Em 30 de setembro de 1891, o general Georges Boulanger se suicidou sobre o túmulo de sua amante, na cidade de Ixelle, cerca de Bruxelas. O militar acreditava que a República francesa pudesse ser derrubada por um golpe de Estado.
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Cinco anos antes, o líder do Partido Radical Georges Clemenceau havia nomeado Boulanger como ministro da Guerra. O herói tinha prestígio e era aplaudido nos desfiles de 14 de julho.
[Boulanger era figura popular na França do século 19]
Por meio de medidas de pouco custo e de belo efeito, como o de mandar pintar as guaritas com as cores da bandeira francesa, Boulanger reavivava as esperanças dos inimigos da República, dos cidadãos decepcionados e de todos aqueles que sonhavam com uma revanche militar contra a Alemanha, vitoriosa em 1870.
Contudo, as qualidades morais e o tino político de Boulanger não estavam no mesmo nível de sua popularidade, como se iria demonstrar.
O chanceler alemão Bismarck, ao mandar prender um comissário de polícia francês na fronteira, faz o ministro cair na armadilha da provocação. Boulanger convocou, então, uma mobilização parcial. O presidente da República Jules Grévy, preocupado com a evolução dos acontecimentos, demitiu Boulanger de suas funções ministeriais em 18 de maio de 1887.
Com a demissão, Boulanger torna-se ainda mais popular. Recebe a alcunha de “Bravo General” e de “General Revanche”. Seus partidários formavam uma legião de descontentes, da esquerda radical à direita bonapartista e monarquista.
A crise econômica em que mergulhara o país a partir dos anos 1880 contribuiu parta a popularidade do general e para a rejeição da esquerda dita “oportunista” que governava a França sem se preocupar com as reformas sociais. Um escândalo que envolveu o genro do presidente Grevy agravou o descrédito com as instituições republicanas.
O poeta Paul Deroulede, fundador da Liga dos Patriotas, e o jornalista Henri Rochefort figuravam entre os mais acalorados defensores des Boulanger.
Em uma tentativa de se desfazer do sedutor general, o governo o enviou a Clermont-Ferrand. Em 8 de julho de 1887, dia de sua partida da Gare de Lyon, seus admiradores em delírio tentam retê-lo e Boulanger teve de se esforçar para subir no trem.
Finalmente foi transferido para a reserva o que lhe possibilitou eleger-se por Paris, em 27 de janeiro de 1889, com o apoio financeiro da duquesa de Uzes, rica herdeira da champanhe La Veuve Clicquot, de convicções monarquistas.
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Os dirigentes da III República levam a ameaça a sério. Temiam que o general marchasse sobre o Palácio do Eliseu e levasse a cabo um golpe de Estado como seus partidários exigem. O presidente Sadi Carnot, recém eleito, já se preparava para fazer as malas. Tudo sobreveio em plena preparação dos festejos do centenário da Revolução, que deviam consagrar o triunfo da República com a Exposição Universal e a inauguração da Torre Eiffel.
Felizmente para os líderes da III República, Boulanger não era do tipo temerário. Na noite de 27 de janeiro de 1889, a multidão de seus partidários se postaram diante do restaurante Durand, rua Royale, onde se encontrava seu herói. Ele hesitou.
À meia-noite, não tinha ainda decidido partir e atravessar as poucas centenas de metros que o separavam do Eliseu. Resolve encontrar-se antes, numa rua vizinha, com sua amante, Marguerite de Bonnemains.
Pierre Tirard, convocado pela segunda vez para assumir a Presidência do Conselho em 22 de fevereiro de 1889, aproveita para enfeixar em suas mãos as rédeas do poder. Com seu ministro do Interior, Ernest Constans, faz correr o rumor de uma prisão iminente do general. Boulanger, assustado, resolve fugir para Londres e depois Bruxelas, onde se encontraria com sua querida amante, acometida de tuberculose pulmonar. Ela acaba morrendo em seus braços em 16 de julho de 1891.
Remoendo-se de tristeza, Boulanger a ela se juntaria na morte dois meses depois. Ao tomar conhecimento do fato, seu antigo mentor Clemenceau diria que “morreu como sempre viveu, como um sub-tenente”.
Também nesta data:
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1938 – Pacto de Munique entrega Tchecoslováquia ao comando de Hitler
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