Na noite do dia 2 de abril de 1974, as rádios francesas interromperam suas programações para anunciar a morte do presidente francês Georges Pompidou. Com apenas 63 anos, ele faleceu de um quadro de septicemia, decorrente de um câncer sanguíneo.
Este episódio coincidiu com o final dos Trinta Gloriosos, expressão cunhada pelo economista Jean Fourastié para designar os trinta anos de modernização, crescimento econômico, pleno emprego e progresso social que marcaram o pós-guerra na França.
Embora a enfermidade do presidente já fizesse parte das especulações da imprensa havia um bom tempo, os meios políticos não deixaram de se surpreender com a morte, evidenciando o despreparo de eventuais candidatos a sua sucessão.
Pela segunda vez em cinco anos, Alain Poher, presidente do Senado, exerceria o cargo interinamente, conforme disposto na Constituição.
Nascido em 5 de julho de 1911, em Montboudif, Cantal, Pompidou era à época o único presidente da 5ª República com origens populares.
Sua ascensão se deveu totalmente à escola pública. Aluno da Escola Normal Superior, tornou-se professor de letras. Durante a guerra, não tomou partido entre os governos no exílio, comandado pelo Marechal Charles de Gaulle, e o da ocupação, em Vichy, sob a direção do Marechal Philippe Pétain.
Por ocasião da Libertação, ao tornar-se um conselheiro próximo do general De Gaulle, apoiado por banqueiros, em especial a família Rotschild. De Gaulle o nomearia em 1962 como sucessor do primeiro-ministro Michel Debré. Pompidou se manteria no cargo durante seis anos, alcançando um recorde na história da França pós-revolucionária.
Elegeu-se, em 1967, deputado por Cantal. Pompidou enfrentou com calma e habilidade os acontecimentos de Maio de 1968, levando, apesar dos protestos, a direita gaulista à vitória nas eleições legislativas de 23 e 30 de junho de 1968. O presidente, incomodado e um tanto irritado com seu sucesso, o demitiu em 10 de julho de 1968, colocando em seu lugar o discreto Maurice Couve de Murville.
No entanto, o próprio De Gaulle, derrotado num referendo em 1969 sobre a regionalização, renunciou no dia seguinte à apuração dos resultados.
Diante de uma esquerda dividida, Pompidou candidatou-se representando a direita e se elegeu com certa facilidade para a Presidência da República em 15 de junho de 1969, diante de Alain Poher, presidente interino.
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Pompidou se apresentou como o arauto do desenvolvimento industrial da França
O presidente se apresentou então como o arauto do desenvolvimento industrial da França, com os primeiros investimentos no programa ferroviário de trens de grande velocidade, na modernização da telefonia e na construção de auto-estradas.
O processo de modernização não foi reduzido com a definição do conservador Pierre Messmer como primeiro-ministro, em julho de 1972.
Pompidou deixou a lembrança de uma bonança econômica e social sem precedentes. Alimentava o projeto de uma França de poderio industrial igual ao da Alemanha e ofereceu aos seus concidadãos a perspectiva de uma sociedade tão igualitária e próspera como a da Suécia de então.
Mais que a morte de Pompidou, a crise do petróleo de 1974 poria fim a esse projeto.
Também nesse dia:
1989 – Reunião entre Gorbachev e Fidel esfria em definitivo a aliança entre URSS e Cuba
1453 – Início da tomada de Constantinopla pelo sultão otomano Mehmed II
1801 – Reino Unido destrói frota naval dinamarquesa e vencem a Batalha de Copenhague