No dia 12 de abril de 1204, as tropas da IV Cruzada tomaram Constantinopla, a riquíssima capital do Império Bizantino.
A cidade foi saqueada pelos cavaleiros. Dois mil gregos são massacrados. O escândalo foi enorme em toda a cristandade e marcaria a verdadeira ruptura entre o cristianismo ortodoxo do Oriente e o católico do Ocidente.
Os nobres Louis de Blois, Thibaud de Champagne, Balduíno de Flandre e Eudes de Bourgogne responderam com entusiasmo ao apelo do papa Inocêncio III. No entanto, enviaram para o combate apenas dez mil cavaleiros, e não os 30 mil que prometeram.
O papa decide tomar os portos egípcios, pulmão do mundo árabe, como meio de obter de volta Jerusalém, na época sob o jugo do sultão Saladino. Para o transporte marítimo das tropas, fez-se apelo aos mercadores venezianos.
O doge Enrico Dandolo, que governava a República de Veneza, fixou o preço do transporte em montante considerável – 85 mil marcos de ouro – mais a metade do butim, ou seja, o saque da guerra.
Os cruzados tiveram dificuldades para reunir a soma pretendida. Os venezianos, financiadores da jornada, propuseram uma redução do preço em troca de um pequeno serviço: conquistar o porto cristão de Zara, sobre a costa da Dalmácia, e lhes entregar o domínio.
Em 24 de novembro de 1202, a cidade de Constantinopla capitulou. Os habitantes cristãos tiveram a vida preservada, mas seus bens foram saqueados e divididos entre cruzados e venezianos. O papa, contrariado, enviou uma bula de excomunhão para ambos os lados.
Os embaixadores do rei da Alemanha se apresentaram em Zara e explicaram ao doge e aos chefes cruzados que o imperador recebera um apelo de socorro de seu cunhado, Alexis Ange, filho do antigo imperador bizantino Isaac II Ange, destronado por seu irmão. Sugeriram aos cruzados que devolvessem o trono a ele. Ange prometeu em troca 200 mil marcos de prata e apoio militar na marcha contra o Egito.
Muitos cruzados julgaram que a traição havia ultrapassado os limites e preferiram voltar para casa. Todavia, outros cederam e ocuparam Constantinopla em 17 de julho de 1203.
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Evento ficou conhecido como Cerco de Constantinopla
Com a cruzada, os venezianos queriam acabar com entraves ao comércio no império bizantino, que atrapalhava seus negócios. Com ajuda dos cruzados, o doge derruba o imperador Alexis III e ascende seu sobrinho ao título de Alexis IV. Mas este, tido por traidor pela população, se mostrou incapaz de impor autoridade.
Alguns meses mais tarde, a população se rebelou contra os cavaleiros ambiciosos vindos do ocidente. Os cruzados atacam novamente em 12 de abril de 1204, para novo saque da cidade.
Após esse assalto de extrema brutalidade, os cruzados derrocaram o imperador e instalaram no poder um dos seus aliados, o conde Balduíno de Flandre. Tornou-se o primeiro chefe do Império Latino do Oriente, sob o nome de Balduíno I. Rompeu com a administração relativamente moderna do império grego e a substituiu por um mosaico de principados feudais.
Os venezianos ficaram com a maior parte dos ganhos dessa ação militar ancorada no discurso religioso. Os principais portos, as ilhas, uma franquia comercial em todo o império e o monopólio da eleição do patriarca terminaram em suas mão.
Todavia, a conquista latina foi bastante parcial. A desorganização de Constantinopla levou à constituição de diversos reinos gregos independentes .
Théodore Lascaris, por sua vez, genro do imperador Alexis III, restabeleceu um império bizantino na Ásia Menor, em torno de Niceia. Foi escolhido imperador e, a partir de então, não cessou de tentar reconquistar Constantinopla e de perseguir os latinos.
Também nesse dia:
1945 – Morre Franklin Delano Roosevelt
1961 – Gagárin faz a primeira viagem de um homem no espaço
1927 – o Kuomitang de Chang Kai-sheck lança ofensiva contra a insurreição de Shangai
1803 – Lei de 22 Germinal ano XI interdita as reuniões de trabalhadores e proibe os sindicato