O presidente do Chile, Gabriel Boric, inaugurou nesta terça-feira (10/09) a Caminhada da Memória, obra realizada dentro do complexo que contempla o Estádio Nacional, maior recinto esportivo do país, e que homenageia as vítimas da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
A Caminhada da Memória reproduz os trajetos percorridos diariamente por presos políticos chilenos e estrangeiros nos primeiros meses da ditadura de Pinochet.
Após o golpe de Estado ocorrido no Chile em 11 de setembro de 1973, que colocou fim ao governo socialista e democrático de Salvador Allende, o Estádio Nacional foi transformado em um campo de concentração, no qual foram mantidas presas milhares de pessoas.
Os trechos incluídos na Caminhada eram os que esses presos políticos eram obrigados quase diariamente a trilhar, entre os locais de detenções e os recintos de interrogatório, ou até centros de tortura improvisados.
A iniciativa foi promovida pelos ministérios do Patrimônio Cultural e dos Esportes. No evento inaugural, o ministro do Desporto, Jaime Pizarro, afirmou que “esta Caminhada servirá para que nunca esqueçamos que este Estádio Nacional, que certamente é um local onde vivemos alegrias esportivas inesquecíveis, também foi um local onde foram realizados atos que nunca devem ser repetidos, e que não devemos esquecê-los, por motivos diferentes das glórias do esporte”.
“Hoje valorizamos a memória e abrimos um novo espaço aos cidadãos, para que as novas gerações possam conhecer a nossa história e assim preservar e respeitar a democracia”, comentou o ministro.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, também esteve presente no evento, e disse que “este espaço nos convida a recordar os horrores que aqui viveram milhares de pessoas, jovens, velhos, homens, mulheres, trabalhadores, profissionais, chilenos e estrangeiros, e também a fraternidade e a coragem que demonstraram”.
Vale destacar que os brasileiros formaram um dos grupos de estrangeiros mais numerosos entre os presos políticos que estiveram no Estádio Nacional.
Apesar de não haver uma cifra exata, se estima que quase 100 pessoas de nacionalidade brasileira passaram pelo local entre setembro de dezembro de 1973, e conheceram o trecho agora transformado em Caminhada da Memória.