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Em 26 de agosto de 1978 teve início o papado de Albino Luciani, primeiro Sumo Pontífice a adotar o nome de João Paulo. O que prometia ser um período de reformas e revisão de alguns conceitos na Igreja Católica acabou frustrado com sua repentina morte, pouco mais de um mês depois, provocando uma nova onda conservadora com a escolha de João Paulo II.
Nascido no ano de 1912, em Belluno, no norte da Itália, de uma família humilde, via seu pai, socialista, ser obrigado a buscar trabalho em outros países em ocasião da I Guerra Mundial. A influência religiosa veio por parte da mãe, católica fervorosa, fazendo com que fosse ordenado padre em 1935.
Foi o primeiro a adotar um nome papal duplo (homenageando seus dois últimos antecessores, Paulo VI e João XXIII), a nascer no século XX, além do primeiro desde Clemente V (1305-1314) a recusar uma coroação formal, alegando razões de humildade. Por sua personalidade afável, ficou conhecido como “O Papa do Sorriso”.
Sua biografia sempre ressaltou que não possuía grandes ambições por cargos na Igreja Católica. Foi nomeado bispo por Paulo VI e cardeal por João XXIII. Também foi escolhido Patriarca de Veneza, um título honorário que já elegeu muitos pontífices.
Acabou eleito papa aos 65 anos no quarto dia do conclave que se reuniu para eleger o sucessor de Paulo VI, superando o ultraconservador Giuseppe Siri, cardeal de Gênova, até então visto como favorito (segundo a imprensa na época a votação teria se dado por 99 votos a favor e 11 contra de um total de 110 votantes). Sem nunca ter figurado entre os favoritos, ele teria ficado atônito com a escolha e a recusado de início, mas acabou persuadido a aceitar, como se estivesse selando um pacto para reconciliar as duas tendências vigentes (conservadora e “liberal”). “Uma grande tempestade caiu sobre mim”, teria dito ao ser escolhido.
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WikiCommons – João Paulo I e II
Desde sua nomeação, procurou humanizar a imagem de papa, se expressando sempre em primeira pessoa, se recusando a ser carregado pela “Sedia Gestatoria” (trono móvel, sendo convencido a mudar de ideia posteriormente para poder ser visto pelo público) e também de utilizar a tiara papal, preferindo uma simples mitra.
Já no plano doutrinal, se mostrou ortodoxo, defendendo as posições de Paulo VI e confirmando a oposição da Igreja Católica em questões como o aborto e os métodos contraceptivos.
Informado de suspeitas de corrupção envolvendo o Banco do Vaticano – problema vivido atualmente pelo papa Franciso –, ele pede ao cardeal secretário de Estado do Vaticano, Jean Marie Villot, que inicie uma minuciosa investigação.
Mas as reformas programadas não tiveram o alcance desejado, já que ele foi encontrado morto na noite de 28 de setembro, oficialmente em razão de um infarto. Sua posição reformista aliada ao fato de que jamais uma autópsia foi realizada em seu corpo só reforçou uma série de teorias da conspiração em torno de sua morte, que nunca puderam ser confirmadas.
Uma das mais conhecidas obras a esse respeito foi do jornalista investigativo inglês David Yallop (Em Nome de Deus, 1984), onde ele afirma que João Paulo I teria sido envenenado a mando de Villot e de Paul Marcinkus, arcebispo norte-americano e então presidente do Banco do Vaticano. Ele afirma ter visto o documento que assinava a destituição de Villot do cargo.
Seu sucessor foi o polonês Karol Wojtila, que o homenageou com o título de João Paulo II.
Também nesta data:
1542 – Francisco de Orellana chega à embocadura do rio Amazonas
1723 – Morre o microbiologista Anton van Leeuwenhoek
1789 – França aprova Declaração dos Direitos do Homem
1907 – Houdini se livra de algemas dentro de tanque d'água
1978 – João Paulo I torna-se papa e morre misteriosamente um mês depois