O Pacto Anticomintern, acordo concluído primeiro entre a Alemanha e o Japão em 24 de novembro de 1936 e mais tarde entre Alemanha, Japão e Itália em 6 de novembro de 1937, dirigia-se direta e ostensivamente contra a Internacional Comunista (Comintern), todavia, por implicação, especificamente contra a União Soviética.
Os tratados foram pedidos por Adolf Hitler, que na ocasião invectivava publicamente contra o bolchevismo e estava interessado no sucesso do Japão na guerra que se abria contra a China.
Os japoneses estavam irritados com o Pacto de Não-agressão sino-soviético de agosto de 1936 e a subsequente venda de aviões militares e munição soviéticos à China.
Ao assinar o Pacto Anti-Comintern, o ministro do Exterior alemão Joachim Ribbentrop disse aos correspondentes da imprensa que a Alemanha e o Japão tinham se unido para defender a civilização ocidental.
À primeira vista, o pacto parecia não ser mais que um artifício de propaganda pelo qual esses países obteriam o apoio mundial, explorando a aversão dos governantes ocidentais pelo comunismo e a desconfiança da Internacional Comunista.
Entretanto, no tratado havia também um protocolo secreto especialmente dirigido contra a União Soviética. No caso de um ataque não provocado da URSS contra a Alemanha ou o Japão, as duas nações concordavam em se consultar a respeito das medidas a tomar “para salvaguardar seus interesses comuns” e aceitaram “não adotar medidas que pudessem tender a facilitar a situação soviética”.
Wikicommons
Tratado foi pedido por Hitler que ‘esculachava’ direta e ostensivamente o bolchevismo e a Internacional Comunista
Estipulava-se igualmente que nenhuma das duas nações firmaria quaisquer tratados com a Rússia contrários ao espírito do acordo, sem consentimento mútuo.
Pacto Molotov-Ribbentrop
Não tardaria muito antes que a Alemanha rompesse o acordo e acusasse o Japão de não observá-lo. Porém o pacto servia a certos objetivos de propaganda entre o crédulo mundo e juntava pela primeira vez as três nações agressoras.
Em 23 de agosto de 1939, o Japão, dizendo-se ultrajado pelo Pacto de Não-Agressão Molotov-Ribbentrop, renunciou ao Pacto Anticomintern.
Todavia, acedeu mais tarde em assinar o Pacto Tripartite em 27 de setembro de 1940, que dispunha que a Alemanha, a Itália e o Japão “assistiriam um ao outro por todos os meios militares, econômicos e políticos” caso algum deles fosse atacado por uma potência não envolvida na Guerra Europeia ou no conflito sino-japonês, ou seja, União Soviética ou os Estados Unidos.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.