Atualizada em 09/03/2018 às 10:00
No dia 9 de março de 1831, a França inaugura sua Legião Estrangeira para tentar integrar às suas forças combatentes de outros países. A unidade participaria do 19º corpo do exército francês da África até 1962, data do fim do período colonial.
Foi criada por decreto do rei Luis Felipe e contou com a iniciativa do marechal Soult, ministro da Guerra que autorizou a formação de uma legião de estrangeiros na França e de corpos militares no exterior formados também por indígenas.
Reuniu nessa ocasião diferentes corpos estrangeiros do exército francês, entre os quais os Guardas Suiços, originados da “paz perpétua” assinada entre os dois países após a Batalha de Marignan.
Esta nova tropa destinava-se a combates fora do reino, na Argélia. Em sua origem, a Legião só podia combater fora do território continental do reino. As duas guerras mundiais foram uma exceção. A Legião constituia um meio bastante eficaz para retirar os elementos mais “indesejáveis” da sociedade francesa do século XIX. Em suas fileiras, podia-se encontrar uma população de assassinos, fugitivos, mendigos, infratores de direito comum, mas, sobretudo, de imigrantes não desejados e opositores do regime.
No começo, o legionário era mal formado e terrivelmente remunerado (isso quando era remunerado). Recebia equipamentos, vestimentas e alimentação básicas. A motivação dos homens vivia no ponto mais baixo visto que as razões de nela se incorporar residiam mais no desespero e no instinto de sobrevivência e menos no patriotismo.
As primeiras campanhas resultaram em pesadas derrotas. Como consequência, as deserções colocavam um importante problema à Legião. Forjar uma força de combate eficaz a partir de um grupo de soldados pouco motivados representava uma tarefa das mais difíceis. Com esse objetivo, a Legião acabou desenvolvendo uma disciplina estrita, ultrapassando aquela imposta ao exército francês regular.
Em 16 de dezembro de 1835, após a passagem da Legião pelas fileiras do exército espanhol, Luis Felipe decide pela criação de uma nova corporação que reforce as tropas francesas na Argélia. Três batalhões são criados para preencher o vazio deixado pela partida da Espanha. Em 1840, dois outros são somados aos sobreviventes da aventura espanhola. Esses batalhões viriam completar o dispositivo e reforçar as tropas francesas do Exército da África.
A Legião era reservada para homens com idade entre 17 e 40 anos. Contou, de sua criação até 1963, com mais de 600 mil soldados alemães, italianos, belgas, espanhois e suíços. Numerosas outras nacionalidades, como as dos países do leste europeu e dos Bálcãs, estariam representadas majoritariamente nos anos 2000.
Este corpo militar era, para a grande maioria, um meio de imigração privilegiado para aqueles que desejavam mudar de vida e esquecer o passado. Para outros, todavia, o prestígio da Legião e o amor à França consistiam na causa de seu voluntariado. Os motivos do engajamento, assim como do recrutamento, permanecem ainda hoje como um tema hermético para os não-legionários.
Também conhecidos como “quepes brancos”, esses combatentes construíram seu prestígio em batalhas travadas no mundo inteiro, especialmente naquelas que fizeram parte das duas grandes guerras mundiais e dos conflitos da Indochina e da Argélia.
As tradições da Legião constituem um alicerce que se traduz nos detalhes das vestimentas, nos emblemas, nos cantos e nas suas festas particulares. A imagem que projeta no público e nos artistas está na origem de numerosas obras em todos os campos: música, cinema, pintura, escultura e literatura. O código de honra do legionário dita a conduta dos homens no dia-a-dia, em tempos de guerra ou de paz.
Constituída com base em regimentos de infantaria, a Legião comporta nos dias de hoje unidades de engenharia, de cavalaria e de paraquedistas.
Também nesse dia:
1933 – Roosevelt apresenta ao Congresso o 'New Deal'
1916 – Tropas de Pancho Villa invadem os EUA
1831 – Luis Felipe, rei da Grança, anuncia a criação da Legião Estrangeira
1841 – Suprema Corte dos EUA decide a questão do motim no navio negreiro Amistad
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