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Hoje na História

Hoje na História: 1981 - Ronald Reagan autoriza a CIA a recrutar rebeldes anti-sandinistas

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Objetivo era desestabilizar regime tido por Washington como mero instrumento da União Soviética, ou seja, uma ameaça

Max Altman

São Paulo (Brasil)
2021-11-23T15:20:00.000Z

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O presidente norte-americano Ronald Reagan (1981-1989) assinou em 23 de novembro de 1981 uma Diretriz de Ação de Segurança Nacional (NSDD-17, em sua sigla em inglês), documento considerado “altamente secreto” e que outorgou à CIA o poder de recrutar e apoiar uma força militar de 500 rebeldes nicaraguenses para ações encobertas contra o regime esquerdista da Nicarágua. 

O NSDD-17, que recebeu orçamento de 19 milhões de dólares, marcou o início do apoio oficial dos Estados Unidos aos rebeldes na luta contra os sandinistas. 

A decisão foi adotada vários meses após Reagan ter orientado a CIA a desenvolver um plano para barrar o que sua administração acreditava ser um importante fluxo de armas da Nicarágua para as forças rebeldes da FMLN (Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional), do país vizinho, El Salvador.

Washington também acreditava que o regime sandinista não passava de mero instrumento da União Soviética. A próxima movimentação dos oficiais da CIA foi a de tomar as providências tendo por base territorial a instalação militar de Palmerola, em Honduras, que serviria de local de treinamento e de apoio logístico para o contingente de 500 homens fornecidos pela CIA, além dos mil paramilitares que seriam treinados na Argentina.

Wikicommons
Plano da CIA era para desestabilizar regime tido por Washington como mero instrumento da União Soviética

Por trás dos planos originais de cortar o fluxo de armamentos proveniente da Nicarágua, as tarefas dos “Contras” seriam ampliadas para introduzir missões de espionagem e até mesmo ações terroristas praticadas pelos paramilitares dentro da Nicarágua, com a finalidade de desestabilizar o governo sandinista.

Imprensa vaza plano dos EUA na Nicarágua

Notícias da diretiva vazaram para a imprensa em março de 1982. Contudo, os funcionários da administração Reagan rapidamente minimizaram o significado e o alcance das ações. O argumento era o de que o plano da CIA, na verdade, visava respaldar os setores “moderados” da Nicarágua, que se opunham ao regime sandinista e não aos antigos soldados e aliados de Anastásio Somoza – ditador nicaraguense –, de baixa reputação, derrubados em 1979.

O vice-diretor da CIA, almirante Bobby R. Inman sustentava que a alocação de recursos representava apenas um pequeno poder de compra de armas e outros suprimentos, dizendo que “19 milhões ou 29 milhões não darão para comprar muita coisa nos dias que correm e certamente muito pouco para enfrentar essa espécie de força militar.”

Nos anos seguintes, o apoio norte-americano aos Contras tornou-se um assunto explosivo junto à opinião pública norte-americana. As críticas de representantes no Congresso, de parte da mídia e do público em geral conduziram finalmente o governo a buscar alternativas para subverter as proibições congressuais sobre a ajuda aos Contras. 

Essas ações da Casa Branca resultaram naquilo que veio a ser conhecido como o escândalo Irã-Contras de 1986.


(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016. 

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Hoje na História

Hoje na História: 1920 - Império Otomano e nações aliadas da Primeira Guerra Mundial assinam tratado de paz

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O Tratado de Sévres pôs fim ao Império Otomano. Duro demais e impraticável, o documento despertou a ação dos nacionalistas turcos que se negaram a aceitá-lo, defendendo a independência turca

Max Altman

São Paulo (Brasil)
2022-08-10T14:15:00.000Z

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O Império Otomano, aliado da Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial, assina em 10 de agosto de 1920 a paz em Sèvres (Hauts-de-Seine). Os Aliados impõem um desmembramento do Império Otomano, cujo território fica reduzido à Anatólia, ou península anatoliana, uma região do extremo oeste da Ásia que corresponde hoje à porção asiática da Turquia, em oposição à porção européia, a Trácia.

A Grécia ontem a costa do mar Egeu, a Armênia e o Curdistão obtêm o direito à independência e as províncias árabes são colocadas sob mandatos britânicos e franceses. Os nacionalistas turcos, comandados por Mustafá Kemal Ataturk, rejeitariam esse tratado. O tratado seria revisto em Lausanne (Suíça) em 1923.

O período final do Império Otomano aconteceu durante a Segunda Era Constitucional do Império Otomano. Durante a Primeira Guerra Mundial, na região do Oriente Médio, a batalha aconteceu entre as Forças Aliadas, formadas pela Grã Bretanha, França e Rússia e as Forças Centrais, formada basicamente pelo Império Otomano.

O Império Otomano foi bem-sucedido no início da guerra. Os Aliados foram derrotados nas batalhas de Galipoli, Iraque e Bálcãs. No entanto, alguns territórios anteriormente perdidos foram reconquistados. A Revolução Russa também foi um fator favorável para a reconquista de territórios Otomanos, como Trabzon e Erzurum. As ofensivas incessantes dos ingleses mostraram-se decisivas e o Império Otomano acabou sendo derrotado em 1917.

As tropas aliadas vitoriosas, lideradas pelo general inglês Edmund Allenby, com apoio das revoltas árabes e assistência da recém declarada República da Armênia, anexaram territórios otomanos.

O Tratado de Sévres pôs fim ao Império Otomano. Este tratado mostrou-se duro demais e impraticável, o que despertou a ação dos nacionalistas turcos que se negaram a aceitá-lo, passando a defender a independência da Turquia. Em resposta a tal partilha surge a figura do mito nacional Mustafa Kemal Pasha, logo renomeado Ataturk (Pai dos Turcos), mobilizando o nacionalismo turco e reorganizando parte do extinto exército otomano na Anatólia.

Wikimedia Commons/Cumhuriyet
Os quatro signatários do Tratado de Sévres, que entrou na história ao por um fim ao Império Otomano, em 1920

Vitorioso na luta da independência, que resultou na expulsão das forças aliadas, Ataturk funda a República da Turquia em 1922, tornando-se seu primeiro presidente. Muda o nome de Constantinopla para Istambul e transfere a capital para Ancara, no centro do país, além de extinguir os vestígios do sultanato otomano ao exilar o último sultão.

O tratado de Lausanne de 1923 reconheceu a Turquia em suas atuais fronteiras. Ataturk implantou reformas radicais no país: tornou a Turquia um país secular; unificou o sistema educacional e fez com que o turco passasse a ser ensinado no alfabeto latino em vez do persa-árabe, com o intuito de se alfabetizar a maioria da população; baniu o uso do véu feminino nas universidades e em locais públicos e concedeu às mulheres direitos civis iguais aos homens; aboliu os trajes típicos que expressavam a hierarquia religiosa e social dos cidadãos.

Para Ataturk, o fato de a Europa cristã ter tido sua super-estrutura (leis, escolas, comércio) drasticamente alterada por eventos como o Renascimento, o Iluminismo e a Revolução Francesa estabeleceu a diferença com o mundo islâmico, que preservara suas próprias estruturas em que a religião ainda determinava o funcionamento da sociedade e se constituiu na causa real do fim do império otomano.

O fato de tais reformas terem ocorrido muito rapidamente e sem consultas maiores aos líderes das antigas estruturas causou e ainda causa certa tensão entre uma sociedade mais modernizada, visível nos grandes centros urbanos, e outra mais apegada aos antigos costumes, no interior e em povoados afastados, que não as absorveram por completo. 

Cerca de 85% dos atuais 70 milhões de habitantes do país são turcos étnicos, 97% islâmicos, sunitas em sua maioria. Quatro milhões e meio vivem na capital Ancara e cerca de 12 milhões, vivem no coração cultural e econômico do país, na área metropolitana de Istambul.

Cerca de 12 milhões de turcos vivem fora do país, 3 milhões só na Alemanha. Persistem ainda três fontes de tensões internacionais: o conflito com a Grécia pelo Chipre; as rebeliões da minoria curda (12 milhões) por autonomia no sudeste do país e o reconhecimento turco do genocídio Armênio ao fim da primeira guerra mundial, quando 1.5 milhão de Armênios, que chegaram a compor 25% da população otomana, foram massacrados ou deportados.

(*) A série Hoje na Hist´ória foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.

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