ganhou a importante Batalha de Kulikovo, que permitiu acabar com o poder dos tártaros. Com isso, a Rússia torna-se livre de todo o domínio estrangeiro e passa a ser um grande centro de poder de um enorme império. Kiev perde o seu status de poder que tivera como Rússia Kievana.
Em 1571, tártaros da Crimeia atacaram e saquearam Moscou, poupando apenas o Kremlin. O século 17 seria marcado pelo crescimento populacional e por acontecimentos como o fim da invasão da Polônia e Lituânia em 1612 e a revolta de Moscou em 1682. Em 1712, 9 anos após Pedro, o Grande, fundar São Petersburgo às margens do rio Neva, Moscou perde a condição de capital. As razões foram o contato com o mar que São Petersburgo propiciava, a localização estratégica para as trocas comerciais e a própria defesa da Rússia.
O ano de 1812 é uma das datas mais conhecidas da história da Rússia, pois marca a invasão de Napoleão Bonaparte. Ao saber que Napoleão chegara às fronteiras da Rússia, os moscovitas elaboraram uma emboscada bem definida. Quando as tropas francesas chegaram à cidade, em 14 de setembro, encontraram uma cidade abandonada e completamente queimada. Sem alimentos e em meio ao terrível frio, viram-se obrigadas a bater em retirada. A imensa maioria morreu no regresso à França, perseguida pelos russos. Esse episódio histórico foi retratado em Guerra e Paz de Leon Tolstoi e na Abertura 1812 de Piotr Tchaikovsky.
Em 1918, durante a Guerra Civil, Moscou serviu de quartel-general do Exército Vermelho. Com o triunfo da Revolução Bolchevique e a vitória sobre os “brancos”, a cidade torna-se capital da União Soviética.
Em novembro de 1941, a cidade volta a ser atacada, desta vez pela Alemanha Nazista. Moscou é evacuada e decretada como campo de batalha. Devido aos iminentes riscos, o líder soviético Joseph Stalin é aconselhado a abandonar a cidade e evacuar o resto da população que lá permanecia. A proposta foi recusada por Stalin. Em meio à pressão a cidade continuava a expandir o metrô que servia de refúgio à população e não deixou de comemorar o 24º aniversário da Revolução de Outubro com grande desfile militar.
Em 1980, Moscou recebeu os Jogos Olímpicos que tornaram famoso o ursinho Misha, boicotados pelos Estados Unidos a pretexto da invasão soviética do Afeganistão.
Em 1991, a União Soviética é dissolvida. A cidade passa a ser a capital da Federação Russa. No fim da década de 1990, a cidade expande suas linhas de metrô e moderniza a arquitetura, gerando críticas à demolição desmedida de prédios históricos para dar lugar aos arranha-céus. Moscou transforma-se numa cidade cosmopolita cheia de história, cultura e vida, mas também povoada de problemas como o crime organizado, a mendicância, o vandalismo e a prostituição.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.
Também nesta data:
1894 – Lançada a Coca-Cola nos Estados Unidos
1921 – Lenin instaura a Nova Política Econômica
1930 – Mahatma Gandhi inicia a Marcha do Sal
1938 – Hitler anuncia união entre Alemanha e Áustria