Responsável pelo primeiro avanço na matemática moderna, Augustin-Louis Cauchy, grande matemático francês, morreu em Paris em 23 de maio de 1857. Partindo do ponto central do método de Lagrange na teoria das equações, Cauchy tornou-a abstrata e começou a sistemática criação da Teoria dos Grupos. Além disso, exerceu grande influência sobre a física da época, ao ser o primeiro a formular as bases matemáticas das propriedades do éter – fluido hipotético que serviria como meio de propagação da luz.
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A vida de Cauchy assemelha-se a uma tragicomédia. Seu pai conseguiu escapar da guilhotina apesar de advogado, culto, estudioso da Bíblia, católico fanático e tenente de polícia. Augustin seguia obstinadamente os preceitos da igreja católica. Passou a infância no mais sangrento período da Revolução. Para escapar do perigo a família mudou-se para o campo, onde sobreviviam das poucas frutas e vegetais que colhiam.
[Além da França, Cauchy morou também na Suíça e na Itália]
Laplace, que morava na vizinhança, começou a visitar os Cauchy. Ficou impressionado com o menino sempre cercado de livros e papéis e logo percebeu seu talento para a matemática. Em 1º de janeiro de 1800, seu pai foi eleito Secretário do Senado, com gabinete no Palácio Luxemburgo. Augustin usava um canto do gabinete para estudar. Lagrange aparecia com frequência para tratar de negócios e também se surpreendeu com seu talento.
Cauchy ingressou na Escola Central do Panteão com 13 anos. Napoleão tinha instituído prêmios em competições entre as escolas. Desde a primeira competição Cauchy foi a estrela da escola, ganhando o primeiro prêmio em grego, latim, composição e verso. Deixou a escola em 1804 e nos 10 meses seguintes estudou matemática intensivamente. Em 1805, com 16 anos, ingressou na Politécnica, onde era ridicularizado por suas observações religiosas.
Em 1807, transferiu-se para a Escola de Engenharia Civil. Foi em seguida enviado a Cherbourg onde se preparava a invasão da Inglaterra. Com essa atividade minguaram-se os trabalhos na cidade levando-o a retornar a Paris em 1813.
Aos 27 anos já se tinha elevado ao primeiro escalão dos matemáticos e foi indicado para a Academia. Sentou-se na cadeira de Gaspard Monge. Era então o maior matemático da França e passou a lecionar nas melhores escolas francesas: na Politécnica, Collège de France e Sorbonne.
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Demonstrando solidariedade ao rei Charles exilado, também se deslocou, indo para a Suíça. Carlos Alberto da Sardenha, sabendo-o desempregado, ofereceu-lhe o lugar de Professor de Matemática e Física em Turim. Rapidamente, aprendeu italiano e deu aulas nesta língua. Em 1833, o rei Charles entregou-lhe a responsabilidade pela educação do herdeiro, o Duque de Bordeaux, de 13 anos.
Com a atenção que dispensava ao aluno, conseguiu que ele progredisse na matemática. Ao livrar-se do aluno em 1838, sua atividade científica avançou como nunca. Durante os últimos 19 anos de vida produziu mais de 500 documentos nos ramos da matemática, física e astronomia.
Quando ocorreu uma vaga no Collège de France,foi unanimemente eleito para preenchê-la. Para assumir teria que fazer um juramento de fidelidade a Luis Filipe I. Recusou-se e perdeu o emprego. Foi novamente eleito e manteve a recusa. Durante quatro anos voltou as costas ao governo e continuou seu trabalho. São deste período as mais importantes contribuições astronômico-matemáticas.
A briga com o Governo chegou a uma crise em 1843, quando escreveu uma carta aberta, que muitos consideram o mais belo documento de Cauchy. Lutava por uma causa perdida, porém ficou a imagem de coragem deste matemático que defendeu a liberdade de consciência. Quando Louis Philipe foi derrubado em 1848, um dos primeiros atos do Governo Provisório foi abolir o juramento de fidelidade. Em 1852, quando Napoleão III tomou o comando, o juramento foi restaurado. Desta época até a sua morte, era a maior glória da Sorbonne.
Também nesta data:
1703 – Surge no Irã a fé baháí
1498 – Após desafiar o papa, Savonarola é morto
1873 – É criada a Real Polícia Montada do Canadá
1934 – Polícia mata o famoso casal de foras-da-lei, Bonnie e Clyde
1937 – Morre o megaempresário norte-americano John Rockefeller
1992 – O juiz Giovanni Falcone é assassinado pela máfia