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Hoje na História

Hoje na História: 1961 - Transatlântico português Santa Maria é sequestrado

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Embarcação foi escolhida por ser superior aos diversos navios de passageiros espanhóis que faziam o roteiro da América Central

Max Altman

São Paulo (Brasil)
2021-01-22T14:30:00.000Z

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Em 22 de janeiro de 1961, um assalto liderado pelo capitão Henrique Galvão ao transatlântico português Santa Maria marcaria a contestação ao governo de Antônio de Oliveira Salazar e introduziria o sequestro de navios e aviões como meio de pressão política. 

No início da década de 1950, Henrique Galvão desiludiu-se com o regime de Salazar e iniciou uma conspiração ao lado de outros militares. Acabou sendo descoberto, preso e expulso do exército. Em 1959, aproveitando-se de uma ida ao Hospital de Santa Maria, fugiu e refugiou-se na embaixada argentina. Somente mais tarde conseguiria asilo político na Venezuela. 

Ele era, ao lado do general Humberto Delgado, figura extremamente popular nos meios oposicionistas não afetos ao PCP (Partido Comunista Português). Portugal, na visão dos comunistas, não estava pronto para a revolução, mas Galvão defendia que não havia tempo a perder. Foi durante o exílio que começou a preparar a Operação Dulcineia, um espetacular desvio de um navio de passageiros coordenado em conjunto com Delgado, que estava exilado no Brasil. 

O Santa Maria tinha deixado Lisboa em 9 de janeiro para uma viagem regular até Miami, nos EUA, com escala no porto venezuelano de La Guaira planejada para o dia 20. Galvão embarcou clandestinamente ao lado de mais três em Curaçao, nas Antilhas Holandesas. A bordo, já se encontravam os 20 elementos da Direção Revolucionária Ibérica de Libertação, grupo que assumiria a responsabilidade pelo assalto. 

O navio levava cerca de 612 passageiros (a maioria norte-americanos) e 350 tripulantes. Fora escolhido por ser superior aos diversos navios de passageiros espanhóis que faziam o roteiro da América Central.

Wikimedia Commons
Sequestro do Santa Maria introduziria o sequestro de navios e aviões como meio de pressão política

A operação começou na madrugada de 22 de janeiro com a ocupação da embarcação por 24 homens da ponte de comando. Um dos oficiais de bordo ofereceu resistência e foi morto a tiro. Os restantes renderam-se. O barco mudou de rumo e direcionou-se para a África. Galvão queria dirigi-lo à ilha espanhola de Fernando Pó, golfo da Guiné, e a partir daí atacar a cidade angolana de Luanda, ponto de partida para a derrubada dos governos de Lisboa e Madri. 

Em 23 de janeiro, o navio aproximou-se da ilha de Santa Lúcia e desembarcou, numa das lanchas a motor, dois feridos graves e cinco tripulantes, o que comprometeu a possibilidade de atingir a costa da África sem ser detectado.  No dia 25, deparou-se com um cargueiro dinamarquês, que alertou as autoridades. Horas depois, um avião norte-americano localizou o Santa Maria. 

Em 2 de fevereiro, o navio ancorou no porto de Recife, em Pernambuco, e desembarcou seus passageiros e tripulantes. No dia seguinte, os rebeldes entregaram-se às autoridades do Brasil, país aonde obtiveram asilo político. Os passageiros foram transferidos para o Vera Cruz, que deixou Recife em 5 de Fevereiro e chegou em Lisboa nove dias depois. O Santa Maria partiria para Lisboa apenas em 7 de Fevereiro e entraria no rio Tejo no dia 16.

Independentemente dos aspectos políticos, o incidente reforçou a fama do único navio de passageiros português que mantinha conexões regulares entre Lisboa e os EUA.

Em 4 de fevereiro, coincidiram-se com o desvio do Santa Maria graves incidentes em Luanda, que levariam ao início da guerra no norte da Angola. Lisboa decidiu enfrentar a situação, enviando, nas palavras de Salazar, “rapidamente e em força”, importantes reforços militares. Esta decisão implicou na requisição de diversos navios fretados pelo Ministério do Exército a fim de transportar tropas e material de guerra.

Henrique Galvão, morreu em São Paulo, em 25 de junho de 1970, vítima do Mal de Alzheimer.


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Política e Economia

Organizações da Sociedade Civil tiveram direitos violados no governo Bolsonaro, diz associação

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Pesquisa feita com 135 organizações sociais de todas as regiões do país foi apresentada no Fórum Político de Alto Nível da ONU

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-07-05T21:50:00.000Z

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A Associação Brasileira de ONGs afirmou, por meio de uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (05/07) no Fórum Político de Alto Nível da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, que as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) foram submetidas a violações sistemáticas de direitos pelo Estado brasileiro no período entre 2019 e 2021.

O estudo, intitulado Criminalização Burocrática, foi feito a partir do levantamento do perfil de 135 organizações sociais de todas as regiões do Brasil, combinando abordagens qualitativa e quantitativa, incluindo ainda grupos focais e entrevistas entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. Para conferir o relatório completo, clique aqui. 

“Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, o que se observa é um aumento de desconfiança sobre o campo da sociedade civil organizada. Há uma escalada nas tentativas de criminalização das OSCs, com projetos de lei e outras medidas legais destinadas ao controle e restrição do espaço de atuação dessas organizações”, apontam os pesquisadores da pesquisa. 

Segundo a Abong, as organizações têm sido alvo de uma “série de ataques” por meio de medidas em âmbito administrativo que “visam dificultar a captação de recursos, impor pagamentos indevidos e, de forma geral, inviabilizar o trabalho das entidades”. 

Flickr
Segundo a Abong, as organizações têm sido alvo de uma “série de ataques” por meio de medidas em âmbito administrativo

“As informações também apontam que as OSCs têm sofrido, com o governo federal como agente, crimes de calúnia, difamação ou injúria, todos previstos no Código Penal”, diz a associação.

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