Atualizada em 18/01/2018 às 17:15
Klaus Barbie, o chefe polícia política nazista, a Gestapo, em Lyon, na França, durante a ocupação alemã, é preso na Bolívia em 19 de janeiro de 1983 por seus crimes contra a humanidade, cometidos quatro décadas antes.
Como chefe da polícia secreta da Alemanha nazista na França ocupada, Barbie enviou milhares de judeus franceses e membros da resistência francesa para o extermínio em campos de concentração, tendo torturado, humilhado e executado muitos outros. Após a libertação da França pelas tropas aliadas, ele fugiu para a Alemanha, onde, com identidade falsa, juntou-se a outros ex-oficiais nazistas para a formação de uma organização clandestina anticomunista.
Em 1947, o Corpo de Contra-Inteligência (CIC da sigla em inglês) dissolveu a organização e prendeu seus principais membros, embora Barbie tenha permanecido livre até que o CIC lhe oferecesse dinheiro e proteção em troca de cooperação aos esforços de se contrapor à espionagem soviética. Barbie trabalhou como agente dos Estados Unidos na Alemanha durante dois anos e em 1949 foi contrabandeado para a Bolívia onde adotou o nome de “Klaus Altmann”, prosseguindo em seu trabalho como agente de Washington
Além de seu trabalho para a CIA, prestou serviços para vários regimes militares bolivianos, em especial para o de Hugo “El Petiso” Banzer, que chegou ao poder em 1971 e se tornou um dos ditadores mais tirânicos do país. Barbie proporcionou a Banzer uma expertise semelhante a que praticara como nazista, torturando e interrogando opositores políticos e despachando muitos deles para campos de internamento, onde muitos deles foram simplesmente executados ou morreram em decorrência de maus tratos. Foi por essa ocasião que os caçadores de nazistas Serge Klarsfeld e Beatte Kunzel descobriram seu paradeiro, porém Banzer recusou-se a extraditá-lo para a França. No começo dos anos 1980, um regime liberal assumiu o poder na Bolívia e concordou em extraditar Barbie em troca de ajuda francesa para a depauperada nação andina. Em janeiro de 1983, Barbie foi preso, tendo chegado à França em 7 de fevereiro.
Acesa disputa legal, em especial entre os representantes de suas vítimas judias e da resistência francesa retardaram o início do julgamento por 4 anos. Finalmente, em 11 de maio de 1987, o “Carniceiro de Lyon” como era conhecido na França, foi levado às barras do tribunal acusado de 177 crimes contra a humanidade.
Num giro judicial, inimaginável quatro décadas antes, Barbie foi defendido por três advogados – um asiático, um africano e um árabe – que sustentaram a tese de que os resistentes franceses e os judeus eram tão culpados de crimes contra a humanidade quanto Barbie ou qualquer outro nazista. Os defensores de Barbie estavam mais interessados em classificá-los como reus do que na realidade provar a inocência de seu cliente.
Em 4 de julho de 1987, o tribunal o considerou culpado. Por seus crimes, Klaus Barbie foi sentenciado a passar o resto de seus dias na prisão, a mais alta punição segundo a legislação penal francesa. Barbie morreu na prisão de câncer em 25 de setembro de 1991, aos 77 anos.
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